Anderson Duarte Silva
O texto que começo a escrever nada mais é que um atestado de minha sandice, de minha burrice e da falta de amor próprio. Com esses sentimentos nos últimos tempos tenho acompanhado o Coritiba.
Sou sócio, mensalidades sempre em dia, débito automático. E até o começo de 2016, assíduo frequentador do Couto, das discussões e cervejas na Mauá antes dos jogos com os amigos, da conversa no bar, de acompanhar a todos os programas esportivos e jornais que falavam, falam do Coxa. De uns tempos para cá, muita coisa me faz realmente refletir até quando vou, ou vamos, suportar os sentimentos supracitados. Viramos chacota, há muito tempo.
No ano passado tivemos partidas em horários patéticos, para não usar termos mais agressivos, impedindo a vontade de ir ao estádio para ver a trupe que veste a camisa que tanto amamos, esse era apenas um dos motivos, sejamos claros. Contratações bizarras, pontes chinesas, pênaltis perdidos e goleadas que nos ridicularizaram. No entanto, permanecemos com um número razoável de sócios, movidos por um amor incondicional (burro, sem dúvidas e sem reciprocidade).
Aceitamos erros crassos, relevamos, como Dados jogados à torcida, Kleinas, Chamuscas, Guerras(Coloridos ficam em outra parte da cidade, caro político). Queima de ídolos e tantas outras besteiras que aqueles que deveriam ver, que tem o poder de mudar, que pedem para que continuemos sócios, só fazem piorar.
Entra ano, sai ano, a conversa permanece igual. Nossos sentimentos de amor, nutridos pela história não recente, pelas cores – compreendo que um time apenas não pode ganhar sempre, mas também não pode se ridicularizar – tentam se renovar. Pensamos, otimistas- bocós, "esse ano vai dar, vamos brigar por alguma coisa", tentando nutrir a esperança. Porém, começam pipocar nos noticiários nossas facetas, dia-a-dia, não preciso citá-las. E os nossos corações mais uma vez se sentem traídos. Come se um filho, um pai, uma mãe, marido, ou esposa fizessem algo que nos aflige. Perdoamos, perdoamos, perdoamos. Mas isso vai nos minando por dentro. E um dia o perdão não virá mais, pois até os bobos, até os bobos, se enchem.
E eles os espertos se perpetuam no poder. Com um estatuto que os protege. Seguindo a passos largos para o ostracismo ou mesmo para o fim. E nós, os bobos, continuamos sócios. Pobre e velho Coritiba. Que amamos, mas estamos imensuravelmente cansados.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)