Arquibancada
O Coritiba anda parecendo aquelas famílias tradicionais, cheia de podres, onde todos sabem da vida de cada um. Onde houve respeito até certo momento, mas de uns tempos pra cá resolveu chutar o balde e sobrou quase nada de bom. Não ficou nem o respeito pela tradição que já teve um dia. Ainda é uma grande família, numerosa, mas desarticulada, desrespeitosa, sem orgulho de carregar o nome que sempre carregou por mais de 100 anos de tradição histórica. Nos culpamos, nos responsabilizamos pelos erros. Apontamos fracassos, discordamos fácil, mas ninguém dá um caminho melhor.
Uns porque não sabem mesmo o que fazer, outros porque estão aí para fazer barulho, a maioria nem sabe direito do que se fala, mas também precisa dar seu palpite. Outros porque já se encheram de ouvir esta conversa de tradição, que para os problemas atuais não trás nada de bom. Não há solução aparente para resolver os problemas de agora.
Os cabeças da família parecem os mais perdidos, tocando o barco contra a vontade da maioria. Pior é ver a outra família que sempre esteve à esteira desta, contar uma história de trapaça, mas de sucesso, crescendo e cada vez mais sólida.
Da nossa família só restou mesmo a tradição, mas que nem nós a respeitamos mais. Brigamos internamente, não concordamos com nada, andamos sempre de mau humor, procurando alguém com o mesmo sobrenome para discordar.
Caminhamos para a um buraco ainda maior, ou com uma meia dúzia de gatos pingados, de velhos senhores, em encontros de final de semana, para uma canastra, sem muita conversa, porque se alguém abrir a boca rola discussão. O encontro é só para jogar baralho mesmo, para ter o que fazer.
Temos uma casa, mas nem a casa serve mais. O olho cresceu no quintal do vizinho onde a grama é mais bonita. Preferem achar defeitos em nossa casa que já disseram ser um templo sagrado. Preferem correr atrás da modernização, pregam o fim dos tempos dos velhos casarios, para acompanhar os suntuosos templos das famílias tradicionais, construídos numa época que também já passou. Agora é tarde...
Vivemos sem dinheiro, porque não planejamos o futuro. Não temos planos de saúde e dependemos do SUS, mas ainda damos uma de bacana, frequentando shopping caro, salão de beleza caro, andamos de carrão... Desfilamos junto com a elite, sem mais ser elite.
Estamos ruindo e ruiremos ainda mais com esta empáfia, com esta mania de grandeza, que não temos mais. De achar que sempre temos razão e achar que a história, a tradição precisa ser respeitada. É preciso mais que humildade neste momento. Quem sabe união e muita inteligência, possam nos tirar deste pior momento que vive esta família em sua centenária história.
Que desta tradição, ainda reste a força que precisamos para sair deste buraco. O caminho é o amor de todos por esta família que chamamos de Coritiba Foot Ball Club.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)