Futebol: Razão x Emoção
Existe uma regra não escrita entre os cronistas esportivos que preconiza não ser de bom tom revelar para qual time torcem. O motivo de tal norma seria evitar exposição indevida destes profissionais bem como garantir, ou dar a impressão de uma imparcialidade ao trabalho.
Penso, entretanto, que seria melhor que os comentaristas e repórteres fossem declaradamente torcedores dos times que cobrem. Assim quem sabe gozassem de mais confiança, e não seriam os caçadores de tragédias que hoje são.
Quando errassem, estes profissionais que antes de tudo seriam apaixonados por seus clubes, o fariam por paixão, por estarem entorpecidos de emoção, e não pela arrogância causada por ter o microfone entre os dedos, ou por que recebem “jabás” deste ou daquele dirigente.
Salvo raríssimas exceções, os comentaristas esportivos são ruins. Fracos mesmo. Se entendem de futebol não conseguem se expressar, se conseguem se expressar não entendem de futebol. Os ex jogadores que comentam são sofríveis. Repetidores de opiniões de narradores, ou meros descritores da realidade. Como um replay em palavras. Os ex-árbitros que comentam futebol são os piores, os mais sádicos e injustos. Com suas falas pausadas e ancoradas em minutos de imagens de vários ângulos, simulam uma autoridade inexistente e criticam os colegas de profissão, sendo que, quando em campo, faziam até pior.
Os tais cronistas - como dia o Hino de Duran - insuflam, agitam e gritam demais - dando sempre ênfase ao lado negativo. Tudo, claro, sob o manto da imparcialidade e o subterfúgio de que o fazem por respeito ao torcedor. Será mesmo?
Mesmo sem ser paranista, fiquei extremamente triste e envergonhado com a execração pública da instituição pós queda à Série D.
Por falta do que falarem sobre o competitivo e superavitário atlético, a imprensa deu a criticar o rodízio feito pelo português que acabou caindo. Sendo que o gajo fazia miséria com o pobre elenco que tinha.
Quando falam do Coxa percebemos que os comentaristas sempre tendem a fomentar a discórdia. Cada vez que nós torcedores, nos programas esportivos, mandamos mensagens ofensivas ao treinador, jogador, alimentamos crises inexistentes e aumentamos climas de desconfiança que não existem. E eles nos conhecem, sabem que somos chatos e exigentes, sabem que, se derem trela, já, já estaremos atacando tomates no ônibus do time. Sabem que nós somos o tipo de torcida que vaia o líder do campeonato e cutucam nossas feridas até nos fazer gritar.
Reparem bem, não se trata de exigir qualquer mudança de comportamento da imprensa, muito menos tentar calá-la ou censurá-la. Esta deve ser totalmente livre, inclusive para ser ruim e alcoviteira.
Nossa postura diante da cobertura é que deve ser diferente. Não é porque o “cara” está em uma rádio ou TV que ele entende do que está falando. Não é porque ele tem trezentos anos de futebol, ou de reportagem que ele está certo. “Qualidade não tem idade.” E mais, não é porque tem um cargo que lhe permite falar com muita gente de uma vez só, que ele é formador de opinião.
Eles são opinadores. A opinião é formada por quem os ouve, por quem os vê e por quem os lê.
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