Sou torcedor do Coxa desde que nasci e por 26 anos morei no Alto da XV, bairro vizinho ao Estádio Couto Pereira. Em meados de 2008, recebi uma proposta de trabalho em Florianópolis e resido aqui na Ilha até hoje. Quando eu morava aí, por muitas vezes eu prometia que não ia no jogo, porque o time estava mal, ou porque estava chovendo demais, mas era só olhar as luzes do estádio acesas que eu subia a Ubaldino e em 10 min tava lá. Eu tinha uma turma de amigos de jogo que não se comunicava durante a semana, cerca de 6 a 10 pessoas, mas todo jogo estava lá, debaixo da torre na Rua Mauá. Na alegria e na tristeza estávamos lá. Hoje, frequento o estádio com muito menos frequência, por causa da distância, mas sempre que posso, vou visitar a família e visitar o verdão. Como a minha mãe diz: "... Você vai vir nessa semana? Já sei, tem jogo do Coxa né? Sabia! ... "
Já vi muito Coritiba ruim e já vi muito Coritiba bom, como aquele que conseguiu aquela sequencia de 24 vitórias consecutivas e o que chegou a 2 finais de Copa do Brasil. O time desse ano não era excelente, longe disso, mas teve uma virtude e vou dizer qual é na sequência.
Tá e daí? Mas porquê escrever isso?
O time montado pelo Pastana e Samir para esse ano não chega aos pés daquele time que chegou as finais de Copa do Brasil, porém foi um time ajustado para a Série B. Esse ano, poucos jogadores que foram contratados não jogaram, como nos anos anteriores, mas esse time teve um diferencial que não era qualidade técnica e nem jogava bonito, pelo contrário, muitas vezes jogou por uma bola, porém teve um fator que eu não via a anos, que é a identificação do time com a instituição Coritiba. Os últimos times do Coritiba sempre foram muito passivos, tristes e jogadores descompromissados, porém o desse ano, puxado por alguns atletas foi um time identificado e que realmente honraram o manto alviverde.
São eles:
Giovanni:
O Giovanni pra mim é um exemplo de gana, de jogador que comprou a idéia, que levou bronca, foi cornetado (com razão) muitas vezes, entendeu o recado e assumiu um protagonismo em campo. O cara levanta a cabeça igual a um galo de briga, se impõe, peita o adversário, dá tranco quando é preciso, devolve pancada, defende o grupo na confusão, cobra o juiz, chuta bem e ainda deu várias assistências nessa reta final. Pra mim, é um dos símbolos dessa identificação. No banho do presidente, na comemoração, dava para ouvir a voz dele no fundo, "...eu quero ficar, eu quero ficar..". Tem bola e caráter para ficar, tomara que renove.
Rafinha:
Jogadores como Rafinha, que mesmo jogando no limite da dor, fez excelentes partidas e foi muito importante, mostrou ao restante do elenco a importância desse clube, já que decidiu largar o Cruzeiro, recusou outras propostas para voltar ao clube de coração, que em um mundo de muito jogador mercenário, ele usou o final da carreira dele para ser feliz e agradar a família que é apaixonada pelo time e pela cidade. Pra mim é símbolo dessa identificação. Tomara que não pendure as chuteiras e faça mais uma temporada no nosso verdão.
Muralha:
Jogou o ano todo pressionado, tendo como sombra, a responsabilidade de substituir o Wilson. Sabia que se falhasse alguma vez, por menor que fosse a falha, jogaria fora o ano todo e poderia até encerrar a carreira, porém, conseguiu finalizar o ano por cima, passou sem falhas e foi um dos responsáveis diretos pelo acesso do Coritiba. Todos que já passaram por momentos delicados, seja na vida esportiva ou profissional, sabem como é ruim trabalhar pressionado um mês, agora, imagine um ano todo e o cara ainda conseguiu dar a volta por cima. Tomara que renove.
Restante do time:
O restante do time foi muito bem, Sabino, Matheus Sales, Nathan, Juan Alano, Serginho, etc, não cabe aqui citar as qualidades de todos, mas foram muito voluntariosos e respeitaram as tradições do Coritiba.
Título do texto + Gurizada da base:
Para responder o título do texto, eu citei alguns jogadores que me representam nessa questão da raça e identificação, principalmente, Giovanni e Rafinha que não foram formados no clube, somados a gurizada da base, que além de futuras promessas, no caso do Luizinho ou Luiz Henrique, Igor Jesus e Mateus Bueno, se mostrou serem torcedores do Coritiba. No dia da festa, no retorno para casa, tiveram seus stories compartilhados e fizeram o que a muitos anos não se via no Coritiba. Cantaram músicas da torcida, cantaram o hino do clube e tiraram onda com rivais. A gente só estava apanhando nos últimos anos e eles finalmente bateram, tiraram sarro, zoaram e nos representaram. Foi muito bonito de ver essa identificação da gurizada da base com as musicas da torcida, o que nos dá a esperança de que ainda há amor ou pelo menos reconhecimento e gratidão pelo time que os formou e que eles defendem. Que sejam Mirandas, Alex e até mesmo Rafinhas que rodaram o mundo e nunca esqueceram do clube de coração.
Para quem não viu os stories, segue aqui os links:
https://www.instagram.com/p/B5gtEjPFE4b/?igshid=rfuoly85qki8
https://www.instagram.com/p/B5gjWZnlgu2/?igshid=108qjw3g0lvaa
https://www.instagram.com/p/B5gjQAVFPIP/?igshid=1etut8vdbqlhp
Que ano que vem, esses que permanecerem possam contagiar os novos contratados com essa mesma energia, para que essa identificação, respeito e vontade de vencer seja a chave para um novo Coritiba, um Coritiba que vai se impor e brigar de igual para igualcom os grandes e aliado a torcida que nunca abandona, possa buscar vôos mais altos em 2020.
SAV
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)