Me chamo Mauricio Brunetti e venho através deste demonstrar o meu profundo lamento em relação ao Coritiba. Não é um lamento atual, é um lamento que já dura alguns anos.
Vou fazer delinear meu descontentamento de uma forma um pouco incomum da maioria dos torcedores:
O sentimento de não pertença: O Coritiba nas últimas décadas se consolidou como um clube que não tem interesse em seus torcedores. Uma prática destrutiva que irá arruinar(ou já arruinou) nosso clube. O torcedor, que já não vê luz para grandes aspirações internalizou o sentimento de não pertença. Ele deposita as esperanças num grande capitalista, num grande empresário para que esse tipo de gente possa estar à frente do clube. Esse sujeito, na IMENSA maioria da vezes, é interessado numa única causa: retorno dos investimentos. O torcedor, que antes optava por pessoas com ligações históricas com o clube, hoje prefere uma pessoa que está disposta a fazer do clube um balcão de negócios.
O sentimento, uma das poucas coisas honráveis que permeiam o futebol atualmente, é secundário. O sentimento de pertença, que ainda resiste em alguns clubes tradicionais, é o resultado de torcedores que estão de acordo com a realidade do clube. Essa realidade, a nossa realidade é tal, que, precisamos com a máxima urgência resgatar algumas coisas para que possamos traçar algumas metas para que o Coritiba volte a respirar e resista:
1 - Nossa realidade hoje é mediana. Bem mediana. Mas não ao ponto de ficarmos planejando conquistas do Paranaense como algo superior. Se ganharmos mais um título do estadual, beleza. Nada entusiástico. Se perdemos, um sinal de alerta. Nada fatalista.
O que vemos no Coritiba é uma massa carente: carente de grandes feitos, carente de conquistas e com isso, ficamos tentando encontrar num título de Paranaense de 1999 um grande significado. Foi um uma conquista importante? sim! É digno de grandes feitos? Talvez. É digno de abordagens e significado? Não.
O que podemos guardar na memória é uma imponência frente aos grandes. Fazer frente à eles como fez e faz o clube lá de baixo. Esse tipo de exemplo vindo deles deveria servir como lição para nós.
Por sermos medianos, e reconhecendo o que somos, podemos assim seguir uma linha para planejar algo no futuro. Nossa torcida é tão sofrível que, um título de Sulamericana é visto como segunda linha. Muitos torcedores negligenciavam nossa passagem por ela. Somos um poço de miséria.
Um desbravar na sulamericana. Uma participação na libertadores é algo digno de memórias e feitos históricos.
2 - Precisamos de EXEMPLOS. E alguns exemplos estão em países próximos. Muito se fala de uma nova investida do Coritiba quanto a um estádio novo. O Couto, apesar de ser um templo. não durará eternamente. Nossos arquitetos não foram romanos nem gregos. Por isso, se um dia aspirarmos na construção de um estádio, olhemos para 2 clubes em especial: Peñarol e Estudiantes de La Plata. Ambos super campeões, ambos gigantes do continente. Ambos, com construções de estádios modestos, sem coisas desnecessárias. Estádios repletos de "vida", contrariando essas modernidades mirabolantes que transformam os torcedores em seres distantes da vida do clube. Ambos os clubes possuem torcidas vivas e participativas do clube.
As administrações dos clubes argentinos em especial também é algo importante. Vários os administradores fizeram parte da torcida. Vários foram os que fizeram o folclore ainda permanecer vivo nos clubes, nas torcidas e no espírito. Vejam os exemplos publicitários deles, sempre GENIAIS. Sempre carregados de significados.
Seus jogadores possuem uma mentalidade de identificação com o clube. Aqui os mamelucos com seus bonés imbecis, suas péssimas músicas transformam o clima do vestiário e clube em geral numa bagunça. Um clima deprimente, uma confusão de uma falsa "alegria"(como se batucar uma pandeiro no vestiário fosse trazer grandes alentos no campo). Enquanto a maioria dos clubes portenhos são constituídos de personalidades fortes, enigmáticas; aqui a impostura e imaturidade prevalece.
Mais um exemplo dos países vizinhos: os uniformes. Marcas próprias é coisa de clube pequeno. Isso é se apequenar! Isso é coisa de clubes nível Gama. Grandes e médios clubes sempre terão a imponência das grandes marcas. Desprezamos a Diadora e Lotto e tivemos uma empolgação infantil com Nike e Adidas. A Kappa faz belíssimos uniformes para os clubes argentinos. A própria Èrrea é uma baita marca. Poderíamos optar por algo do tipo, uma exclusividade. Já que a maioria são marcas gigantes. Não precisamos de gigantes, precisamos de marcas fortes e que respeitem um clube centenário como o nosso. Fila, Kappa, Puma, Le Coq Sportif seriam belíssimas fornecedoras.
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3 - Resgate cultural e fomentação do folclore. O clube mais teuto do mundo fora da Alemanha é Coritiba e isso, incrivelmente, não significa nada para quem entra e para quem sai do clube. Uma GIGANTESCA forma publicitária, uma gigantesca capacidade de angariar marketing, uma gigantesca fonte de investimentos simplesmente tratada com pouco mais que "a história dos imigrantes germânicos". Percebam o quanto o Palmeiras absorve das suas origens Italianas. Quantos patrocínios não conseguiram... Conseguiram por que deixaram sempre bem visíveis suas origens Italianas. O Cruzeiro, não sendo bobo, já deu sinais de trazer seu passado Italiano para o clube. O Palestra já está inserido na mentalidade torcedora do clube mineiro.
Nós absorvemos pouquíssimos dessa riqueza germânica. E olha que há histórias, dentre os fundadores, a maior expressão do significado Coxa-Branca e o fundador do mascote retratando o velhinho germânico na fria capital capital Paranaense. Max Kopf. Raros são os que o conhecem.
Se não somos capazes de ascender ao campeonato estadual, temos, mais que a obrigação de resgatar esse lado cultural e fomentar certos elementos folclóricos nos torcedores. O sentimento de não pertença está impregnado no torcedor Coritybano. O sentimento fatalista carente também. Pra remediar tais doenças, aspectos culturais envolventes ao clube, uma renovação quanto ao folclore do torcedor nas arquibancadas para que o torcedor não veja a conquista de um título um fim em si mesmo. Que as conquistas possam vir, mas se não vierem, o orgulho não seja abalado.
4 - TRADIÇÃO sempre será superior aos modismo. Se usei alguns exemplos positivos, agora liso os negativos: um deles é o CAP. Tirando sua gana de vencer e não se rebaixando frente aos grandes, sua estrutura moderna não pode servir para nós. Nós não somos frutos da modernidade, somos frutos da tradição.
"Somos aquilo que sonhamos ser".
Forte abbraccio, equipe Coxanautas.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)