Sergio Murilo E.
Coritiba, 29 de abril de 2018, domingo, meio de uma tarde de sol raro.
O jogo da bola do venerável sagrado na última sexta - feira poderia ter me deixado mais infeliz se a bola do pobre adversário tivesse seguido o seu destino, que era, quase que inevitável, o caminho de nossa rede.
Mas, desta vez o peixe não caiu na rede e a sorte, esta que dizem não existir, voltou, como em alguns breves momentos no último ano, a privilegiar a camisa mais pesada, o que não é tão estranho e tão bizarro no incomparável mundo do futebol.
Nem tanto, mas fiquei mais otimista, como tenho ficado, nos trabalhos progressivos, desde que haja evolução.
É preciso desenvolver uma ideia de jogo institucional.
Isto já aconteceu no passado e foi esquecido, quando os times de futebol relevantes tiveram uma cara, um jeito de jogar, que se fazia amoldar aos jogadores que se juntavam a qualquer destes poucos históricos deste país.
Nosso time tinha uma cara, todos os históricos tinham.
Este desenvolvimento se fazia de acordo com a característica de cada povo, de cada região, de cada jeito de ver o jogo. Consequentemente se refletindo em cada gesto, em cada ação, em cada movimento, dentro e fora de campo.
Chama-se a isto de identidade.
E preciso desenvolvê-la e cultivá-la. E patenteá-la como escola. Isto foi perdido, para os clubes históricos do país. Talvez imitando o próprio país que se perdeu nos caminhos de uma libertinagem explicita travestida de democracia pretendida.
Enfim, a sociedade civil contaminou o povo da rua e o povo da bola, fazendo muito mais mal do que bem para o desenvolvimento de uma cultura nacional.
Não basta subir de divisão. Embora esta seja a maior necessidade institucional a nível emergencial.
O sucesso e a consequência do processo e de como este e trabalhado a médio e longo prazo. Raso seria resumir o futuro apenas a observação do jogo, dos jogos, do campeonato, até aqui, mas e a partir destas observações que se chegam as conclusões dos melhores caminhos a se construir.
Ao contrário dos arautos do desespero, entre os quais, contaminado muitas vezes, me inclui, gostei até do que foi ruim nesta última sexta feira, péssimo que se repetiu, mas que não se converteu em derrota, que é o fator desestabilizador de qualquer trabalho diretivo, mesmo contestado, e, claramente, não apoiado de minha parte, pelos conceitos declarados de convicções fechadas, sem planos alternativos, pouco republicanos, bastante ditatoriais, pela própria história pessoal dos responsáveis pelos destinos do clube.
Mas, também ao contrário de nossa torcida organizada, que, estranhamente, torce para si própria e não para o clube, meus pensamentos, intenções e gestos, só tem um destino, que é o clube.
Mas, serei feliz nestas sextas?
Dependerá muito da construção de um projeto vencedor, que não tenho certeza ainda, que tera condições de ser construído pela atual administração.
Dentro de campo, Batista e Tcheco tem condições de tirar o melhor do pouco que lhes ofereceram. Se vai acontecer a vitória ao final, não sei. Mas, agora, para esta realidade, acredito que podem fazer este serviço dentro de campo.
Mas, se não houver a segurança externa do projeto de identidade mais adequada a história do glorioso, sucessos pequenos poderão acontecer, mas não se sustentarao ao longo do tempo e, se refletirão pelo retorno à situação atual que não aproveitou a nossa melhor chance de subida de patamar que foi em 1985 e que foi soterrada em 1989, e outra nao houve, nem em 2011 e em 2012, que foram espasmos transitórios dentro de campo, não acompanhados por evolução administrativa no sentido de se construir uma escola de futebol.
Dentro de um processo evolutivo, continuo observando esperançoso pela felicidade do desenvolvimento sustentável de um processo de identidade regional que se reflita em sucesso duradouro, com o desenvolvimento de processos de controle que impeçam retrocessos ao ponto em que nos encontramos hoje.
Enfim, um amanhã que não nos faça esquecer o bom de ontem e o ruim de hoje.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)