Editorial
O vexame em casa contra o Santos foi apenas mais um dentre tantos na vida do Coritiba nos últimos anos. Não tem sido novidade para ninguém que o clube não consegue atingir um patamar mínimo a ponto de orgulhar o seu torcedor. Pelo contrário, entra ano, sai ano, mas o filme é sempre o mesmo, um roteiro repetitivo, no qual constantemente mudam-se os personagens, mas a história tem início, meio e fim iguais.
A torcida Coxa-Branca, aquela que nunca abandona, não merece ser tão maltratada assim. Justo ela, que sempre está ao lado do clube, que canta, que apoia, que incentiva, que faz no Couto Pereira a festa mais bonita já vista em um estádio no Brasil, que atendeu ao chamado da diretoria e se associou, em números nunca vistos na história do Coritiba.
Mas o que ela tem ganho em troca nos últimos anos?
O torcedor deu todo respaldo à diretoria atual, acreditou nas promessas de campanha. Nas urnas, mais de 75% dos sócios deram seu voto de confiança à chapa capitaneada pelo saudoso Renato Follador. No tão polêmico assunto Sociedade Anônima do Futebol, mais de 95% dos associados que votaram acreditaram no projeto da diretoria para a recuperação do clube. Quando convocados a se associar, os torcedores, mais uma vez, atenderam ao chamado e chegamos ao expressivo número de 42 mil sócios adimplentes. Tudo isso por acreditar que desta vez seria diferente. E ainda acreditamos, mas não da maneira com que as coisas vêm se desenvolvendo neste momento.
Como sempre, o COXAnautas está ao lado do Coritiba. Por acreditar no trabalho da nova diretoria, evitamos críticas não construtivas, fomos tolerantes em meio a resultados ruins, entendemos a vexatória e lamentável eliminação na primeira fase do Campeonato Paranaense de 2021, demos um voto de confiança por ter a consciência de que o Coritiba Foot Ball Club precisava passar por uma grande reestruturação, para que pudesse sair do enorme buraco onde foi colocado após várias gestões muito ruins. Mas tudo tem limite. Estamos vendo de fora, mas sempre atentos, o time regredindo cada vez mais e não podemos mais nos calar, sob pena de vivenciarmos um novo rebaixamento, caso medidas urgentes não sejam tomadas por aqueles que foram eleitos para comandar o clube.
Dentro de campo as coisas não têm funcionado como o torcedor esperava. Chegamos ao cúmulo de ser donos da pior campanha fora de casa entre os 20 clubes que disputam a Série A, com um lamentável aproveitamento de 7%, números que por si só já mostram a necessidade de um diagnóstico mais profundo sobre o que acontece quando o Coritiba joga longe de seus domínios. Não seria engano dizer que a situação no Brasileirão só não é pior por conta do que o torcedor Coxa-Branca tem feito quando os jogos são dentro do Couto Pereira. A impressão que temos é que possuímos um grupo de jogadores que só rende quando está com “bafo da torcida” em sua nuca.
Agora, perdemos o principal jogador da equipe, que deverá fazer uma falta muito grande nas várias decisões que teremos neste Brasileirão. Já vimos o que aconteceu quando perdemos anteriormente um jogador que vinha sendo o ponto de equilíbrio do time na meia-cancha. Já se passaram mais de quatorze jogos sem Andrey, e ainda não conseguimos encontrar um substituto para ele. Tememos muito pelo prejuízo que a ausência de Igor Paixão poderá trazer ao time, se a inércia em achar uma solução for a mesma no caso do meia.
Me surpreendi com o esforço em reforçar o time na reabertura da janela, é verdade. Não esperava a vinda do que mais de quatro ou cinco jogadores. Alguns nomes surpreenderam positivamente, mas é preocupante a grande aposta em jogadores estrangeiros. Não pela qualidade deles, mas sim pela dúvida se eles conseguirão se adaptar rapidamente à equipe. E isso será fundamental, pois precisamos de jogadores para jogar de imediato e não para ficar se adaptando ou no Departamento Médico, como no caso do goleiro recém-contratado.
Por falar nisso, a torcida anseia por notícias em relação a alguns jogadores que foram para o Departamento Médico e deles não se tem notícias alguma. A impressão é de que as questões físicas se tornaram algo muito obscuro no Coritiba, e me lembro muito bem que a transparência nas informações que interessam ao torcedor era uma das plataformas de campanha da diretoria.
Despertem enquanto há tempo, mesmo que ele seja extremamente curto, afinal faltam apenas dezessete jogos para o fim do Brasileirão. Um novo rebaixamento será fatal, não só no aspecto financeiro, mas principalmente no emocional do torcedor Coxa-Branca. As gerações que estão se acostumando a temporadas fracas, diretoria após diretorias continuarão como sempre ao lado do Coritiba, mesmo que a cada ano vejam suas forças e motivações se esvaindo em meio a tantas decepções, mas e qual será o futuro do clube se as novas gerações que estão vindo dificilmente torcerão para um clube que vem se acostumando a colecionar fracassos e machucar o ego e o orgulho Coxa-Branca.
Acreditamos que projetos a longo prazo, como o proposto por esta diretoria, são ações que possibilitam maiores chances de resultados efetivos, coisa que não acontece no Coritiba há anos, mas mesmo os projetos, por mais consolidados que sejam, necessitam sempre de alterações e correções a serem feitas no decorrer da execução. Se não querem mudar pessoas, então corrijam os erros com a devida urgência que a situação exige. E isso se faz extremamente necessário neste momento. Não podemos mais nos calar perante tamanha mediocridade que estamos vendo dentro de campo.
Passou da hora de mudar o caminho da rota que o Coritiba está tomando, ou, então, no ano que vem, mais uma vez, a torcida estará cantando a plenos pulmões: Vamos subir, Coxaaaaa!
Demos o voto de confiança a vocês, não nos decepcionem!
Ricardo Honório
Editor do COXAnautas
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)