Memória Coxa-Branca
Por: Felipe Rauen
Na recuperação da memória do Coritiba que o COXAnautas faz neste espaço, não poderia faltar a lembrança do mais vitorioso presidente de nossa história, Evangelino da Costa Neves.
Nascido em Santos, no dia 09 de novembro de 1925, aportou em Curitiba em 1944, quando começou a trabalhar no ramo de seguros e depois abriu uma transportadora. Logo se tornou sócio do Coritiba onde se destacou no departamento de relações públicas. Em 1967, o presidente do Coritiba, Lincoln Hey, se afastou e o Conselho Deliberativo escolheu, para um mandato-tampão, o Evangelino, que depois foi eleito presidente para o mandato que se seguia.
Em 1967 já começou a mostrar o homem de visão que era. Ousado, trouxe para jogar em Curitiba o Atlético de Madrid, que o Coritiba venceu por 3 x 2, e a seleção da Hungria, que no ano anterior vencera o Brasil na Copa do Mundo. O Coritiba venceu os magiares, chamando a atenção da mídia nacional para aquele time então considerado de província.
Em 1968 alcançou o seu primeiro título estadual vencendo ao Atlético, que montara um time com ex-jogadores da seleção brasileira, em um campeonato que até hoje é considerado o mais emocionante da história, tanto que decidido por um gol nos acréscimos do segundo jogo contra o rubro-negro.
Daí para a frente foi só sucesso. Campeão em 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974 ,1975, 1976, 1978 e 1979. Em 1973 foi campeão do Torneio do Povo, que correspondia a um campeonato nacional, pois participavam as equipes de maior torcida em cada Estado. Em 1980 deixou a presidência, para a qual voltou em 1982 até 1987, quando alcançou o maior título da nossa história, o de campeão brasileiro, feito inédito para clubes de fora do grupo tido como os dos grandes clubes do Brasil. Em 1986 foi novamente campeão estadual, deixando a presidência no final de 1987. Em 1991 voltou a comandar o Coritiba, mas então encontrando muitas dificuldades pois o “canetaço” de 1989, que nos tirara da primeira divisão, abalou profundamente o clube em vários sentidos e então não teve o mesmo sucesso das passagens anteriores.
Evangelino foi também o ousado dirigente que levou o Coritiba a jogar no exterior, nos anos de 1969, 1970, 1973 e 1983. Foi o primeiro clube paranaense a jogar na Europa e África, tendo recebido o título honorífico de “Fita Azul”, em 1972, concedido pelo jornal Gazeta Esportiva, de São Paulo, ao clube que retornasse do exterior sem derrotas. Nessas excursões enfrentou clubes fortes, tais como Hamburgo, Colônia, Borússia Dortmund, Sporting e seleções da Argélia e da Turquia. Ao todo foram 31 jogos, com 13 vitórias, 11 empates e sete derrotas.
Em suas gestões também comandou a ampliação do estádio Couto Pereira, que até então tinha o nome de Belfort Duarte, todo o empreendimento com recursos próprios.
Ao contrário de muitos presidentes, Evangelino interferia diretamente no futebol, contratando pessoalmente jogadores, os quais cativava e o tinham como uma espécie de padrinho ou pai.
Evangelino foi o mais vitorioso presidente do Coritiba e certamente o dirigente mais vitorioso dentre os clubes brasileiros em sua época.
Faleceu em 05 de abril de 2008 deixando eternas saudades nos torcedores.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)