Memória Coxa-Branca
Por: Kerwin Kuhlemann
O Coritiba tem um importante desafio fora de casa no próximo sábado (04), quando enfrentará a equipe do Ceará, fora de casa, buscando se manter no G4 do Campeonato Brasileiro. E o nome desse adversário remete a um grande jogador que participou de um dos melhores times formados pelo Coritiba nos últimos 20 anos. Trata-se de Marcos Venâncio de Albuquerque, o Ceará.
Nascido na cidade de Crato (CE), em 18/06/1980, o lateral direito Ceará chegou ao Coritiba no ano 2002, aos 22 anos, após iniciar sua carreira no Gama (DF) e contabilizar passagens rápidas por Santos, Portuguesa Santista, Santa Cruz e Botafogo (SP). Emprestado pelo time paulista, o lateral foi coadjuvante naquela equipe que ficou no quase, perdendo a chance de classificação para as oitavas de final na última rodada, dando lugar justamente ao Santos que se sagraria campeão daquele ano.
Na temporada seguinte, em 2003, com a saída do lateral Reginaldo Araújo, que se transferiu para o Santos; Ceará assumiu a titularidade da posição e não largou mais. No primeiro semestre, a equipe treinada por Paulo Bonamigo foi pegando corpo aos poucos, e já no certame estadual mostrou que poderia surpreender naquele ano. Ceará, que no início contava com certa implicância da torcida (como quase todos os laterais da época, e de hoje, também), logo foi provando seu valor, mostrando uma grande obediência tática, recomposição defensiva, além de seu principal fundamento: o cruzamento.
Através de Ceará, o Coritiba passou a ter na lateral direita uma das maiores armas ofensivas da equipe, que, com jogadas de linha de fundo e cruzamentos primorosos, servia aos atacantes Coxa Brancas; em especial o centroavante Marcel, que anotou incríveis 30 gols naquele ano. Por falar em gols, Ceará marcou apenas um único tento pelo Coritiba naquele Campeonato Brasileiro, mas foi um gol que ficou conhecido nacionalmente. Jogando contra o Criciúma em terras catarinenses, o Coritiba inaugurou o placar com um bonito gol de fora da área de Ceará, quando o cronômetro indicava apenas 12 segundos de partida. O gol se tornou o segundo mais rápido da história do Campeonato Brasileiro (atualmente é o terceiro).
Numa temporada memorável, o Coritiba sagrou-se campeão estadual invicto sobre o Paranavaí num Couto Pereira completamente lotado, e, ao final da temporada, conquistou a vaga para a Copa Libertadores da América, após 17 anos.
Muito valorizado, Ceará não permaneceu no Coritiba no ano seguinte, e seguiu seu rumo para o São Caetano que chegou à final do torneio continental em 2004. Logo após, se transferiu para o Internacional (RS), onde ficou conhecido mundialmente em 2006, quando anulou ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho na final do Mundial Interclubes, vencido pela equipe gaúcha.
Após seu auge, jogou por cinco temporadas na França defendendo o PSG, e, em 2013, retornou ao Brasil para jogar no Cruzeiro, onde colecionou muitos títulos. Consagrado e já em fase final de carreira, retornou ao Coritiba em 2016, chegando a disputar 21 jogos. No meio da temporada, Ceará recebeu uma proposta de R$ 1 milhão para ser repatriado pelo Internacional (RS), situação surpreendente por se tratar de um atleta de 35 anos, e condição aceita pela diretoria Coxa Branca da época.
Depois desta transferência, Ceará não conseguiu mais se destacar em campo, sofrendo mais frequentemente com problemas físicos. Decidiu encerrar sua vitoriosa e campeoníssima carreira no ano seguinte, em 2017, quando defendia a equipe do América (MG). Desde então, tem exercido atividades de gerenciamento de carreiras de atletas e funções de coordenador técnico, tendo trabalhado em equipes de Minas Gerais.
Ceará ficou marcado na memória da torcida Coxa Branca por ser um atleta discreto, mas que, com muita eficiência defensiva e qualidade nos cruzamentos (atributo tão raro nos dias de hoje), conseguiu ser uma peça fundamental na última equipe que levou o Coritiba à Copa Libertadores da América.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)