Memória Coxa-Branca
Por: Kerwin Kuhlemann
Na história do Coritiba tivemos uma série de jogadores que chegaram ao Clube já veteranos, e que na maioria das vezes não desempenharam bem com a camisa do Verdão. (veja no link matéria do Helênicos que trata do tema)
Mas nesse rol de atletas, tivemos algumas exceções memoráveis, e hoje relembraremos uma delas. Trata-se do jogador Evair, que jogou apenas uma temporada no Coritiba, tempo curto, mas suficiente para o experiente atacante desfilar toda a sua qualidade e categoria.
O consagrado atacante, que chegou ao Coritiba no alto de seus 36 anos, era visto como a principal contratação da temporada 2001. Apesar do seu inquestionável repertório técnico, pairava sobre a torcida a dúvida se a idade e as condições físicas do atleta permitiriam que ele desempenhasse um bom futebol pelo clube.
Logo nas primeiras partidas, Evair tratou de mostrar sua qualidade com gols e assistências, provando que era ainda um jogador diferenciado. Ajudou o Coritiba a fazer uma boa campanha e ser semifinalista da Copa do Campeões, torneio disputado no nordeste do país que reunía os campeões e vices dos torneios regionais (Rio-SP, Sul-minas, etc), e que dava vaga na copa libertadores do ano seguinte.
Na Copa do Brasil, o Coritiba de Evair protagonizou uma das maiores viradas que o Couto Pereira já viu. Após empatar por 1 x 1 no Serra Dourada, o Coritiba enfrentou o Goiás no Couto Pereira podendo se classificar para as quartas de final com um simples empate por 0 x 0 (ainda havia à época a regra do gol qualificado). Porém, os visitantes venciam por 2 x 1, quando Evair saiu do banco para desequilibrar a partida a favor do Coxa e conduzir o time à virada, após estar por três vezes atrás no placar. Ao final, Coritiba 4 x 3 Goiás, e classificado para enfrentar o Flamengo.
No campeonato brasileiro daquele ano, Evair formou uma boa dupla de ataque com Enilton, jogador desconhecido que havia vindo do futebol suíço. No jogo contra o Palmeiras, time pelo qual foi multicampeão, Evair deu um verdadeiro show. Com duas assistências e dois gols, o atacante ajudou o Coritiba a golear o alviverde paulista pelo placar de 4 x 1 no Couto Pereira. Ao ser substituído, Evair foi ovacionado por toda a torcida Coxa Branca.
Evair era um jogador alto, que não tinha muita mobilidade. Atuava sempre mais centralizado, alternando a função de meia de criação e chegando como centroavante para finalizar. Suas principais características era o passe refinado, o chute seco, e o exímio posicionamento em campo que ajudava-o a prevalecer sobre os adversários.
Apesar de ter ficado apenas uma temporada no Coritiba, Evair se notabilizou como um ídolo no clube, especialmente por ser uma das poucas referências técnicas dentro do elenco. Vestindo a camisa Coxa Branca, o atacante cumpriu a expectativa criada quando da sua chegada, sendo um líder dentro e fora de campo, disputando 41 partidas e anotando 15 gols.
Após deixar o Coritiba no início de 2002, o jogador ainda atuou por Goiás e Figueirense, onde encerrou a carreira em 2003, aos 38 anos. Um ano mais tarde se tornou treinador, dirigindo várias equipes de menor expressão até o ano de 2014 quando se aposentou em definitivo do futebol.
Ao todo em sua carreira o atacante disputou 663 partidas e marcou 324 gols. A história e os números de Evair provam que seu futebol sempre esteve acima da sua fama. Assim como Alex, é um jogador que merecia ter disputado uma Copa do Mundo, dada a sua qualidade técnica e seu faro de gol.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)