Bola de Couro
Há uma euforia generalizada da torcida do Coritiba diante o atual momento do time. Não sem razão, pois em doze pontos disputados ganhamos dez, quatro deles fora de casa, fazendo sete gols e sofrendo apenas dois, performance que no segundo semestre só é igualada pelo Botafogo, o líder do campeonato, aliás o nosso próximo adversário.
O momento é de justa alegria, mas, curtidos como somos pelo que já vivemos, temos que combinar a euforia com cautela e consciência dos nossos limites. Tudo indica que o time está embalando, mas como sempre acontece no futebol tropeços ali e aqui acontecerão e por isso temos que ter os pés no chão.
A propósito desse pensamento, lembro o que dizia o saudoso Ênio Andrade, técnico que nos levou à conquista do campeonato nacional de 1985, como já fizera com o Grêmio em 1981 e o Internacional em 1979.
Pois o Ênio, um dos melhores treinadores que o futebol brasileiro conheceu, após cada sucesso no curso do campeonato costumava, em entrevistas, elogiar a equipe, a torcida e o clube, sempre concluindo com a expressão “ainda não ganhamos nada”. E assim, comendo pelas beiradas, como quem nada quer, aos poucos foi levando o Coritiba para a final do campeonato brasileiro, cujo resultado todos nós sabemos e dele nos orgulhamos.
Não esqueço que ao final do jogo decisivo contra o Santos, quando o Lela fez o gol da classificação nos últimos segundos, o Ênio conteve a euforia e em entrevista na saudosa Rádio Clube, a PRB2, repetiu a expressão que citei. Assim também ocorreu quando na semifinal passamos pelo Atlético original. E não duvido que antes da cobrança do último pênalti que nos deu o título ele não tivesse pensado assim também.
Pois é assim que temos que ver e acompanhar o Coritiba. Até há pouco tempo não tínhamos confiança na equipe, alguns já diziam que o rebaixamento era certo, e de um momento para o outro passamos a dizer que temos um super time. Nem tanto ao mar e nem tanto à terra. Temos que conhecer nossos predicados, mas também os limites da equipe
Confiemos nos novos ares que sopram no Alto da Glória, mas não percamos de vista que de agora em diante os adversários estarão nos vendo com outros olhos e serão precavidos quando nos enfrentarem. Confiança total no time, pois, mas sempre dosada com cautela. Afinal, como dizia o Ênio Andrade, ainda não ganhamos nada.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)