Essa semana me peguei pensando no assunto das categorias de base do Coritiba e por fim acabei lendo uma coluna, não encontrei o texto mas gostaria de opinar sobre o assunto. Acredito que alguns fatores devem ser ressaltados, e para isso as comparações são necessárias.
A base do Coritiba é infinitamente melhor que a do Atlético no quesito material humano, prova disso são os resultados o que conseguimos tirar dessa base com a estrutura e treinadores disponíveis, chegando muitas vezes próximos de decisões. Mas fica a indagação, por que não rendem no profissional e, muito menos, aos cofres do clube?
Na minha opinião, um dos principais fatores que influenciam o insucesso dos atletas com certeza é a transição. No Atlético ocorreu (e ainda ocorre) um trabalho a médio prazo utilizando a base no paraense, fazendo com que atletas de 20 anos joguem entre profissionais sem a pressão de vencer o campeonato. O Coritiba, Paraná, Londrina e Operário, usando sua força máxima só contribuem para o desenvolvimento desses atletas. Alguns são aproveitados no profissional (Lodi e Guimarães) e outos são emprestados para outros times profissionais para adquirir experiência (Matheus Anjos e João Pedro que ainda estão nos planos de ambos os clubes). No Coritiba, os atletas ficam na base o máximo de tempo possível, jogando com atletas mais novos, vide a final que fizemos contra o Cruzeiro (naquele ano o Coritiba tinha a maior média de idade). A partir do momento que o atleta não tem mais como estar na base ele sobe ao profissional com as obrigações que o time profissional proporciona, a pressão da torcida com a qual não convivia antes, o momento do time, salários (as vezes atrasados), jogadores mais experientes,... normalmente esses atletas entram na pressão que o clube vive (como sempre vivemos, pressão de sempre ganhar o paranaense, pressão para não cair, pressão para subir), com o elenco sem peças de reposição e dinheiro para contratar, o jogador acaba entrando com um mundo nas costas, sendo muitas vezes tido como a salvação. Muitos torcedores falam "Neymar com 17 anos já destruía no santos, jogador tem que entrar na pressão, se não rende tem que sair".
O que nos leva ao segundo ponto, a torcida. Por diversas vezes fui duramente criticado nas redes sociais ao dizer que a torcida queima jogadores sem necessidade e precocemente. Prova disso, é só analisar os times da Série A que conta com jogadores com passagem por aqui: Everton Ribeiro, Zé Rafael, Lucas claro que acertou com o Fluminense, Júnior Urso, sem citar os que saíram consagrados como William farias, Vanderlei, Guilherme Parede... Num passado recente tivemos o lateral Ricardinho que foi duramente criticadas pela torcida, e quando saiu foi ovacionado. Por que esses jogadores dão certo em outros clubes e não aqui?
O que seria um terceiro fator que poderíamos dizer investimento/sorte (?). Vamos lembrar do ocorrido do Sandro Forner, treinador que conhecia a base, tinha alguns medalhões no elenco, escalou 70% da base no início do paranaense, alguns resultados vieram logo foi decaindo, contratações foram sendo feitas, ao final tinham 2 ou 3 jogadores da base no time titular e logo foi demitido. Agora no nosso rival, Tiago Nunes treinador que conhecia a base, tinha alguns medalhões no elenco, os resultados não vieram e mesmo assim teve confiança e ganhou com a base o paranaense. Após o fracasso do técnico principal (se não me engano era o Fernando Diniz), Tiago Nunes assumiu como interino e o resto já sabemos. Com a confiança nos atletas mudou posicionamento do Bruno Guimarães que hoje é um dos destaques do time. Seria a mesma situação de Júlio Rush, Vitor Carvalho, Moser, Abner,... ? Seriam eles e mais tantos nomes reféns de falta de ajustes de função e posicionamento? Seria então a culpa de técnicos sem sorte? Ou falta de investimento da diretoria e, consequentemente, conhecimento por parte deles?
E aí por último, chegamos na diretoria. Esta não pode pegar na mão do atleta e forçá-los a render, mas saber em quais atletas investir e blindar com contratos produtivos. O caso do mosquito é um deles, Gabigol já tinha um contrato longo com o Santos desde os 16 anos, assim como Neilton. Por que o Coritiba não blindou sua preciosa jóia e salvação antes? Por que esperar que o atleta pudesse tomar as decisões e, assim, sair, sem render nada ao clube. Tal qual Abner, foi para o real Madrid, voltou, não teve tantas oportunidades e assinou com o rival. Desde cedo nas categorias de base da seleção, sem um contrato decente. Outro, foi o lateral da base vendido e praticamente dado ao Grêmio, tido como promessa...
Esses fatores descritos de forma individual se relacionam e destroem o Coritiba em conjunto. A solução? Não sei, mas com certeza não é a curto prazo. O que podemos fazer como torcedor? Apoiar? Criticar? Simplesmente estar presente? Seria uma mudança de cima para baixo, vindo da diretoria? Ou de baixo para cima, vindo do torcedor? A única certeza é que união do torcedor pode mudar esse cenário, mas através de um processo.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)