Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
O Coritiba está a seis jogos sem derrota, quatro desses no Couto, o time está consolidado no G4 nesses primeiros 13 jogos, como vê o time nesse momento? “A campanha até agora é muito boa, quero exaltar os jogadores, o treinador é um facilitador, mas quem executa é o jogador. Somos um grupo, temos uma ética de trabalho, um grupo que se entrega e se dedica, e a competição interna é muito boa. Quero exaltar também a presença do torcedor, acredito que somos a maior média de público da série B, aí cabe a nós termos desempenho para que eles continuem nos apoiando, agora é descansar e pensar no clássico”.
O ambiente no Coritiba, segundo os jogadores é muito bom, você pode comparar com o ambiente em outros clubes que trabalhou? “Cada grupo tem suas particularidades e características diferentes. Construímos um ambiente bom aqui, foi duro, foi um trabalho árduo e diário. De novo, exalto a entrega dos jogadores, temos um ambiente de bastante competição, mas o futebol é um jogo coletivo, precisamos continuar com essa competição interna leal para que possamos entregar isso no jogo. Estamos construindo uma história bonita e é importante que continuemos dessa forma”.
O primeiro tempo foi com domínio do Coritiba, porém não conseguiu machucar a defesa adversária, o que faltou e o que mudou no segundo tempo? “As equipes do Guto são muito difíceis de enfrentar, e a postura deles dificultou para nós, jogam muito compactados, dando pouco espaço entre linhas, mesmo assim poderíamos ter finalizado um pouco mais no primeiro tempo, tivemos umas duas ou três chances na entrada da área, mas o Alan e o Bruno são fortes no jogo aéreo. No segundo tempo mudei um pouquinho a estrutura para deixar o Josué pegando um pouco mais de frente, soltando mais o Zeca, para tentar fazer a função do Alex, e o Ronnier flutuando por dentro. O que desbloqueou o jogo foi a bola parada, aí tenho que exaltar o Guila, o Denis e o Nascimento que treinam muito essa bola parada. Aí o escanteio bem batido na cabeça do Maycon e o gol do Bruno que abriu o placar”.
A entrada de Bruno Melo na lateral esquerda pode mostrar uma falta de confiança nos meninos da base, pois João Almeida poderia ocupar esta posição? “De forma alguma, o João entrou contra o Atlético Goianiense que era uma fogueira, e jogou bem. O Cuiabá tem seis jogadores de estatura alta, 1,85 a 1,90 metros, tanto que é uma das equipes que mais fez gols de bola parada, então entrei com o Bruno para aumentar a estatura do time. Colocamos o Jacy na primeira trave porque é onde predominantemente eles batem, então a escolha de colocar o Bruno na esquerda e o Zeca na direita foi por isso. O Bruno joga de lateral, joga de zagueiro, o Zeca joga nas duas laterais, então é importante ter jogadores que façam mais de uma função. O Zeca cumpriu muito bem a função do Alex que é um lateral agudo, ele fez o corredor e foi muito bem. Estou muito satisfeito com a equipe, principalmente a linha defensiva”.
Como projeta a clássico, contra um adversário que vem de duas vitórias seguidas? “Vi o jogo deles, a estrutura da equipe foi um pouco mudada, mas vamos lá para jogar futebol e competir e vamos preparar a equipe como deve ser preparada para um clássico”.
Pode explicar para o torcedor o jogo precavido nos dois empates fora de casa, e hoje pode arriscar um pouco mais, ou seja, o torcedor acha que você às vezes é retranqueiro, mas a série B é assim mesmo, não é? “Nós entramos em todos os jogos para ganhar, pode ter certeza, porém cada jogo tem sua característica e particularidade. Hoje optei pelo De Pena no lugar do Sebá porque o jogo estava se desenhando para o Josué e o Carlos jogarem juntos, Josué é um número 10, o Carlos é um 10/8 que pode jogar nas pontas, e as coisas caminharam bem, eles se combinaram bem. Não acho que sou retranqueiro, temos a segunda melhor campanha fora de casa, o campeonato exige que você vá no limite o tempo todo”.
Qual foi a ideia de entrar com o Delatorre hoje ao invés do Coutinho? O que pensa para o Atlétiba, Coutinho ou Delatorre? “Temos dois centroavantes que nos últimos anos foram artilheiros da série B, o Coutinho em 2023 e o Delatorre em 2024 no Mirassol. Sei que o centroavante vive de gol, o Delatorre tem minha total confiança, é a terceira vez que trabalha comigo, entrega muito sem a bola e hoje pressionou os zagueiros o tempo todo que esteve em campo. As oportunidades vão aparecer e ele vai voltar a fazer os gols. O Coutinho entrou muito bem no jogo hoje, então vamos trabalhar durante a semana para poder escolher os 11 que vão iniciar no sábado”.
Com a vitória de hoje o Coritiba ultrapassou a pontuação que conseguiu em todo o primeiro turno no ano passado, o quanto importante está sendo aproveitar essa fase boa num campeonato tão instável como a série B e qual a projeção para a continuação? “Não tenho uma projeção fixa, vou jogo a jogo, acredito na mobilização para cada jogo. Agora já estou pensando no clássico que deverá ser outro jogo muito duro. A projeção é fazer o máximo de pontos no primeiro turno, e talvez depois estipular uma meta”.
Como enxerga o clássico, entende que há uma linha tênue entre um jogo pegado e a violência? “Será um jogo bem disputado, decidido em detalhes e não deve terminar como terminou o último no paranaense”.
Após o gol do Josué, vimos que você o espera e ele vem lhe abraçar, o quão importante é ter um grupo unido e com confiança? “É fundamental e determinante. Construir isso é muito difícil, é um trabalho diário, uma competição interna em que todos se respeitem e se dediquem. Destaco o Josué que tem sido muito importante para nós, se tornou um líder dentro e fora de campo, vem fazendo outras funções dentro do time, inclusive hoje marcou lado a lado com o Machado durante 15 ou 20 minutos, foi premiado com o gol, já tem três na competição. A trajetória ainda é longa, mas vamos trabalhar diariamente para competir no mais alto nível”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)