
Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
Você chega a ficar frustrado, pois o Coritiba foi vaiado no Couto no fim da partida, mesmo após ter conquistado o objetivo de subir? “Não, a felicidade é tão grande de poder voltar com o clube à série A, e a gratidão é maior pelo clube ter me proporcionado o segundo acesso consecutivo. Acho que foi uma pequena parte, mas o torcedor apoiou do início ao fim. Enfrentamos um adversário duro, tentamos ganhar o jogo do início ao fim, mas conquistamos o primeiro objetivo que é o acesso e sabemos a dificuldade que foi, de se manter no topo, da pressão que tinha aqui para subir, então tiro o chapéu para os jogadores pelo que fizeram na temporada. Podemos ser campeões amanhã, se não for vamos buscar o título no domingo”.
O quanto pesa não ter conquistado o título no Couto, com essa imensa torcida? E sobre a defesa, que hoje completou o 22º jogo se tomar gols? “Acredito no jogo coletivo, na construção de uma identidade, de um time solidário, de um time que é forte mentalmente. Foi importante o acesso hoje, queríamos carimbar com o título, agora vamos esperar o término da rodada. Estou orgulhoso do que os jogadores fizeram, do reposicionamento do clube, orgulhoso do meu trabalho e da minha comissão técnica, chegamos no dia 27 de dezembro para uma reconstrução, depois de dois anos duros para o clube e conquistamos o acesso dessa forma, quase 90% da competição no G4, 50% da competição como líder. Agradeço aos jogadores, à minha família, sabemos da dificuldade que é trabalhar no futebol, uma competição que tem 20 clubes e só quatro sobem, então tenho muito orgulho do que construímos até aqui”.
Com o objetivo do acesso conquistado, como estão as conversas para uma renovação e permanência para a série A? “O acordo que tenho com o Willian é de que quando conseguíssemos o primeiro objetivo que é o acesso, nós começaríamos a conversar. A partir de 2ª feira iniciamos as conversas. Agradeço em especial ao Willian pela confiança no meu trabalho durante esse ano”.
Como será sua semana de trabalho, para o jogo com o Amazonas, time já rebaixado, podendo conquistar o título, agora longe da torcida, a não ser que os resultados favoreçam e amanhã já seja conquistado? “Todos os jogos são difíceis, o Remo perdeu para o Avaí, a Chape empatou no último minuto com o Volta Redonda, então não tem jogos fáceis. O futebol está globalizado, todas as equipes se preparam, existe o intercâmbio dos treinadores, nós somos o único país que rejeita esse intercâmbio. Eu quero estar me provando o tempo todo, infelizmente não cravamos o título hoje, mas nada apaga o que fizemos até agora, temos 65 pontos, somos a melhor defesa, temos um dos melhores goleiros do Brasil, o Lucas Ronnier que é um jogador muito talentoso, temos um clube que está reposicionado de maneira sólida. Temos coisas para melhorar obviamente, é um processo de evolução constante”.
Você acha importante a longevidade do treinador, como foi você esse ano no Coritiba? “A sequência no trabalho é importante para o sucesso. O Brasil é o único país onde os clubes trocam de técnico de três a quatro vezes por ano. Nem vou atravessar o Atlântico, aqui no Brasil mesmo temos um exemplo do Palmeiras que tem o mesmo técnico há cinco anos, e está tendo sucessos sempre, então o importante é ter uma sequência de trabalho para ter sucesso. O Coritiba está com essa mentalidade hoje, tanto que estou aqui e espero ficar no ano que vem e sou prova de que a continuidade dá certo, como foi com o Mirassol, então tenho certeza de que em 2026 jogaremos melhor que em 2025, desde que se respeitem os ajustes do processo. O romantismo no futebol está ultrapassado e temos que ter esse entendimento para começar a transformação”.
Quais foram as maiores dificuldades para conseguir esse acesso? “É um alívio e tenho muita gratidão porque no futebol só os fortes sobrevivem. Minha posição e a posição do Willian são posições em que as decisões precisam ser tomadas e somos expostos, por isso temos que ser fortes. Estamos felizes com o resultado que conquistamos, foi com teimosia, mas com muito sacrifício e estamos orgulhosos e repito que sou muito grato a Deus e minha família, e hoje vou comemorar junto com minha família”.
Como vê o projeto do clube para a série A de 2026? “Meu desejo é permanecer, mas ainda não conversamos nada sobre elenco, sobre contratações, porque primeiro queríamos conquistar o acesso. A partir de segunda vamos começar a desenhar, mas pode ter certeza de que não só a continuidade do treinador é interessante, mas também jogadores de alguns setores do time. O Brasil é o único país que reformula 50, 60 ou 70 % do time de uma temporada para outra. O Mirassol tem sete titulares do ano passado, que jogam juntos há três anos, então as coisas não acontecem por acaso. O Palmeiras tem uma espinha dorsal há cinco anos, o Flamengo também. Vamos ter a serenidade de planejar 2026, ser mais fortes, conquistar o estadual, buscar uma campanha importante na Copa do Brasil e na série A. Com trabalho e organização você consegue competir com qualquer time da série A, e tem times na série A provando isso”.
Como foi o trabalho do sistema defensivo, ponto forte do time neste acesso? “Assim como falou Ancelotti, técnico da seleção brasileira, que não renuncia aos comportamentos defensivos, da identidade defensiva, e eu acredito muito nisso, temos que ser sólidos sem a bola. Ano passado fomos a melhor defesa, esse ano somos a melhor defesa. Hoje jogamos com Carlos e Delatorre, mas na maior parte do campeonato foi com Josué e Delatorre, eles começam a primeira pressão, o Ronnier que está terminando a temporada muito bem, com e sem a bola, ajudando o lateral. Os atacantes hoje em dia precisam marcar, não é como outrora. O jogador hoje precisa ser o mais completo possível”.
A defesa foi a melhor da competição, mas o ataque foi o quarto pior, como pensa trabalhar isso para a série A? “Não produzimos tanto ofensivamente porque coletivamente temos margem importante de crescimento. Fomos o melhor visitante, os adversários precisam atacar e aí fizemos muitos gols em transições pela característica física. Aqui no Couto as equipes vêm jogar com defesa mais baixa, então o jogo coletivo precisa ser mais forte, saber o momento de acelerar, de ter uma infiltração mais curta, de preencher mais a área. Portanto, estamos num processo de evolução e vamos continuar evoluindo para o ano que vem”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)