Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
O técnico Coxa-Branca primeiramente falou sobre o sentimento dos jogadores nesse momento: “É um sentimento de muita tristeza da parte de todos, é uma tempestade, uma nuvem negra que está demorando a passar, mas ela vai passar, sei que a torcida está triste, magoada, mas que ela tenha a certeza de que a gente está mais triste ainda, infelizmente esse é o momento que estamos vivendo”.
Thiago foi instado a fazer uma análise do seu trabalho no Coritiba até aqui, após um turno completado, com apenas seis vitórias, e tentou explicar: “Tem que olhar o contexto que peguei o time, com 15 rodadas sem vencer, tivemos aquele início de reação contra o Goiás, ficando a um ponto de sair da ZR, mas a tabela era muito difícil na sequência e não conseguimos manter a média inicial. Se tivéssemos pegado o time no começo, com essa média de vitórias poderíamos ter umas 11 ou 12 vitórias, estaríamos brigando mais encima, mas tivemos muitas derrotas dentro de casa. Pagamos o preço pelo início horrível do Coritiba no começo do campeonato”.
Falando sobre o jogo de hoje em que o Coritiba, na visão de muitos, não jogou bem, o treinador disse: “O jogo de hoje não foi tão ruim, foi abaixo do que vínhamos produzindo, mas se olhar o contexto do jogo, talvez no começo o Goiás dominando mais, aí tem o desgaste também de jogos quarta e domingo, os jogadores estavam desgastados, mas o jogo estava igual e a primeira chance foi do Coritiba aos 30 minutos na cara do gol e não fizemos. O primeiro tempo foi equilibrado, o Goiás levando perigo nas bolas paradas, no segundo tempo faço as trocas para colocar o time mais para frente, com Diogo, trazendo o Garcez para dentro, tiro um volante e coloco um meia, começamos até bem, tomamos o gol numa transição, a equipe sentiu, o estádio virou contra e os jogadores sentem muito isso, e não tivemos força para empatar. Importante enfatizar que o juiz picotou muito o jogo, principalmente nos últimos 10 minutos, não quero dizer que ele foi mal, mas picota muito o jogo, quando vamos jogar fora é sempre 10, 15 minutos de acréscimos, aqui no Couto é 6, 7 minutos, foi isso que falei com ele, não desrespeitei nem o ofendi, só disse que picotou demais o jogo e ele me expulsou”.
Sobre os xingamentos que recebeu durante o jogo, os aplausos da torcida quando foi expulso, Thiago falou o seguinte: “Uns poucos que estavam atrás do banco é que estavam xingando. Quando fomos jogar com o Santos na Vila, eles tinham tomado de sete, e a torcida lá empurrou muito o time, isso faz muita diferença, hoje a torcida empurrou a gente, aquela atrás do gol, mas uma meia dúzia atrás de mim ficava xingando, respeitamos o torcedor, está no direito dele, a vida do treinador é essa. Quanto à minha parcela de responsabilidade nessa situação, entrei numa situação muito difícil, tentei ajudar da melhor maneira, matei no peito muitas situações, mas é um campeonato muito difícil e quando entra na ZR é muito complicado, é muito difícil jogar na ZR, a margem de erro é muito pequena, estamos desde fevereiro ou março nessa situação, agora esperamos que nesses seis jogos que faltam, consigamos representar bem a camisa do Coritiba, com honra e com garra. Acho que aquele torcedor que realmente entende, talvez possa fazer uma análise um pouco diferente”.
Em relação ao futuro do Coritiba, com a SAF e as mudanças que estão sendo feitas ele disse: “Pegando o Bragantino como exemplo, entra no Brasil tentando subir de divisão, não conseguiu, depois no primeiro ano na série A brigou para não cair e hoje depois de uns quatro anos, está brigando para ser campeão. A situação do Coritiba é gradativa, estão sendo feitas mudanças estruturais, que não aparecem para o torcedor, tem o planejamento de um novo CT, da reforma do Couto, da forma de jogar das categorias de base, eu vejo e participo de tudo isso, estamos fazendo os pilares para depois levantar o prédio. Esse ano foi terrível para o Coritiba, mas isso vai mudar, com um planejamento de elenco e com uma boa pré-temporada”.
Perguntado sobre possíveis mudanças no time, se já não é hora de dar oportunidade a novos jogadores, já pensando no próximo ano, Thiago Kosloski foi enfático. “Eu sempre tento colocar os melhores em campo, a mídia, a torcida pode ter uma visão diferente, só que ela não acompanha o treinamento no dia a dia. Mas num futuro próximo pretendo lançar garotos, aproveitar os jogos que restam. Não posso colocar um garoto numa atmosfera dessa como a de hoje, tenho que ter cuidado para não queimar um jovem que pode ser um talento no futuro. Mas poderão acontecer sim algumas mudanças”.
Thiago também falou sobre as mobilizações para as partidas, o foco no campo de jogo, citando que houve sim mobilização, que tentaram fazer de tudo: “A mobilização sempre existe no nosso dia a dia, só que do outro lado tem outra equipe que também se prepara para o jogo. Hoje perdemos nos detalhes. A diretoria tenta fazer a parte dela, fizemos intertemporada para deixar os jogadores mais tranquilos, tentamos de tudo o que estava ao nosso alcance. Mas a mobilização para as partidas sempre aconteceu, sempre houve comprometimento”, concluiu ele.
Por último, o técnico Coxa falou sobre a pressão de ser o único que vem dar explicação nas coletivas, uma vez que ninguém da diretoria fala, tampouco os jogadores: “É a responsabilidade do treinador dar explicações, eu sou o para-choque, espero que num futuro próximo as coisas virem e as minhas explicações dadas aqui sejam mais tranquilas”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)