Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
Como foi jogar com um jogador a menos durante mais de 70% da partida e não conceder nenhuma chance de gol ao adversário? “Foi um jogo atípico, mas o fator entrega dos jogadores foi determinante, a atmosfera criada hoje no Couto Pereira potencializou essa entrega. Foi um jogo duro, tivemos nossas chances, mesmo com um jogador a menos, queríamos a vitória, mas nessas circunstâncias esse ponto foi importante”.
Foi o jogo de maior entrega dos jogadores no campeonato? O técnico adversário disse que o empate só aconteceu porque o juiz ajudou o Coritiba. “Opinião cada um tem a sua, eu particularmente discordo dessa afirmação. Óbvio que tivemos que marcar mais baixo depois da expulsão, foi um jogo truncado, mas não abdicamos de jogar. Eles marcaram com três no meio, Dudu, Zapelli e Patrick e deixaram Julimar e Viveros lá na frente para os contra-ataques em cima de nossos zagueiros, mas tivemos um comportamento importante e não concedemos o contra-ataque. Após a expulsão tivemos que baixar as linhas e mudar a estrutura para defender, e quando o Ronnier foi para dentro, tivemos oportunidades, inclusive num lance que fizeram a falta perto da área, tivemos mais profundidade. No lance do Ronnier, o Vini que entrou, iniciou a jogada, enfim quero exaltar quem entrou, o Coser, o Carlos, o Zeca, enfim, temos um time com letras maiúsculas, um time que se entregou e teve solidariedade. Eles foram concentrados, o torcedor nos apoiou. O Athlético colocava mais jogadores na última linha e aí dificultava a marcação, mas o Machado e Josué fecharam bem o jogo por dentro. Foi com certeza um dos jogos que mais nos entregamos, e a junção jogador e torcida fez com que conseguíssemos sustentar o resultado”.
Esse foi o terceiro jogo em que o Coritiba fica com um jogador a menos e não perde, foi assim contra o Vila Nova, contra o Remo e hoje. Como tem sido as escolhas para a recomposição do time? “Contra o Remo que não colocaram tantos jogadores assim na frente, marcamos praticamente com sete, hoje tivemos que marcar com oito, contra o Vila, marcamos com oito também, após o gol do Jacy. Hoje, depois das trocas do adversário, tivemos que marcar com oito, mas não abdicamos de jogar, aproveitamos as bolas paradas, os laterais com o Alex, que tem um lateral longo, com Yuri, depois com o Ronnier onde tivemos mais profundidade e criamos problemas para eles. Os jogadores tiveram que dar sempre 10% a mais para equilibrar o jogador a menos”.
Pode explicar a ideia de colocar o Tiago Coser após a expulsão? “Para poder marcar com cinco e manter o Josué em campo e marcar lado a lado com o Machado e o Sebá e controlar as infiltrações deles, e nós conseguimos controlar bem. Já tinha feito isso contra o Vila e contra o Remo, mas o adversário hoje jogava um pouco diferente. O Josué que é um meia, hoje jogou lado a lado com o Machado e contribuiu bastante”.
Pode falar sobre o Maicon, que hoje completou a sua 600ª partida na carreira e foi considerado o melhor do jogo? “Eu respeito muito jogadores com a carreira do Maicon, jogador com 37 anos com uma carreira brilhante por onde passou. Ele teve e está tendo uma contribuição importante, consegue contribuir para os jovens como o Coser, o Aquino, enfim, o Maicon está agregando muito na carreira dele e dos outros também”.
É o segundo jogo seguido sem marcar gols, isso preocupa? Que recado pode passar ao torcedor sobre o restante dos jogos em casa nesse campeonato? “Ao torcedor eu peço que continue nos apoiando, como vem fazendo sempre. Quanto ao ataque, tenho a convicção de vamos voltar a fazer gols, hoje foi um jogo atípico, um clássico e são jogos de poucas oportunidades, e especialmente hoje tivemos que jogar um pouco mais longe do gol do adversário e aí fica mais difícil. Tivemos nossas chances com bolas paradas, com os laterais do Alex, enfim, estou orgulhoso do que os jogadores fizeram hoje”.
Pode comentar as declarações do técnico adversário sobre o Ronnier? Ele disse que o Ronnier precisa ser mais humilde, se não será apenas uma promessa. “Ronnier não é mais uma promessa, é uma realidade, um dos melhores jogadores do campeonato. As coisas que acontecem em campo são normais, era um clássico, talvez o Odair não saiba a dimensão que tem o clássico aqui. Um jogo que tem rivalidade, uma palavra fora de lugar vai acontecer, mas o Ronnier é um menino fantástico e quero abrir um parêntese para nosso departamento médico, o Ronnier era para ter jogado apenas uns 25 minutos, acabou jogando 50 minutos, primeiro de ala, depois de centroavante, fazendo transições de 50 metros. Ele tem um futuro fantástico”.
Em relação ao entrosamento do Ronnier com o Alex ali pelo lado direito, quando eles jogam juntos as jogadas saem por aquele lado. “Eles se complementam bem e eu acrescento o Josué. Alex é um lateral com um vigor físico privilegiado, o Ronnier além disso tem o enfrentamento, o último passe. Hoje o Ronnier acabou ficando longe do Alex e do Josué pois ele começou do lado esquerdo, e quando ele foi jogar por dentro o Josué já não estava mais em campo, pela necessidade do jogo. A tendência é que, daquele lado ali voltem a acontecer coisas importantes pois o Alex voltou, e temos o Josué e o Ronnier”.
Como será sua abordagem com o Bruno Melo, que deixou o time com um a menos em grande parte da partida? “Não gosto de falar individualmente, futebol é um jogo coletivo. Claro que o Bruno saiu chateado e fez falta para nós, mas são coisas que acontecem, não podemos esquecer que o Bruno nos deu o gol contra o Avaí, que praticamente selou nossa vitória, então ele vai continuar nos ajudando porque é um jogador importante para nós”.
Sobre o Sebá, hoje novamente muito aguerrido, que ajudou na marcação e na criação. “O Sebá é um animal, no sentido de que ele é único. Treinei no Guarani o Richard Rios, hoje no Benfica, também colombiano, o Sebá é um camisa oito canhoto, com características diferentes, mas talvez seja o mais sacrificado da nossa equipe pela função que exerce. É um meia para jogar, um volante para marcar, hoje terminou de cinco, um jogador muito identificado com o clube, nosso capitão. Peço a Deus que a gente chegue na série A e ele vá para a Copa do Mundo ano que vem, esse é nosso desejo, e pelo jogador que é, torcemos muito para isso e que continue no radar da seleção colombiana. É um jogador fantástico, de grupo, de dia a dia, de trabalho, de exemplo, de ética e é importantíssimo para nós”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)