Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
O Head Esportivo do Coritiba, William Thomas, esteve ao lado do técnico Mozart na coletiva após a vitória do time Alviverde sobre o Operário, e falou sobre as seguintes questões:
Na segunda-feira será apresentado o novo CEO, Lucas de Paula, o que deve mudar no Coritiba? “Antes de responder queria exaltar o que o torcedor fez aqui hoje, vem criando uma simbiose muito importante entre campo e arquibancada. Em relação à chegada do Lucas de Paula, ele já está por aqui há uma semana e na prática não tem mudado nada. Existe a participação dele, um profissional que tem experiência na indústria do futebol e que vai agregar seu valor. Temos bastante respaldo da instituição como um todo para conduzir o projeto esportivo, e o que vemos é que a continuidade e a estabilidade das diretrizes do dia a dia contribuem também para que o campo tenha a progressão que está tendo. Tenho certeza de que ele será um grande reforço para nós”.
Como vê as críticas ao seu trabalho, que ficaram evidentes com as eliminações no paranaense e Copa do Brasil? Como pretende devolver a confiança ao torcedor especialmente agora com esse bom início da série B? “Trato isso com naturalidade, sou um profissional com mais de 30 anos no esporte. Não tenho a função de protagonismo, isso é para os atletas, comissão técnica e torcedor. Deveríamos discutir mais sobre gestão esportiva, o trabalho foi pautado pelas contratações feitas, mas tem tantas outras coisas imprescindíveis dentro do dia a dia como o processo de treino, organização estrutural, financeira, plano de ação das categorias de base etc., mas sempre ficamos falando das mesmas coisas, e convivo bem com isso, não temos só críticas, temos elogios também. Meu foco é interno, para que o Coritiba possa se reestruturar organizacionalmente e financeiramente, então todas as ações que estamos fazendo são parte de um futuro promissor para o clube. O Mozart falou que se leva muito tempo para formatar um time de futebol, imagina para reestruturar uma empresa de futebol. Não vamos comprometer o futuro do clube, o que está sendo feito tem lógica, tem estrutura, tem método e continuidade, vamos errar, mas faz parte do processo de evolução. Minha função aqui é dar estabilidade aos profissionais que estão aqui, para os atletas e para os processos que o clube faz no dia a dia”.
Em 2024 falava em protagonismo do Coritiba, agora fala em cautela, o que pretende fazer para que o torcedor compre a ideia de cautela no trabalho? “Não é só cautela, é responsabilidade. Existe um modus operandi no futebol brasileiro que destruiu as instituições centenárias e agora vemos a questão da profissionalização e do advento das SAF´s, justamente para que se crie um processo estável e de responsabilidade no futebol brasileiro e pelo mundo. Isso requer uma necessidade estrutural organizacional em todos os pilares que fazem parte de uma empresa, de um negócio futebol, nós estamos inseridos em uma das maiores indústrias que tem, que é a indústria de entretenimento. O futebol está dentro do entretenimento e isso requer alterar opções e competências das mais diversificadas para que você possa fazer um trabalho que no médio longo prazo, crie um crescimento estável, perene, sem contaminar com a emoção as grandes decisões. É esse modus operandi que colocou muitos clubes com dívidas enormes, insustentáveis e que não teve outro caminho a não ser se estruturar e se organizar. Quando eu falo de responsabilidade é porque eu não posso comprometer financeiramente algo que eu ainda não tenho. Então a reestruturação do plantel do ano passado para esse ano foi uma transição, a contratação, se não me engano, de 17 atletas, onde o custo anual a gente conseguiu reduzir, com mais qualidade e com mais equilíbrio. Então quando a gente fala é no médio, longo prazo, é porque essa conta vai fechar. Nós vamos ser responsáveis com relação ao crescimento do clube e com relação à posição do clube na série A novamente”.
Como estão planejando a próxima janela, principalmente na parte ofensiva, em virtude das várias lesões dos jogadores naquelas posições? “Tivemos uma transição em grande quantidade de um ano para o outro e que a gente não consegue começar fazendo 17 contratações como a gente fez. A gente vai fazendo gradativamente, porque você tem que ter um equilíbrio nas decisões de saída. Nós tivemos a realocação de 25 a 30 atletas que saíram ou que rescindiram o contrato ou que foram realocados ou que foram vendidos. E a partir dessa abertura de fluxo econômico que a gente consegue tomar decisões mais assertivas. Eu não posso gastar um dinheiro que eu não tenho ainda. Então isso tem uma cronologia e foi isso que foi decidido com a formatação do plantel. As primeiras contratações, depois uma segunda etapa de contratação, depois a janela agora dos estaduais, se não me engano, nós temos 5 contratações. Tentamos até as últimas horas fazer mais uma ou duas contratações, mas o tempo não nos favoreceu. Nós estamos muito satisfeitos com o caráter dos atletas que vieram para cá, nós temos hoje um ambiente completamente diferente no ano passado. Existe um compromisso com a instituição muito grande. Por mais que a gente patinou no início do ano. Eu posso falar pelo plantel desse ano, pelos atletas que chegaram, existe um compromisso conosco, com a instituição, com a comissão técnica, para que as coisas andem melhor. O que a gente está vendo é qualidade de treino, qualidade de competição, por isso que o plantel tem opções de jogadores com mais de uma posição específica. Por isso que alguns atletas que são importantes para nós acabam não tendo espaço. Tivemos a coincidência de ter lesões nos atacantes, três jogadores que jogam nessa faixa do campo, Everaldo estava jogando pelos dois lados praticamente. Essas coisas a gente não controla, infelizmente, três atletas de posições semelhantes acabaram se machucando. Por outro lado, damos espaço para o Juan Assis, por outro lado, a gente reposiciona o Ronnier e começa a ter um rendimento ainda melhor do que já vinha tendo. É a competência da comissão técnica, do treinador, de poder identificar essas oportunidades, de poder criar situações. O processo de avaliação nunca acaba, é diário, não só de treinamentos, mas de comportamento, de postura, de produtividade. Muito provavelmente vamos atuar na janela, a partir de junho”.
Sobre o trabalho das categorias de base, a oportunidade que estão dando para os atletas da base? Já tem substituto para o Moisés Moura? “É tradição no Coritiba a revelação de atletas da base, vários que se formaram aqui hoje estão se destacando no mundo. O trabalho feito hoje continua sendo bem-feito pelos profissionais que ali estão. Vamos sempre olhar para a base, o trabalho do Moisés foi muito bom. Em relação à substituição dele, estamos num processo de seleção, entrevistando vários profissionais para tomarmos uma decisão mais assertiva”.
Como será a função do novo CEO, terá influência direta no seu trabalho ou você segue com liberdade no departamento de futebol? “Ele fará uma coletiva na segunda-feira e pode esclarecer. Eu terei liberdade para dar sequência ao trabalho. O processo de contratação é um processo de muitas mãos, não concentrado em uma só pessoa. Temos necessidade de assertividade nas decisões, a posição final será minha, mas muitos profissionais estão envolvidos no processo”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)