Memória Coxa-Branca
Por: Felipe Rauen
Semana de atletibas trazem à lembrança clássicos de todos os tempos, mas hoje vamos destacar um, o do dia 19 de outubro de 1941, quando vencemos por 3 x 1 e o jogo tornou-se um marco na história do Coritiba.
É que naquele time jogava o zagueiro Breyer (Hans Egon Breyer), nascido na Alemanha, mas que ainda criança veio para o Brasil com a sua família, passando a atuar no Coritiba em 1939, inicialmente como lateral-direito e depois assumindo a zaga central.
Naquele clássico, ocorrido em plena Segunda Grande Guerra, um torcedor atleticano quis provocar o Breyer em razão da sua nacionalidade original, chamando-o de “quinta-coluna” e de “coxa-branca”, o que não demorou a ser repetido pelos torcedores rivais como se fosse uma ofensa, em que pese o Coritiba tivesse no elenco também afrodescendentes.
Breyer, ainda que se sentindo ofendido, em lugar de se abater fez uma excelente partida, sendo considerado o melhor do jogo, e ao final alcançamos mais uma vitória sobre eles, conquistando o título. Mas mesmo assim ele ficou amargurado com a dúvida sobre o seu patriotismo e em 1944 decidiu parar de jogar futebol.
Mas não sabia ele que o que era para ser uma ofensa se tornaria marca registrada da nossa torcida, que na comemoração do bicampeonato estadual de 1969 passou a entoar com orgulho o grito “coxa,coxa”, que passou a ser o nosso brado de guerra no estádio e hoje somos conhecidos pelo apelido por todos, tanto que o nosso site orgulhosamente se denomina “Coxanautas”.
Breyer, ao saber da atitude da torcida, voltou a frequentar os jogos do Coritiba e em entrevista concedida à revista Placar, citada pelos Helênicos em “Eternos Campeões”, disse “tirei um peso das minhas costas e fiquei muito orgulhoso”. E foi tamanho o seu orgulho que pediu para que no seu túmulo constasse o seu nome e em seguida “O Coxa Branca”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)