ARTIGOS
Caros amigos:
Dia destes estava eu lendo o Coxan@utas e deparei-me com uma convocação aos torcedores do Coritiba a contribuírem com sugestões para melhorarmos as ações de marketing do Coritiba e de suas promoções,.
Confesso que relutei muito em lhes escrever, mas após revisar algumas leituras do passado nestes últimos dias fui buscar inspiração na convocação feita a nos torcedores por este site, o livro de um amigo e professor da pós-graduação que fiz na FAE em administração em marketing. O livro é ”GOL! A Emoção Aliada Aos Negócios”, do professor Marcelo Budolla.
Com o intuito de ajudá-los, busquei um texto que trata da criatividade para que possa, talvez, nortear a aqueles que queiram contribuir, assim como os dirigentes do nosso Glorioso Verdão.
Trata-se de uma leitura um pouco mais longa daquelas que estamos acostumados a encontrar nos sites, mas garanto a todos que se trata de uma leitura extremamente proveitosa sobre todos os aspectos. Sei que muitos irão bater no peito e dizer: ”conheço, sei do que se trata”, mas é fundamental ressaltar que futebol é coisa séria, para pessoas competentes e profissionais em suas áreas de atuação.
Por tanto deixemos de ser genéricos e entendamos nossa reais necessidades.
Um abraço, a todos e ótima leitura.
Texo do livro GOL! A EMOÇÃO ALIADA AOS NEGOCIOS, Marcelo Budolla, 1999. texto Criatividade pág.185
Criatividade
”A criatividade e freqüentemente associada a idéias mirabolantes, muitas vezes boas e outras tantas ruins, ainda mais em um país como o Brasil, famoso pelo seu jeitinho, construído com base nessa criatividade.
Esse termo é erroneamente empregado, pois ao contrario do que muitos pensam, não é um dom ser criativo, e sim o resultado de um processo que requer muito esforço, compilando vários elementos conforme Eunice de Alencar: “Criatividade tem a ver com os processos de pensamento que se associam com imaginação, insight, inovação, intuição, iluminação e originalidade... Tornando-se um fenômeno complexo e multifacetado que envolve uma iteração dinâmica entre elementos relativos à pessoa, como característica de personalidade e habilidade de pensamento, e ao ambiente, como o clima psicológico, os valores e normas da cultura e as oportunidades para a expressão de novas idéias”. ( ALENCAR,1997,p.3)
Os cientistas procuram estudar a mente humana em busca da resposta para alguns mistérios e, cada vez mais, surgem novos pontos serem levantados e teorias nada criativas são suscitadas,
como a que diz que a mente funciona tal qual um computador.
De acordo com Pareto em sua obra ‘Mind and Society’, os seres humanos são divididos em dois grupos: o primeiro denominado rentier, formado por pessoas que aceitam as situações e não buscam mudar o panorama, e o segundo, denominado speculator, que procura a todo custo a informação e formas para adaptá-la em busca do desenvolvimento.
Imaginemos um rally, sob forte tempestade, entre dois carros, um comandado por rentiers e o outro por speculators. Em tal corrida, que simboliza a vida, o segundo grupo tende a dominar o primeiro porque instiga a adapta os fatores à realidade e possui a flexibilidade necessária para alterar a trajetória do carro em busca do sucesso. Já o primeiro grupo tende a se mostrar conservador porque lhe ensinaram que o caminho certo era aquele que estava no plano de percurso e a chuva terá de parar. Este certamente perderá a corrida.
O estudo da mente não é o objetivo, porém é necessário o esclarecimento de alguns pontos para resumir o que é criatividade. Há de se concordar com Thomas Edison, o inventor do fonógrafo e da lâmpada, quando afirma que a criatividade engloba “98% de transpiração e 2% de inspiração”.
Muitos criativos de plantão pregam teses e fórmulas, tratados sobre o processo de criatividade, entretanto quem melhor descreveu esse processo foi o publicitário James Webb Young, em sua obra ‘Técnica para Produção de Idéias’, dividindo tal processo em cinco estágios: a coleta de dados, a digestão, a pausa, a mágica e a viabilidade.
Nessa obra, Young simplifica o processo criativo, a partir da detecção do problema: uma vez anotado o problema, são colhidas as principais informações relevantes ao ponto em questão; em um segundo momento essas informações são recicladas em um processo denominado de gestão mental; após essa análise deve-se esquecer o problema e deixar que o cérebro trabalhe e, quando menos se espera, parecera a solução / idéias para cuja execução se deverá analisar a viabilidade de execução, considerando os aspectos políticos envolvidos.
Um bom exemplo de criatividade no esporte é, apesar de ser uma ação isolada e não fazer parte de um planejamento, incentivar os torcedores a comparecer ao estádio com a camisa do time a fim de que recebam descontos especiais no ingresso.
É apenas uma ação vendedora, pois ocorre a partir do produto para o cliente, não uma ação de marketing, até porque a maioria dos clubes brasileiros pratica venda esportiva e não marketing esportivo, pois o foco não é o seu cliente e sim o produto.
No esporte, essa ação reflete momentaneamente alguns insights, que o seu objetivo, entretanto se não fizer parte de um planejamento, estará fadada ao fracasso.
O processo criativo muitas vezes é bloqueado por fatores com a educação, responsável por uma série de conceitos adquiridos e condensados diariamente.
Esses bloqueios nos levam muitas vezes ao caminho mais fácil, quando estamos em dificuldade, pois o tempo é valioso, sem, no entanto, refletirmos que, com um pouco mais de tempo concentrado na questão, poderíamos encontrar uma saída responsável pela economia de tempo no futuro.
Um exemplo: pergunte a qualquer um a cor do mar. Muitos responderão que é azul; outros, responderão que é verde e alguns que o mar não tem cor definida. Todos estão certos, porém de acordo com o ponto levantado, em determinada região do Brasil, o mar pode ser azul em outro verde e na Antártica branco. Existe alguém errado? É apenas uma questão de percepção e dos pontos em questão.
As barreiras internas são inerentes aos próprios fantasmas alimentados principalmente na infância. O medo e a insegurança daí decorrentes podem acompanhar a pessoa por muito tempo e impedi-la de crescer profissionalmente. Assim, funcionários que se seguem sem questionar as indicações de seus superiores privam-se de estudar os pontos atinentes à questão e de chegar às próprias conclusões.
Existe um processo relacionado erroneamente à criatividade. Parafraseando James Young , poder-se-ia definir esse método como técnica para reprodução de idéias em que muitas idéias criativas são meramente copiadas, sem um estudo da adequação das mesmas à realidade em estudo. Dessa forma, muitos brasileiros amparados por essa revolucionária técnica fazem um esforço magnífico para copiar estratégias dos europeus e dos Estados Unidos.
Pode-se até adotar o exemplo de fora, desde que totalmente adaptado ao panorama nacional. Os shows com grupos musicais no intervalo dos jogos de futebol são o melhor exemplo dessa técnica, tentando imitar o padrão americano.
A idéia é muito boa e segue o principio de que tudo que é bom não se cria, se copia. Entretanto nos Estados Unidos, o valor do ingresso é outro totalmente diferente do cobrado nos estádios brasileiros, a começar pelo poder aquisitivo dos freqüentadores das arenas esportivas.
Ao se adotar esse exemplo, terá que ser investido muito dinheiro, a médio e longo prazo, sem o retorno imediato do investimento, pois será preciso um longo período até que o espectador assimile o conceito e passe a reconhecê-lo, inconscientemente, como um valor agregado do produto futebol. O montante gasto será repassado direta e indiretamente ao torcedor. Por mais que haja um patrocinador que financie inicialmente a ação, tal processo provavelmente não se estenderá até o retorno do investimento, comprometendo em termos de criatividade a viabilidade do projeto.
Na verdade, esse último estágio é responsável pelo fracasso da maioria das ações, principalmente por dois pontos: o imediatismo, pois em um mundo competitivo, as pessoas, cada vez mais, devem responder aos instintos externos da forma mais rápida possível, e a ansiedade que acarretará decisões precipitadas.
A criatividade também deve ser levada em conta pelos empresários ao optarem pelo futebol como investimento, tanto para captação de novos recursos para sua empresa, quanto para otimização de seu patrocínio, buscando explorar ao máximo a associação com o clube patrocinado, porém com limites.
Não é por que a empresa patrocinadora fabrica papel higiênico que ira lançar um papel higiênico com a marca do clube. Entretanto, poderá muito bem utilizar jogadores em promoções com a distribuição de produtos para a comunidade.
Apenas atendendo aos quesitos levantados é que se chegará à verdadeira criatividade, em busca da otimização dos esforços e da resolução dos males que afligem e obrigam os sortistas de plantão a fazerem hora exata para tamanha demanda".
Eliezer Jr.
Serviço
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)