ARTIGOS
"O diabinho e o anjinho"
Tem um diabinho falando ao meu ouvido esquerdo sobre o novo contratado do Coxa: “pô, mas o cara parece ser meio vesgo, e era um inútil em um time na mesma situação que a do seu time”... Ao meu ouvido direito, um anjinho lembra o caso do Washington e, ainda mais ousado, do Ronaldo: “quem acreditava neles?” O diabinho não deixa por menos: “é mesmo, também não acreditavam no Ludemar, no Maia, no Marciano, no Peabiru, no Alcimar, no Negreiros. Quanta injustiça...”
Ontem assisti ao jogo do Sport contra o Santo André. E o diabinho alfinetava: “tá vendo, o time deles é tão ruim quanto o seu, mas os caras estão correndo como loucos, como se o jogo valesse o título... Ei, olha só, acabou o jogo! Olha como os caras do Sport estão comemorando... Braços aos céus, abraços emocionados... Isso sim é que é vontade de vencer...” O anjinho, meio sem jeito, dizia: “mas o outro time era muito fraco, ao contrário do imbatível Guarani, que não perde há dois jogos...”
O diabinho, já sentado confortavelmente em meu ombro, me pergunta: “você viu o Mineirão domingo?? Trinta mil pessoas empurrando um time que consegue ser pior do que o teu, mas que sabe respeitar os seus torcedores...”. O anjinho, já meio que querendo sair de lado, contra-argumenta: “vai ver que lá em Minas o ingresso estava menos do que quatro reais...”.
Começo a pensar sobre o técnico do Coritiba. O diabinho percebe imediatamente, e sai com essa: “como é possível que técnicos como o Bonamigo e o Tite fiquem desempregados? Não é difícil de entender??”. O anjinho, envergonhado, argumenta: “tenha paciência, não tenha pressa, ainda que venha uma seqüência de maus resultados, o Estevam também tem família pra sustentar...”.
Totalmente confuso em meio a opiniões tão díspares, peço uma trégua aos meus “conselheiros”. O diabinho, que vivia com as duas mãos espalmadas ao lado da testa, com a língua pra fora, fazendo caretas e diabruras de moleque, protesta e me diz que vai ficar até os quarenta e cinco do segundo tempo, e que vai incendiar meu coração e meu time. O anjinho, já meio careca e de barba, e muito arrogante, diz que também não vai embora de jeito nenhum pois, a despeito de estarmos despencando em um abismo, as contas estão sendo pagas (morreremos sem dever nada a ninguém).
Dou um peteleco no anjinho e pergunto pro diabinho: você me ajuda a gritar??"
Coxa eu te amo!
Marcus Popini, do Rio de Janeiro. Marcus é Coxa-Branca de coração.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)