ARTIGOS
Sobre o Marketing.
Amigos Coxas,
Escrever sobre marketing do Coxa é um assunto extremamente penoso, tendo em vista que nem patrocínio de camisa o clube tem hoje em dia. Aliás, sejamos francos: esta diretoria está completa e irremediavelmente perdida em tudo, começando pelo futebol e entrando nas demais áreas do clube, inclusive o marketing.
Entro nos sites dos adversários do Coritiba na segunda divisão e vejo que praticamente todos têm patrocinadores. Tudo bem, salvo o Atlético Mineiro, que não perdeu o patrocínio master ao cair para a segundona, são patrocinadores modestos, e muitas vezes, diversos, mas é dinheiro que entra em caixa, é preciso considerar isso mormente quando existe no clube uma suposta política de plena austeridade que causou, inclusive, a queda para a segundona e os vexames no Campeonato Paranaense e na Copa do Brasil 2006.
Sinceramente, eu prefiro ver o Coritiba com anúncios na fronte de camisa, no traseiro do calção, nas meias e em todos os lugares disponíveis, tal qual clube de várzea, do que vê-lo com o uniforme limpinho mas com os salários de jogadores atrasados. É melhor um marketing de formiguinha, que marketing orgulhoso mas ineficiente. Se é verdade que hoje o clube não precisa rebaixar seu uniforme, isso poderá não ser igual em 2007.
Desde que eu tive o meu primeiro contato com empresas (hoje sou especializado em direito empresarial) sempre soube que marketing não cuida apenas de produtos e marcas, ele cuida de imagem corporativa, coisa que o marketing do Coritiba não faz. Se fizesse, jamais deixaria criar-se a história dos pangarés, jamais deixaria anunciar obras que não saem do papel, jamais anunciaria contratações depois frustradas.
O marketing deveria passar a imagem de um clube sério, centrado no futebol, com objetivos definidos, no entanto, o Coritiba tem a imagem de um clube bagunçado, onde nada é pensado e tudo é feito de sopetão, o que, talvez, seja a resposta para a pergunta nº 1, abaixo.
A partir disso, tenho muitas e sinceras perguntas:
1. Por que o Coritiba Foot Ball Club não consegue um patrocínio de centro de camisa se os demais clubes da segundona conseguem?
2. Que tipo de marketing é esse, que deixa o clube jogar com camisas borradas para esconder patrocinador antigo?
3. Que tipo de marketing é esse que não consegue contratar com fornecedor de material esportivo antes do término do contrato anterior, deixando o clube na mão por quase 3 meses?
4. Que tipo de marketing é esse que consegue uma churrascaria construída no pior lugar possível, sem qualquer tipo de harmonia arquitetônica com o estádio, mas colada a ele e que sequer usa as mesmas cores de pintura?
5. Que tipo de marketing é esse que esconde a loja oficial do clube atrás de uma churrascaria, sem nem mesmo um acesso pavimentado, desprestigiando o fornecedor de material esportivo tão sofridamente conquistado?
6. Que tipo de marketing é esse que deixa o clube manter um site modorrento em sem graça, onde não há nem fotos atualizadas do estádio e do CT, site que perde em capacidade de informação e beleza gráfica para outros, amadores, feitos por torcedores (Coxan@utas e Vô Coxa) e para quase todos os demais sites de clubes grandes que se podem acessar?
7. Que tipo de marketing é esse que deixa para a própria torcida a tarefa de motivá-la a ir aos estádios? Ora, eu vejo o Coxan@utas, a Império e o Vô Coxa fazendo campanhas para que o torcedor vista verde, para que vá ao estádio, para que leve um amigo junto... mas nunca vejo uma ação concreta e direta do marleting do próprio clube nesse sentido (a exceção da campanha dos pacotes que, convenhamos, foi mais uma humilhação pois, praticamente doando os ingressos, não conseguiu 3 mil adesões, a julgar pelo noticiário).
8. Que tipo de marketing é esse, que deixa o clube anunciar 5 vezes ao ano obras de conclusão de um estádio inacabado há décadas, que já viraram piada de boteco na boca de torcedores de times rivais da cidade?
9. Que tipo de marketing é esse, que divulga maquetes de obras que sabe que não foram aprovadas nem contratadas?
10. Que tipo de marketing é esse que, quando um grupo de investidores-torcedores faz uma proposta para o clube, refuta-a dizendo ter outra em estudos, mas é incapaz de dar qualquer informação sobre ela?
11. Que tipo de marketing é esse que é incapaz de promover os jogadores formados no próprio clube e que não protesta quando vê que o próprio técnico não os prestigia?
12. Que marketing é esse, que não consegue manter nem os patrocínios estáticos do estádio (no sábado, fiquei impressionado com a queda no número de placas)?
13. Se marketing baseia-se na imagem, como é que este deixa o clube anunciar que vai contratar um diretor de futebol, especular por dois meses e depois "contratar" alguém que já estava no clube?
14. Que tipo de marketing põe numa loja o nome Glorioso Verdão, sabendo que essa denominação pode se aplicar ao Palmeiras, ao Juventude, ao Guarani ou ao Goiás, não cuidando de ligar a marca ao nome da instituição?
15. Que tipo de marketing é esse, que assiste impassível a destruição da lindíssima denominação popular "Alto da Glória", aplicada ao Estádio Couto Pereira, para trocá-la por uma besteira como "monumental", mais adequada para definir um cemitério?
Ora, querem saber? Se um dia as obras no Alto da Glória deixarem de ser promessas vãs e saírem do papel, essa churrascaria vai atrapalhar o projeto, porque, repito, não guarda nenhuma harmonia arquitetônica com o estádio e ainda por cima atrapalha o acesso dos torcedores ao setor de sociais e àquela área que deveria ser o cartão postal do Couto Pereira, o espaço Belford Duarte, que agora está escondidinho, imperceptível para quem vêm ao estádio ou o olha da rua!
Como torcedor, eu sempre sonhei com obras no Couto Pereira (se bem que, de anos para cá, tenho sonhado em pô-lo abaixo e fazer outro). Minha idéia sempre foi a de que o clube comprasse os dois terrenos que fazem linha direta com o setor das sociais (que custariam um Cléber, centroavante cuja contratação feita para impedi-lo de jogar em certo clube rubro-negro, causou problemas enormes), demolisse as construções que existem ali, e fizesse na parte onde hoje está a loja do Coritiba, uma entrada monumental para o estádio, toda envidraçada e elegante, de fronte para a Rua Ubaldino do Amaral, parecendo um Shopping Center.
Mas não, sempre que se mexe no estádio é para remendá-lo de modo inexplicável, incluindo aquele elevador horroroso e este prédio jacu, que destruiu completamente a possibilidade de fazer um portal de entrada ao estádio, tal qual os que existem na Europa, como o do Barcelona, do Sevilla, do Benfica, etc...
Apesar de continuar torcendo e apoiando o clube, ando chateado com ele, porque não vejo progresso. Se fui injusto em qualquer das perguntas ou afirmações desta carta, não tenho vergonha de ser contraditado, que venham os marqueteiros do clube e expliquem por que estou errado, até porque não sou profissional da área, podem existir aspectos que eu não tenha percebido.
Por outro lado, também reafirmo o que sempre digo: Giovani Gionédis, Hidalgo, Frega, o pessoal do marketing, os jogadores, o técnico Estevam Soares são pessoas honestas e corretas. Eu, pelo menos, não tenho conhecimento de nenhuma nódoa moral sobre eles e sei que estão bem intencionados e querem o melhor para o clube.
Que fique claro, também, que não estou acusando o empresário da churrascaria de nada, porque ele ofereceu um contrato e este foi aceito. Da minha parte, eu mesmo vou lá experimentar as carnes e virar freguês assíduo, apesar de achar que o clube não deveria ter aceitado o negócio.
Porém, em um clube que quer subir para a primeira divisão e ser reconhecido, boa intenção não basta. É preciso agregar eficiência, e esta, infelizmente, encontra-se longe do Alto da Glória nos últimos tempos, se bem que as coisas nunca foram bem pensadas por lá... Mas houve um tempo em que o Coritiba não tinha marqueteiros, mas ostentava na camisa marcas como Bamerindus, Britânia, Coca-Cola e Bauducco.
Fábio Mayer
Serviço
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Nota
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)