Memória Coxa-Branca17/03/22, 08h22

Um lateral injustiçado

COXAnautas relembra a passagem do saudoso lateral-direito Reginaldo Araújo pelo Coritiba.

Por: Kerwin Kuhlemann

Nesta semana, o Coxanautas relembra a passagem do lateral direito Reginaldo Araújo no Coritiba, atleta que permaneceu por cinco temporadas no clube, e que viveu momentos emblemáticos com a camisa alviverde.

Natural de Presidente Prudente (SP) e nascido em 10/02/1977, Antonio Reginaldo Matias de Araújo, ou simplesmente Reginaldo Araújo, foi um lateral direito que ascendeu das categorias de base do Coritiba no ano de 1997. No ano seguinte, em 1998, o jovem lateral recebeu oportunidades no time principal de Valdir Espinoza, e teve uma grande concorrência na posição, disputando a vaga de titular com os experientes Márcio Goiano e o badalado César Prates. Ainda assim, chegou a participar de 40 partidas naquela memorável equipe que terminou a fase classificatória do Campeonato Brasileiro na terceira posição, atrás apenas de Corinthians e Palmeiras.

Já no início da temporada de 1999, Reginaldo Araújo conquistou a titularidade durante o campeonato estadual e foi importantíssimo na campanha da conquista do Campeonato Paranaense daquele ano, que tirou o Coritiba de uma fila de 10 anos sem títulos. Naquele campeonato, o time que viveu momentos muito ruins no início do certame, mas o elenco se fechou com o técnico Abel Braga e chegou à final contra o então poderoso Paraná Clube que tinha jogadores como Régis, Milton do Ó, Hélcio, Reginaldo Vital, Fernando Diniz, Lúcio Flávio, Ilan e Washington.

Na primeira das três partidas que decidiriam o título, Araújo teve uma participação discreta no jogo que terminou com uma suada vitória Coxa Branca no Couto Pereira por 1 x 0, conquistada através de um golaço de voleio de Cleber Arado. No segundo jogo, numa chuvosa tarde na Vila Olímpica do Boqueirão, o Coritiba perdia por 2 x 0, quando aos 39 minutos da segunda etapa Reginaldo Araújo recebe a bola no bico da grande área e chuta cruzado marcando um gol fundamental na reação alviverde que terminaria com um empate em 2 x 2.

Na grande finalíssima, no Pinheirão, disputada no dia 10/07/1999, o adversário vencia por 2 x 0 logo aos 15 minutos de jogo. Cleber descontou ainda na primeira etapa. O Coritiba jogava sua vida no segundo tempo para garantir a taça e sofria muita pressão do time tricolor. Então, eis que aos 32 minutos do segundo tempo, Reginaldo Araújo volta a ser extremamente decisivo, e, ao receber a bola pela direita, cruza na medida para Darci, que acabara de entrar, escorar para as redes e fazer a torcida Coxa explodir de alegria no Pinheirão.

Aquela temporada ainda reservaria um outro momento importante para Reginaldo Araújo. No mês de novembro, o Coritiba disputou o primeiro atleTIBA na nova arena da baixada, e deixou seu carimbo no estádio adversário com uma vitória de virada por 2 x 1, com um golaço do zagueiro Leonardo no primeiro tempo, e outro de Reginaldo Araújo quase no fim da partida, fuzilando o goleiro Flávio.

Apesar de ter se mostrado um jogador decisivo e ter tido bons momentos com a camisa alviverde, Reginaldo sofria muito com a perseguição de parte da torcida que o criticava de forma sistemática, especialmente nos jogos do Couto Pereira. O desgaste fez com que o atleta saísse em 2001 para defender o São Paulo, ficando uma temporada longe do Alto da Glória. No seu retorno em 2002, o panorama não se alterou muito, e Araújo continuava sendo alvo constante de insultos.

No entanto, um fato emblemático viria a mudar um pouco o conceito do lateral perante seus críticos e fazer com que mais pessoas passassem a admirá-lo. Era uma quarta-feira à noite e o Coritiba recebia o qualificado Santos de Diego e Robinho no Couto Pereira. Em poucos minutos o time santista abria 2 x 0 com direito à provocação de Diego sobre o escudo do Coritiba, revoltando a torcida que estava no estádio. Como sempre a grande culpa recaía em Reginaldo Araújo que sofria apupos vindos das cadeiras das sociais. Porém, em cinco minutos, o Coritiba promoveu uma virada espetacular, que começou com Lúcio Flávio e Edinho Baiano, e terminou com um belo gol de Reginaldo Araújo que, que após balançar as redes, imediatamente virou para o torcedor e apontou para seu braço em forma de desabafo, mostrando que tinha sangue verde nas veias e provando mais uma vez o seu valor.

O ano de 2002 seria a última temporada de Reginaldo Araújo com a camisa alviverde, porque depois seguiria para o Santos, e ainda jogaria por Flamengo, Noroeste, Santa Cruz, Beira Mar (POR), Criciúma, Foz do Iguaçu e finalmente o Rio Branco em 2010, seu último clube da carreira.

Araújo infelizmente faleceu de forma muito precoce, aos 38 anos, na cidade de Uraí/PR. Ele atuava como auxiliar técnico do time do PSTC, e participava de um treinamento da equipe, quando foi acometido por um infarto fulminante.

Reginaldo Araújo vestiu de forma muito honrosa a camisa do Coritiba, e até hoje é lembrado com muito carinho por uma geração de torcedores. Muitos avaliam que ele foi um jogador muito injustiçado por sofrer críticas excessivas por parte da torcida Coxa Branca. Porém, é inegável que este atleta foi um grande exemplo de resiliência e superação, jamais deixando se abater com as adversidades, e mostrando a força e o brio que todos nós queremos ver naqueles que vestem o sagrado manto alviverde.

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