Especial
Colaboração: Bruno Kafka
Em dezembro de 2017, a chapa Coritiba do Futuro venceu as eleições para comandar o Clube no triênio 2018-2020. Entre as promessas, as mesmas ideias rasas de sempre com alguns pitacos de uma má leitura de trajetória sobre a chapa que havia vencido as eleições em 2014. Acreditavam que o erro da gestão passada havia sido a montagem de um G5 heterogêneo e um G160 (conselho deliberativo) sem alinhamento. Para resolver o problema, faziam reuniões visando a apresentação de ideias, explicando quais seriam os planos para o futuro do Coritiba. Ideias como “colocar mais a base pra jogar”, priorizar o uso das redes sociais oficiais do Clube permearam toda a campanha.
No discurso também, havia a forte presença da redução de custos como um todo, visando otimizar a utilização das receitas e estancar o endividamento do Clube. Em 2018 montaram um time muito fraco para o Estadual, visando dar minutagem para diversos atletas comprovadamente fracos e a um treinador também sabidamente limitado. Durante o ano, mais diversos erros que culminaram na 10ª posição da Série B, o que ocasionou num prejuízo muito grande o qual essa coluna tentará detalhar.
Utilizando como comparativo o Bahia, clube que sempre recebeu os mesmos valores que o Coritiba na Série A, é possível estimar o verdadeiro prejuízo, considerando apenas as cotas televisivas. Vejamos, separadamente, cada um dos novos contratos que vão “financiar” o futebol brasileiro a partir de 2019.
TELEVISÃO ABERTA (Rede Globo)
Segundo o site especializado em finanças do futebol brasileiro, cassiozirpoli.com.br, a projeção máxima do quanto o Bahia vai faturar com a TV aberta em 2019 é de R$ 71,4 milhões. Esse valor varia de acordo com a posição que o clube feche a Série A e também com o número de jogos que forem transmitidos na Rede Globo. Assim, para estabelecermos um valor comparativo, usemos o valor mínimo de R$45 milhões, variando até R$71,4 milhões.
O Coritiba, que até ano passado recebia R$35 milhões, passará a receber R$6,6 milhões em 2019.
Assim, na TV aberta, o prejuízo será valorado entre R$38,4 milhões e R$64,8 milhões.
TELEVISÃO FECHADA (Esporte Interativo)
O contrato com a Esporte Interativo prevê que, caso o Coritiba encontre-se na Série B, não receberá nada pela transmissão em televisão fechada.
Já na Série A, o valor a ser recebido também varia de acordo com a posição final do time no campeonato e com a audiência dos jogos transmitidos. O valor, segundo o blog do Rodrigo Mattos, no UOL, caso os 20 times da Série A tivessem assinado com a EI, seria de R$550 milhões a ser repartido entre todos. Como são 7 times que tem contrato com a emissora, o valor a ser repartido é de R$ 193 milhões. Assim, consideremos como valor-base comparativo um valor mínimo de R$20 milhões e um valor máximo de R$30 milhões.
Com base nisso, podemos concluir que o prejuízo na TV fechada será entre R$20 milhões e R$30 milhões.
PPV
Segundo as últimas informações divulgadas na imprensa, o Coritiba e mais alguns clubes da Série B ainda não assinaram o contrato. Assim, esse modelo de transmissão não será analisado.
Transmissões internacionais
Segundo informações divulgadas recentemente pela Gazeta do Povo, o grupo “Prudent”, dos Estados Unidos, fez uma proposta para comprar os direitos de transmissão do Brasileirão para fora do Brasil. As cifras são de US$200 milhões, que num primeiro momento serão divididas entre os Clubes da Série A, Série B e Série C.
Os clubes da Série A receberão, num primeiro momento, R$32 milhões. Enquanto isso, os clubes da Série B receberão R$3,8 milhões e os da Série C vão receber R$1,8 milhão.
Com base nessas informações, o Coritiba deixará de receber R$28,2 milhões.
SEGUNDO ESSES DADOS, SÓ COM OS CONTRATOS DE TRANSMISSÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO, O CORITIBA DEIXARÁ DE ARRECADAR R$86,6 MILHÕES, VALOR QUE PODE SER AINDA MAIOR, COM POSSIBILIDADE DE CHEGAR A R$123 MILHÕES. ISSO SEM CONSIDERAR, AINDA, OS VALORES DE PPV, QUE CERTAMENTE OCASIONARÃO NUM VALOR AINDA MAIOR.
Além do valor que o Coritiba deixará de arrecadar com contratos de transmissão, ainda há a baixa do número de sócios, de bilheteria, de valor recebido com patrocínios, de venda de atletas (a Série A é uma janela muito mais valorativa), a ausência nas fases finais da Copa do Brasil (o time montado para Série B é mais fraco, tornando-se assim mais vulnerável contra os times das fases iniciais da Copa do Brasil) e participação na Copa Sul Americana (só a primeira fase garante R$1.1 milhão), que poderia ser assegurada com a 14ª colocação da Série A.
Ou seja, a inexperiência da direção futurista que assumiu o Coritiba no final de 2017, já causou um prejuízo muito maior que todas as outras gestões já ocasionaram ao Clube. E cada mês até dezembro de 2020 pode e deve ocasionar em perdas e mais perdas milionárias, podendo passar até mesmo de R$500 milhões até o final do mandato. Queda de faturamento que certamente deixará sequelas graves na administração futura do Coritiba, causando um prejuízo inestimável no médio e longo prazo, afinal, o Clube entrou em um "círculo desvirtuoso" em que maus resultados retroalimentam mutuamente as perdas de receitas e daí equipes limitadas, recomeçando o ciclo cada vez de forma pior.
No confronto contra o URT pela Copa do Brasil, que causou a eliminação do Coritiba, a fraqueza na montagem do elenco já ocasionou no prejuízo valorado em R$600.000,00 pela participação na 2ª fase da Copa do Brasil (valor que poderia ser ainda maior de acordo com o quão longe o Coritiba fosse na competição).
Samir e seus pares deveriam refletir e pensar qual é o melhor caminho para eles. Afinal, o prejuízo milionário já está sacramentado, e se não houver nenhuma brusca mudança de rumo, a Coritiba do Futuro vai destruir ainda mais o futuro de uma instituição que completa 110 anos em outubro.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)