FALA, COXAnauta!
Sou um ferrenho torcedor do Coritiba. Ferrenho, por ter cuidado para que todos os meus filhos, são quatro ao todo, me acompanhassem nessa jornada de torcedor Coxa-Branca. Nem tão ferrenho a ponto não enxergar e entender todas as dificuldades, dentro e fora do campo, para manter uma equipe como o Coritiba. Sou pé-vermelho por morar há mais de 10 anos em Londrina, quase 400 quilômetros de Curitiba.
Nasci Boca-Negra (para os mais jovens, era apelido dado aos torcedores do, já finado, Ferroviário). Passei toda a minha infância e adolescência morando na Vila Capanema, a duas quadras do estádio Durival de Brito. Lá fui apresentado ao futebol.
Meu pai, engenheiro da Rede Ferroviária, foi diretor do Ferroviário e responsável muitas da obras do estádio Durival de Brito. Quem ainda não reparou nas Torres de iluminação, construídas com trilhos de trem, que foi a sua principal realização? Ele era um Boca-Negra ferrenho.
Sua desilusão com o futebol foi na fusão do Ferroviário, virando o Colorado. Ele não era contra a fusão e sim com a mudança do nome para Colorado e com as pessoas que passaram a dirigir o novo clube. Ficou mais magoado com o enterro que fizeram com tudo que lembrava o Ferroviário, inclusive das placas que homenageavam as pessoas que colaboraram com o clube. Ficou tão desiludido com o futebol que nunca mais pisou num estádio.
Eu, no início da minha adolescência, fiquei desnorteado. Não poderia trair o meu pai e torcer para o Colorado. Tive que esfriar, ou até congelar, a paixão que tinha pelo futebol, meta impossível de atingir. Sempre tive antipatia pelo Atlético, em razão do fanatismo de sua torcida (uma mistura de corinthiano com argentino), pois, enquanto torcedor do Ferroviário, sofria as gozações dos colegas do colégio. O Coritiba, até então, ainda era uma opção distante.
Resolvi acompanhar o Coritiba no Campeonato Nacional de 1972. No início, torcendo apenas como um paranaense. Meu envolvimento maior aconteceu ao assistir um jogo, contra o Corinthians no Pacaembú, pela televisão (no tempo em que podíamos acompanhar sem ter que pagar pela TV a cabo). Este jogo foi decisivo.
Antes do jogo, os comentaristas paulistas davam como certa a vitória do Corinthians de goleada, desprezando a equipe paranaense. Isto me deixou irritado. Nos primeiros minutos, o Coritiba parecia perdido em campo, levando 3 gols do adversário. Parecia que tudo estava perdido e concretizava a profecia dos cronistas paulistas, que tripudiavam o futebol paranaense. Porém, o time foi se acertando e terminou a partida vencendo, brilhantemente, por 4 a 3. Há muito tempo não vibrava tanto em uma partida de futebol. O melhor era ver os comentaristas engolindo tudo o que haviam falado do nosso time.
Ali começou a minha nova paixão. Ali comecei a torcer pelo Coritiba. Naquele momento virei Coxa-Branca.
Obs.: pé-vermelho é o apelido carinhoso dado ao pessoal do norte do Paraná. Me considero pé-vermelho pelo tempo que resido em Londrina e pelo carinho que tenho desta cidade onde fui muito bem recebido. Por isto sou um Coxa-Branca e Pé-Vermelho.
Luiz Eduardo Pacheco de Carvalho é Coxa-Branca de coração.
Nota: A opinião do autor não representa necessariamente a opinião da equipe de administradores do site COXAnautas, que apenas cede o espaço à publicação.
Para escrever na seção Fala, COXAnauta!, envie seu texto com título, seu nome completo e CPF para falacoxanauta@coxanautas.com.br.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)