FALA, COXAnauta!
Provavelmente, alguns leitores não sabem do que estou falando, num primeiro momento, mas, elucidarei. Em algumas rodas de conversa sobre futebol, sempre chega um sujeito (atleticano, normalmente) e depois que já perdeu em todos os argumentos para alegar superioridade, faz a seguinte observação: “o Coxa é igual a um golfinho: sobe, faz umas gracinhas e depois vai pro fundo de novo”.
Confesso que achei engraçado, porém, o pessoal das terras baixas não perde por esperar o fim deste texto. O Coritiba pode, de fato, ser comparado a um golfinho e não vi nenhuma grande ofensa nisso. Mas, sempre existe um lado pejorativo, quando a conversa vem de um atleticano. Na maioria das vezes, querem arrotar superioridade referindo-se a nossas derrotas ou crises, citando o seu magnífico estádio “inconcluso” (tentam terminar o seu primeiro grande estádio, quando o Coritiba já planeja o seu segundo), falando do seu maravilhoso CT que revela jogadores do PSTC, “elegendo o vice” da Libertadores como conquista (sem nunca sequer terem chegado a uma semifinal de Copa do Brasil, mostrando o quanto foi casual). Não somos deslumbrados com “modinhas” e percebemos que as instituições, de um modo geral, possuem seus altos e baixos. Alguns torcedores ruborizados imaginam-se imunes aos momentos ruins, pensando que sempre haverá alguém para “içá-los do fundo do mar”.
Já tecendo analogias, existem outros aspectos que tornam o Coxa semelhante a um golfinho: a vida própria e a liberdade, por exemplo. Nós, torcedores, participamos da vida do clube no Alto da Glória, exercendo influência direta sobre o momento deste que pulsa, como um coração, podendo ir de um ritmo acelerado até quase enfartar. Ser campeão ou não depende de circunstâncias e isto não o torna tão maior ou menor; é apenas estar. Porém, quando vemos um Couto Pereira ir do drama ao êxtase, como em tantas oportunidades, tem-se uma dimensão muito mais real do ser.
O Coxa-branca de raiz tem uma personalidade independente, algo que pode ser medido em sua própria história. Admiramos este Clube, pois, foi concebido por uma imensa rede, ao longo do tempo e que não tem como característica ser rebocado para atingir certos objetivos. Subimos, descemos, vencemos, perdemos, construímos e até destruímos e vamos conduzindo nossa vida, sem a necessidade de subterfúgios. E o nosso coirmão, funciona da mesma forma? Pensando em outra figura relacionada com a água, com o que podemos compará-lo? De repente, eis que vejo algo simples que lembrou o CAP: Uma âncora! Que tipo de objeto é aquele que só consegue sair da água quando é “puxado” para a superfície, dependente de correntes? Para sentir-se um grande e auferir conquistas esportivas ou patrimoniais, necessita muitas vezes de padrinhos (sem os quais ficam órfãos) ou, então, de auxílio do poder público para concluir seus projetos, ou do empréstimo de estádios dos seus coirmãos (Couto Pereira, Pinheirão, Vila Capanema, por exemplo) de tempos em tempos, ou da interferência de um coirmão para não descer de divisão, ou de marketing gratuito de uma parte tendenciosa da imprensa para mostrar uma realidade que não existe. Que tal retirarmos estas correntes que puxam a âncora do fundo? Será que o CAP se vira? Porém, pensando bem, há muito tempo o CAP não consegue subir “além da superfície da água”, de maneira a se destacar. Então, se a comparação com a âncora também não serviu, qual é o “objeto ou coisa” que não afunda, porém, não vai além da superfície da água, ou seja, fica apenas boiando? Não me atreverei a dizer aqui qual é a coisa... tirem suas conclusões.
Portanto, quando quiserem fazer comparações entre um Golfinho do Coxa e a m. do CAP, elas só podem restringir-se ao campo de jogo, quando defrontam-se os 22 jogadores. Neste caso, eventualmente seremos melhores ou piores e talvez até nos tirem “um sarrinho”. Mas, as comparações só servem para o gramado e acabam por aí. Fora do campo de jogo, nem tentem comparar-se com o Coritiba. Seria patético, frustrante. Ficamos no Alto da Glória, nossos símbolos e cores fazem referência a vida, esperança e paz. Não cultivamos cores com simbologia de gosto duvidoso e nem figuras como caveiras. Coritiba é só alegria.
Maurício Dobjanski é Coxa-Branca de coração.
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