FALA, COXAnauta!11/12/07, 07h00

Sobre as estrelas

O Coxa-Branca Fábio Mayer é mais um torcedor a se manifestar contra a colocação de uma nova estrela na camisa do Coritiba

Sobre as estrelas


Já li de torcedores que querem uma estrela prateada na camisa. Outros, querem outra estrela dourada, por conta do Torneio do Povo e outros, ainda, uma estrela verde, em homenagem à torcida do Coxa.

Vamos por partes:

O Torneio do Povo foi apenas uma competição de verão.

O único fato relevante sobre ele, é que marcou mais uma vez a tradição de pioneirismo do Coritiba Foot Ball Club, que passou a ser o primeiro clube do sul do país a vencer um torneio no qual participaram paulistas e cariocas.

Não se venha dizer que foi um torneio entre clubes fracos porque, naquela década, o Atlético Mineiro, o Bahia e o Internacional conquistaram muitos dos campeonatos estaduais que disputaram, enquanto o Corinthians e o Flamengo venceram 2 ou 3, mas o clube paulista foi duas vezes vice-campeão nacional e o carioca era o início na verdadeira máquina que dominou o futebol brasileiro na primeira metade da década de 80.

Eram todos times fortes, mas foi um torneio de verão disputado em turno único que não merece estrela na camisa, por mais que seja uma jornada memorável, que será sempre lembrada com carinho pelos Coxas.

Aliás, se for para colocar estrela por ele, o Febrafu de 1997 e a Série B de 2007 também mereceriam uma, porque o primeiro teve praticamente o mesmo formato de tabela e a Série B foi extremamente difícil, aliás, heróica, por mais que tenha gente que despreze.

Por outro lado, homenagear a torcida é algo muito bonito, mas não na camisa do clube, porque torcedor de verdade não quer estrela verde da camisa, ele só sente-se homenageado com grandes jornadas e títulos.

Ademais, esse negócio de estrelas na camisa pode ficar estranho e fugir de algo que marca os uniformes do Coritiba durante toda a sua história (com exceção dos anos em que a Umbro forneceu material para o clube), a elegância!

Imaginemos o Flamengo, cujo escudo oficial tem 4 estrelas brancas, que homenageiam fatos passados do clube em âmbito estadual. Que ele resolva pintar 5 estrelas pelos Brasileirões que venceu, mais duas pelas Copas do Brasil, mais uma pela Libertadores e outra pelo Mundial de 1981?

O Vasco da Gama, tem 8 estrelas que simbolizam títulos estaduais invictos. E se ele juntar as 4 estrelas de brasileirões e mais duas relativas ao Sul-Americano de 1948 e à Libertadores que venceu em 1997?

E o Santos, o Corinthians, o Palmeiras, o Cruzeiro, o Grêmio e o Internacional e principalmente, o São Paulo, que tem duas estrelas vermelhas que homenageiam um gênio olímpico chamado Ademar Ferreira da Silva?

Se usarmos esse critério de estrelar a camisa por qualquer conquista ou homenagem, teremos verdadeiras constelações em volta dos escudos dos clubes.

Pior, e se inventarmos uma quotação?

Estrela grande e dourada: Mundial
Estrela grande e prateada: Libertadores
Estrela amarela: Brasileirão
Estrela laranja: Copa do Brasil
Estrela cinza: Série B
Estrela bronze: Série C
Estrelas pretas, verdes, vermelhas, amarelas, etc: Para o que o clube quiser, ele que escolha.


Sinceramente, ficaria algo ridículo em qualquer camisa, que dizer na do nosso Coritiba.

Se colocarmos uma estrela homenageando a torcida ou um título como o Torneio do Povo ou o Febrafu, um dia, alguém dirá para homenagear com estrelas o Fedato, o Krüger, o Evangelino da Costa Neves e o Major Couto Pereira. Todas merecidas e defensáveis, mas e como ficará a camisa?

Os clubes italianos só podem usar em sua camisa, uma estrela para cada 10 campeonatos nacionais vencidos. No Brasil ainda se fala em estrela na camisa, porque só passamos a valorizá-la a partir de 1971, mas chegará um dia que norma parecida terá de ser instituída.

Na minha linha de raciocínio, prefiro deixar a camisa como está. Mas se for para colocar outra estrela, terá necessariamente de ser a prateada da Série B, porque, em campo, ela valeu muito.

Mas eu prefiro a camisa do Coxa com aquela elegância de sempre. Duas listras horizontais verdes com fundo branco e escudo ao centro, calções pretos e meias cinzas. Não há uniforme mais bonito no mundo!


Fábio Mayer é Coxa-Branca de coração.

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