UM NOVO COUTO
Couto pra sempre
Tenho ouvido muito a respeito dos planos da diretoria do Coritiba sobre a celebração de uma “parceria internacional” visando a construção de um novo estádio para o clube, nos moldes das “arenas multiusos”. Fala-se em uma moderna edificação que comportaria 45 mil espectadores confortável e modernamente acomodados.
As primeiras dúvidas sobre a intenção exposta derivam de quais seriam os parceiros investidores, de quais as obrigações que o Clube teria que assumir (a contraprestação), de qual a destinação do atual patrimônio do Coritiba (inclusive com os seus inúmeros arrendatários – camarotes, churrascaria, bares, praças de alimentação e outros) e do local da futura empreitada.
Variados outros aspectos ainda carecem de convincentes explicações. A situação dos proprietários de cadeiras perpétuas é um exemplo. Como se resolveria a questão?
Sempre fui uma pessoa aberta às novidades, aos avanços e ao progresso. Entretanto, no caso em tela, penso um pouco diferente e filio-me aos tradicionalistas. O Coritiba possui um belo estádio de futebol, próprio, localizado numa região especial de Curitiba e absolutamente consagrado nacional e internacionalmente.
- O que o Couto Pereira precisa é de conclusão e não de implosão, demolição ou mudança de uso.
Completar o estádio (e existem projetos prontos com alternativas viáveis e extremamentes interessantes e atuais), seu entorno (com modernizações arquitetônicas e de visual) e a ampliação da área física (com a aquisição de alguns imóveis vizinhos), me parecem aspectos muito mais interessantes do que um novo endereço, com parceiros desconhecidos e de interesses ainda não revelados.
A conclusão completa do estádio o dotaria de capacidade superior a 40 mil lugares, com novos camarotes (privados e associativos – empresas), readequação das instalações de imprensa (TVs, rádios, jornais e Internet), cobertura integral das curvas, atividades terceirizadas e possibilidades de ganhos comerciais nos inúmeros espaços sem utilização. Edificar, aperfeiçoar, modernizar e adequar seriam os verbos a serem conjugados no processo conclusivo da lendária praça esportiva.
Todas as pesquisas realizadas mostram que o maior sonho da torcida do Coritiba é ver o Couto Pereira concluído. O trabalho e o esforço de gerações não podem ser desprezados e, de uma hora para outra, relegados à memória dos museus, num País sem cultura e hábito para os mesmos.
Existem coisas que nunca podemos abdicar, seja em nossas vidas pessoais ou comunitárias. A nossa história, o nosso passado, a nossa casa e a nossa própria marca. O “Alto da Glória” faz parte da vida do Coritiba que lá construiu sua quase centenária trajetória. Não pode ser abandonado em aventura descabida e desnecessária, com a simples justificativa da modernidade. Nem sempre o “novo” é caminho, principalmente quando a caminhada foi longa, árdua, vitoriosa e no “velho” e bom Couto Pereira.
Em 19/04/2007, expondo um pensamento individual e respeitando posicionamentos contrários, está pautado...
Domingos Moro
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)