COUTO PEREIRA27/01/05, 14h00
A história da construção do Estádio Couto Pereira
A origem do Alto da Glória
Adpatado do site Fundação Ayrton Lolô Cornelsen.
Aryon Cornelsen, atleta vencedor pelo Coritiba Foot Ball Club e engenheiro formado pela UFPR, botou em prática seu projeto na construção de uma praça para esportes na capital paranaense. Eleito presidente do Coritiba em 1956 seguiu no posto até 1963. Durante sua administração, realizou um sonho de seu pai e de seu irmão mais velho Alcir, também conhecido como Cezico (outro atleta vencedor pelo Clube).
Voluntários testam a marquise do Couto Pereira, em 1968
O Estádio Couto Pereira foi construído baseado no projeto do Estádio Olímpico Moyses Lupion, que em 1943, teve sua construção vetada pelo governo do estado. O então secretário da fazenda do governo Lupion, Emílio Hieges vetou as obras, que destoava do padrão empregado nas construções do estado, mostrando assim uma estética arrojada.
Decorridos quase dez anos, Aryon colocou seu projeto novamente a disposição, pois Curitiba necessitava de um estádio confortável para abrigar os grandes clássicos paranaenses. Dessa vez, não houve interesse da comunidade e sua construção novamente foi adiada.

Esboço do Projeto Olímpico da família Cornelsen
Dois anos depois, a construção se deu inicio, precisamente no dia 6 de janeiro de 1958. Era o segundo projeto de Ayrton Lolô Cornelsen, irmão caçula de Aryon. Era necessário Cr$ 200.000.000,00 de cruzeiros para a construção de um estádio com a capacidade para 75 mil pessoas, sendo 48 mil sentadas. O terceiro maior estádio do Brasil ficaria atrás somente do Maracanã e do Morumbi.

Inauguração do estádio em 1932: um avião sobrevoa o estádio antes do início da partida
O projeto
Além da capacidade do estádio Couto Pereira para 75 mil pessoas, o projeto original previa um shopping center com 54 lojas de 50m², entre outros destaques da obra, se destacava um hotel com 108 leitos, um restaurante, um salão nobre, um museu e uma sala de musculação.
Esse shopping center viabilizaria o centro esportivo fora das temporadas esportivas e se localizaria na rua Mauá. Até por isso, seria necessário que o Coritiba adquirisse dois terrenos em volta do estádio Couto Pereira: um de propriedade de José Lupion que ficava na Rua Ubaldino do Amaral (60x60); e outro em frente ao Estádio, a chácara Fedato, com 19.320m². O valor da compra foi orçado em 21 mil contos de réis.
Um templo se erguendo
Para levantar dinheiro e construir o estádio, Lolô criou um plano semelhante ao utilizado na construção do Maracanã, oito anos antes. A venda de cadeiras perpétuas garantiria a construção da praça de esporte, como as mensalidades garantiriam a manutenção do complexo esportivo.
“Ganhava dinheiro no bolo esportivo e, meu pai aplicava na construção do estádio. Foi assim que começamos a construção do Belfort Duarte”. - Aryon Cornelsen.
A primeira etapa do atual estádio Couto Pereira foi entregue no dia 12 de outubro de 1958, mesma data de inauguração do primeiro estádio (Belfort Duarte) em 1932 e também, data de aniversário do Coritiba.

Construção do primeiro anel do Belfort Duarte
O projeto precisou ser modificado, após Aryon Cornelsen falar com o vereador Milton Anselmo, solicitando um terreno aos fundos do Cemitério Protestante para a construção de um parqueamento de carros. Porém, o Projeto de Lei concebido pelo vereador, foi vetado pelo então prefeito de Curitiba, Ney Braga, que doou o terreno para a construção da Igreja Perpétuo Socorro, o que acabou de vez com aquele que seria um estádio modelo.
A posse de uma gestão de dirigentes opositores a Cornelsen, fez com que a obra fosse ainda mais descaracterizada. Os novos dirigentes, que já eram contra o inicio das obras, abandonaram o projeto de Lolô e reduziram a estrutura de um estádio olímpico. Também mudaram o nome do estádio de Belfort Duarte para Couto Pereira.
Quando as atuais sociais do estádio começaram a ganhar seu formato, o público procurava um espaço em meio às obras, nos dias de jogos. Em 1968, houve um acidente com a marquise, que teve que passar por um processo de reformulação. Quando concluída a reconstrução da marquise, dezenas de voluntários apareceram para testá-la, fazendo assim uma prova de carga na cobertura das cadeiras superiores do Alto da Glória.

Reconstrução da marquise, em 1968
Enfim, o estádio não seguiu o projeto de Lolô Cornelsen, que por motivos pessoais, não acompanhou a obra.
Alto da Glória
Já há meio século, o Coritiba inovava e saía na frente dos rivais com idéias e projetos fantásticos. O Estádio Couto Pereira foi construído com o tempo, de grão em grão. Foi ganhando seu formato com a ajuda de muitos torcedores apaixonados pelo Clube que faziam questão de ajudar, vendendo ou comprando rifas, adquirindo uma cadeira perpétua ou se tornando sócio do Clube.

Visão das obras no estádio em 1971.
Aryon foi quem deu o ponta pé inicial na construção do até hoje, maior estádio do Paraná e palco de grandes partidas no futebol brasileiro. Porém, muitos Coxas-Brancas, famosos ou anônimos, presidentes, conselheiros, proprietários de cadeiras ou simples torcedores, podem se considerar “donos” do Alto da Glória.
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Fontes:
Diário da tarde, Quinta-feira, nove de agosto de 1973.
Revista Cori70, nº 6, 1969.
Fotos:
Fotos: maquete estádio: www.fundacaololo.com.br
Foto capa: Família Utrabo
Foto: inauguração do Couto Pereira, 1932: Cid Destefani
Fotos: construção primeiro anel do Belfort Duarde; Couto Pereira em 1971: domínio público