MEMÓRIA
Não foi desta vez que o Atlético-PR conseguiu superar o Coxa, que continua o melhor em tudo no Paraná!!!
Veja por que:
(Conheça também a história dos AtleTibas)
Por Tom Capri (*)
Não foi desta vez que o Atlético-PR conseguiu superar o Coritiba. Se tivesse ganho o "Brasileirão 2004" - o Santos é que foi bicampeão (2 a 1 sobre o Vasco, no último jogo) -, o Furacão teria dado o passo que faltava, mas não conseguiu chegar lá. Por isso, o Coritiba, também conhecido por "Coxa-Branca" ou só "Coxa" (por causa dos primeiros jogadores de sua história, descendentes de alemães e que tinham as coxas brancas), continua melhor em tudo, no Paraná.
Foi sem sombra de dúvida um ano atípico para o futebol paranaense. Não porque o Furacão, agora conhecido também como "Nuvem Passageira", quase chegou lá, o Coxa fez uma campanha razoável e o Paraná se manteve honradamente na Série A, mantendo o futebol paranaense em destaque. Mas
porque aconteceu algo inédito no futebol do Paraná, durante o Brasileirão.
É que, nesta reta final do campeonato, o Coxa enfrentou o Santos em casa (no Couto Pereira) em circunstância no mínimo bizarra: se tivesse ganho ou empatado aquela partida, teria pratidamente decidido o título a favor do
Atlético-PR e deixado o arqui-rival passar em sua frente (o Coxa já havia perdido o clássico do segundo turno por 2 a 1).
No caso de conquista deste Brasileirão pelo Furacão, o time de Washington, o grande artilheiro do Brasileirão, teria finalmente atingido este que vem sendo seu maior objetivo, nos 80 anos de história do clube: superar em feitos e conquistas o Coxa, tornando-se o melhor do Paraná.
O que aconteceu, naquela rodada que teve Coxa vs. Santos, foi algo inédito na história do futebol paranaense: a torcida do Coritiba prometeu lotar o Couto Pereira para torcer pelo Santos, contra o próprio time, pois só a
vitória manteria a equipe santista com chances de conquistar o Brasileirão, ajudando a derrubar o Atlético-PR.
Já a torcida do Atlético-PR havia prometido ajudar a do Coxa a lotar o Couto Pereira, só que, acredite quem quiser, para torcer pelo arqui-rival, o Coritiba, contra o Santos, fato que jamais havia ocorrido no futebol paranaense e até então parecia ser algo impossível de acontecer.
Mais do que isto, a conquista do título do Brasileirão pelo Furacão mudaria a história do futebol brasileiro, na medida em que guindaria o futebol do Paraná à condição de "grande força". Veríamos se repetir o mesmo fenômeno ocorrido nos anos 60 com o futebol mineiro e gaúcho.
Vale lembrar: nos anos 60, explodiram nacionalmente, quase que ao mesmo tempo, tanto o futebol de Minas quanto o do Rio Grande do Sul, praticamente equiparando-se aos dos grandes centros, Rio e São Paulo.
Coincidentemente, em Minas, a explosão havia se dado naquela época pela via do Cruzeiro, que até então era o segundo time do Estado, deixando o Atlético Mineiro para trás. Já, no Rio Grande do Sul, a explosão acontecera
justamente pela via do Grêmio, que também era o segundo time do Estado, deixando o Internacional para trás.
O fenômeno poderia se repetir então no Paraná: a explosão do futebol paranaense como nova força nacional estava prestes a se consolidar e justamente pela via do Atlético-PR, que sempre fora a segunda força do Estado. É preciso acrescentar também que o bicampeonato, em 2004, guindaria
o Furacão à condição de time grande, no panorama do futebol nacional.
Era preciso, portanto, que o Coxa impedisse a escalada do rival, no mínimo facilitando as coisas para o Santos, naquela rodada. Mas tal não aconteceu: o Coritiba não facilitou nada e o Santos ainda assim venceu o jogo (1 a 0), mantendo as esperanças de chegar ao bicampeonato.
A diferença entre a possível explosão do futebol paranaense e a que se dera em Minas e no Rio Grande do Sul, nos anos 60, estava no fato de que, nestes dois estados, os grandes rivais de Cruzeiro e Grêmio, o Atlético Mineiro e o Internacional, acabaram se superando depois e se tornando também times grandes do futebol brasileiro.
Já, no Paraná, não havia nenhuma perspectiva de que isto viesse a acontecer também com o Coxa ou com o Paraná. O Paraná há tempos vai mal das pernas. O Coxa já teve seus dias de glória, mas encontra-se hoje na mesma situação do
Flamengo e outros clubes brasileiros: tem uma dívida que supera os 30 milhões de reais e enfrenta dificuldades para equilibrar suas contas. Portanto, não têm forças para tornar-se um gigante tão cedo.
Então, não foi mesmo desta vez que o Furacão superou o Coxa. Mas dias terríveis ainda podem vir por aí para torcedores do Coritiba e do Paraná. Com a estrutura invejável que possui, o Furacão tem tudo para deslanchar e
se tornar um Milan ou um Real Madri do futebol brasileiro. Está com as contas em dia, conta com um estádio belíssimo e é, desde já, um dos favoritos para abocanhar a Libertadores de 2005. Pode inclusive sonhar com o Mundial de Tóquio, enquanto o Coxa e o Paraná não têm o que perspectivar.
Apesar de tudo isso, a história de Coxa e Furacão revela que o Coritiba, até aqui, sempre foi melhor em tudo, no Paraná, e que não foi desta vez que o Atlético-PR passou à frente do grande rival.
Os AtleTibas (Coritiba vs. Atlético-PR) disputados e os títulos conquistados pelos dois clubes em toda a história de ambos provam que o Coritiba - que também já deixou (recentemente) de ter a maior torcida no Paraná (acaba de
perder em número de torcedores para a torcida do Atlético-PR, é verdade, em pesquisa polêmica e que vem sendo muito questionada) -, ainda é o melhor do Estado em tudo.
Confira:
AtleTibas disputados até 18/11/2004 (498 a 447 para o Coxa)
Total até 29/08/2004 (o último disputado): 320
Vitórias do Coritiba 125:
Vitórias do Atlético: 101
Empates: 96
Gols marcados pelo Coritiba: 498 (51 a mais)
Gols marcados pelo Atlético: 447
Números no Brasileiro (22 a 17 para o Coxa)
AtleTibas disputados pelo Campeonato Brasileiro: 19
Vitórias do Coritiba: 9
Vitórias do Atlético: 5
Empates: 5
Gols marcados pelo Coritiba: 22
Gols marcados pelo Atlético: 17
Títulos brasileiros
Coritiba: (um) - 1985 (1º Campeão Brasileiro do Paraná)
Atlético: (um) - 2001 (1º Campeão Brasileiro do novo milênio)
Títulos Paranaenses
O Coritiba tem mais títulos estaduais e também mais títulos consecutivos, pois foi o único do Paraná a conseguir o hexacampeonato, em 71, 72,73,74, 75 e 76, sendo que, se não tivesse perdido os títulos de 70 e 77, teria conquistado todos os campeonatos paranaenses dos anos 70.
Coritiba - 32 títulos paranaenses (1916, 27, 31, 33, 35, 39, 41, 42, 46, 47, 51, 52, 54, 56, 57, 59, 60, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 86, 89, 99, 2003, 2004).
Atlético - 20 títulos paranaenses (1925, 29, 30, 34, 36, 40, 43, 45, 49, 58, 70, 82, 83, 85, 88, 90, 98, 2000, 2001 e 2002).
Melhores pontuações entre os dez primeiros do Brasileirão:
Coritiba (já ficou 10 vezes entre os dez primeiros): Campeão em 1985; 3º em 79; 4º em 80; 5º em 72 e 2003; 6º em 98; 8º em 73 e 84; 9º em 76; e 10º em 71.
Atlético-PR (já ficou 6 vezes entre os dez primeiros): Campeão em 2001; vice em 2004; 4º em 83; 8º em 96; 9º em 99 e 74.
Curiosidades:
O primeiro AtleTiba foi disputado em 8.6.1924 e o Coritiba venceu por 6 a 3 no Parque da Graciosa (antigo campo do Coritiba).
A maior goleada do clássico AtleTiba aconteceu em 14.11.59. O Coritiba venceu por 6 a 0 no estádio Durival de Britto, do então Ferroviário, hoje Paraná Clube.
No primeiro AtleTiba na nova Baixada, o Coritiba carimbou a estréia vencendo por 2 a 1 em 28.02.99 pelo Torneio Seletivo da Libertadores. O zagueiro Leonardo (Palmeiras), que deu um chapéu no goleiro, e o lateral-direito Reginaldo Araújo (Santos) marcaram para o Coritiba.
O Coritiba já jogou na nova Arena da Baixada nove vezes, vencendo três, empatando duas e perdendo quatro.
Resultados mais freqüentes:
Empate - 1 x 1 - 48 vezes
Coritiba - 2 x 1 - 30 vezes
Coritiba - 1 x 0 - 28 vezes
Empate - 0 x 0 - 27 vezes
Em 2003:
08/02/2003 - Coritiba 2x1 Atlético-PR (Campeonato Parananese)
Marcel (2)
14/06/2003 - Coritiba 2x0 Atlético-PR (Campeonato Brasileiro - Série A)
Marcel - Nivaldo
04/10/2003 - Atlético-PR 2x0 Coritiba (Campeonato Brasileiro - Série A)
Ilan (2)
Em 2004:
01/02/2004 - Coritiba 1x1 Atlético-PR (Campeonato Paranaense)
11/04/2004 - Coritiba 2x1 Atlético-PR (Campeonato Paranaense - 1ª final)
18/04/2004 - Atlético-PR 3x3 Coritiba (Campeonato Paranaense - 2ª final)
02/05/2004 - Atlético-PR 1x1 Coritiba (1ª do Brasileirão - 2004)
29/08/2004 - Coritiba 1x2 Atlético-PR (2ª do Brasileirão - 2004)
(*) Tom Capri é jornalista e torcedor do Coxa, para quem atuou como lateral-esquerdo titular do infanto-juvenil, nos anos 60.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)