BOB COXA05/12/08, 00h03

Edie, a garota do adeus

As músicas que homenagearam a modelo que enlouqueceu o mundo nos anos 60

Colaborou o torcedor Coxa-Branca Luiz Carlos Betenheuser Júnior

Edith Minturn "Edie" Sedgwick nasceu em abril de 1943. Nos idos de 60, a garota californiana se tornou ícone de uma geração, a da Pop Art do artista Andy Warhol. Com ele, a modelo entrou no cenário cinematográfico participando de filmes como "Ciao! Manhattan", "Chelsea Girls", "Poor Little Rich Girl", "Beauty Nº 1", "Beauty Nº 2".

Cena de 'Factory Girl', na qual o pai de Edie a estimula a não comer - a atriz sofria de bulimia e anorexia

Edie era modelo e se tornou famosa no circuito musical depois de se tornar atriz nos filmes do artista plástico e produtor cultural Andy Warhol. A fama lhe rendeu o estrelato e (mais) problemas, que a assolavam desde a infância. Vítima de abuso sexual do pai e da anorexia, acabou dependente das drogas e com elas chegaria ao fim da vida, precocemente, aos 28.

Edie veio de uma família rica, com presença na sociedade. Ainda jovem, passou parte da vida em Nova Iorque, onde morava no hotel Chelsea, ponto famoso do circuito cultural e musical da cidade. O Chelsea se tornaria referência para os anos 60 e 70, graças a vasta gama de artistas que circulavam no cultuado ponto de Manhattan.

Cartaz relacionado ao filme 'Ciao! Manhattan'

Edie também conheceu personagens do cenário musical - que estava em efervescência em Nova Iorque no escritório/estúdio de Wahrol, a "Factory". Lá, além das gravações de filmes e produções de obras de arte, Wahrol organizava shows com bandas.

A vida repleta de altos (fama) e baixos (saúde, física e emocional) de Edie lhe renderam obras musicais de diversos artistas, de várias décadas. Na Wikipedia, uma extensa coleção de obras musicais são tidas como homenagens a Edie, que virou 'A garota do Adeus' na composição do the Cult, para o disco "Sonic Temple", de 1989.

O vocalista do Cult realmente usou e abusou das referências da vida de Edie no clip da música, com passagens em Manhattan, e, claro, no Chelsea Hotel - que também aparece em outro clip da banda, "Heart of Soul", de 1991. Neste vídeo, quem interpreta a modelo/atriz foi a então namorada de Ian, a estonteante Renée Beach. O vídeo vale pela morena, que interpretou Edie...

Renée Beach, produtora de moda nos EUA, no clip de 'Edie (Ciao Baby), do Cult

Em 96, Astbury volta à carga com "She", quando estava no Holy Barbarians, um projeto seu. Curiosamente, outra modelo da geração de Edie, a Nico, que participava do Velvelt Underground foi homenageada pelo Cult, desta vez em 2000, no disco "Beyond Good and Evil".

Além do The Cult, outras bandas homenagearam a bela Edie, conforme destaca a Wikipedia:

James Ray & the Performance escreveu a música "Edie Sedgwick" no lado B do single "Mexico Sundown Blues".

Furious Apples, uma banda inglesa de Indie da década de 80 escreveu a canção "Girl on Fire", que apareceu na compilação "Something Stirs".

Edie Brickell & New Bohemians compôs "Little Miss S" em 1988.

O Velvet Underground fez a famosa "Femme Fatale" , que foi cantada pela também modelo Nico. Uma ode a Edie...

Muito da obra de Bob Dylan é tido por muitos como tendo várias referências à modelo. Dylan foi o grande amor da vida de Edie, mas o relacionamento da modelo com o artista plástico Andy Wahrol desagradava muito o músico, que o considerava um explorador de Edie (Andy não pagava a modelo pelas participações cenográficas).

Cartaz do filme 'Factory Girl', de 2006, com Sienna Miller no papel de Edie

Entendem uns que as músicas "Just Like a Woman", "Leopard-Skin Pill-Box Hat", "Most Likely You Go Your Way (And I'll Go Mine)", "Stuck Inside of Mobile with the Memphis Blues Again", "Like a Rolling Stone" - famosíssima música de Dylan - fazem parte de referências e homenagens do compositor à modelo.

A também banda inglesa de Indie, The Long Blondes, faz uma menção para Edie Sedgwick no coro da música "Lust In the Movies".

Em "Bard of South Street", Kenn Kweder gravou uma homenagem para a artista, em 1995.

A banda de rock Alternativo, Dramarama, usou uma fotografia de Sedgwick no álbum "Cinéma Vérité", que ainda conta com outra referência à modelo na música "All I Want". A banda também compôs um cover de "Femme Fatale" noutro EP.

O dueto de música eletrônica Microfilm faz uma menção para Edie nas letras da música "(Am I Ever Gonna Fall Apart in) NYC?", um B-side do single "Young Adult Fiction".

O cantor britânico Will Young fez um remake em vídeo do clássico dos The Doors, na música "Light My Fire" features model Fanni Bostrom as Sedgwick. The video is loosely based on Edie's last film Ciao! Manhattan.

O cantor francês Alizée Jacotey fez a música "Fifty-Sixty" abordando a relação entre Edie e Andy Warhol.

Quem também homenageou a artista foi Lloyd Cole & the Commotions, ao gravarem a música "Grace" no álbum "Easy Pieces", de 85.

A Dream Academy dedicou a música "Girl In A Million" para Edie Sedgwick. Foi no álbum "Three Steps Past the Edge of Forever", realizado em 1997.

O artista e músicp Peter Glam, em seu EP "The Journey" se inspirou na história de Edie nas apresentações ao vivo daquela turnê.

E até a mega-estrela Madonna fez referências a Edie, que inspirou o vídeo do single "Deeper and Deeper", de 1992.

Capa do single 'Edie (Ciao Baby)', numa versão lançada no mercado austríaco

Uma mais recente homenagem, desta vez no cinema, foi o filme Factory Girl, que saiu no ano de 2006. Dirigido por George Hickenlooper, contou com a belíssima Sienna Miller interpretando a estrela Edie. O filme conta uma versão interessante sobre a vida e obra de Sedgwick.

Sienna Miller no filme 'Factory Girl'


Vale à pena conferir o filme e suas deixas à reflexão, especialmente das garotas mais jovens os relacionamentos da vida, envolvendo conceitos machistas e sexistas, como o abuso e a violência doméstica, a bulimia e a anorexia - a autoflagelação por um corpo perfeito (?) -, o uso das drogas.

Todo este complexo envolvimento de Edie com este explosivo coquetel maléfico, transformou o ícone de uma geração numa mulher solitária, que (aparentemente) nunca assimilou a perda do amor pela fama, passageira, pois foi justamente a fama dos filmes de Andy que a tiraram do mercado da moda, onde ela tinha destaque antes de se envolver com o cinema. A mistura de tudo isto, algo que ela parece nunca ter recuperado e, talvez, que a ajudaram a cair num precipício do mundo infernal das drogas, num caminho sem volta.

E com o uso das drogas, Edie - uma mulher que teve parte do mundo aos seus pés -, precocemente deixou esta vida. Foi em novembro de 71, aos 28 anos.

A versão artística de Andy Wahrol para 'Edie Sedgwick'


Confira algumas versões em vídeo que circulam pela Internet e que trazem referências a Edie:


Trailer do filme Factory Girl (2006)

The Cult - Edie (Ciao Baby)

Holy Barbarians - She

Edie Sedgwick - The Ciao Manhattan Tapes

Valeu, moçada. Voltarei em breve com outras dicas culturais pra vocês. Se você tem uma banda, um grupo teatral, é cineasta, cantor, cantora, faz qualquer tipo de expressão artística ou cultural e quer divulgar aqui no COXAnautas, manda o material pra mim: bobcoxa@coxanautas.com.br.

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