Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
Willian Thomaz, head esportivo do Coritiba, fez um breve pronunciamento antes da apresentação do novo técnico do Coritiba, o Mozart:
- Citou que é um momento importante porque o clube já inicia o planejamento para 2025;
- Disse que todos ficaram insatisfeitos com os resultados de campo em 2024, mas enfatizou que foi um período de reestruturação interna, choque de gestão e mudança cultural;
- Que em 2025 a busca será para o acesso e Mozart faz parte desse processo.
Após isso, iniciaram as perguntas dos presentes, tanto ao William Thomaz como para o Mozart, simultaneamente.
Entrevista do Mozart, novo técnico Coxa-Branca:
Pretende indicar jogadores do Mirassol? Qual o esquema tático que prefere utilizar? “Vamos ser bem criteriosos para trazer jogadores, obvio que também estamos monitorando jogadores do Mirassol. O técnico tem que contribuir para a continuação do desenvolvimento do jogador. Um exemplo é o Vini Paulista, que é um jogador que joga em mais de uma posição, então vamos buscar jogadores polivalentes, que se adaptem à vários sistemas de jogo, pois o futebol de hoje em dia exige isso”.
Como vê as categorias de base? Um time com estilo agressivo é que se pode esperar? É seu estilo? “Historicamente o Coritiba é um time formador, exemplo do Morisco e Lucas Ronier, e vamos participar desse processo de formação, sem dúvida. Em relação à cara do time, queria que o time já estivesse pronto em janeiro de 2025, quero que rapidamente tenhamos uma identidade de jogo, esse é meu desafio, pretendo dar essa identidade o mais rápido possível, mas sei que em pouco tempo não é fácil. Já quero ter um time pronto para o paranaense pois sei da rivalidade da cidade”.
Qual a importância de ganhar o paranaense como foi em 1999 onde você estava e já chegar com moral na série B? “Em 1999 foi histórico para nós, tínhamos um ambiente saudável, competitivo, de respeito e isso quero trazer para hoje. Quanto ao estadual atual eu entendo o peso que tem, e temos que jogar para ganhar. A pré-temporada será muito curta, mas temos que deixar os jogadores aptos para competir já em janeiro”.
As constantes trocas de técnicos em 2024 fizeram com que você tivesse algum receio na hora de vir para o Coritiba? “Não é só o Coritiba que troca de treinador, infelizmente é uma realidade do futebol brasileiro. Fiquei praticamente dois anos no clube anterior e com boas campanhas, e isso é prova de que a continuidade é importante não só do treinador, mas também dos jogadores. Acredito muito no meu trabalho, vamos criar uma alma de time aqui.”
O que o torcedor pode esperar do time em 2025, já que o treinador ainda não fez um trabalho num time protagonista? “O time vai ter que defender bem, saber atacar, se impor aos adversários quando marcam em linhas baixas, então o importante é que a equipe saiba fazer tudo e de preferência fazer bem, é assim que vamos jogar e nisso que acredito.”
Terá autonomia para escalar o time? “Sou bem aberto às opiniões de outros, mas é óbvio que a decisão final é minha. Sei que uma decisão tomada por quatro mãos é melhor do que duas, mas a decisão final é sempre minha, não aceito interferências na escalação”.
Como pretende conciliar a necessidade de resultados já no paranaense e depois tendo a série B como objetivo? “Acredito no trabalho do dia a dia, sei da cobrança que existe aqui, o time vai competir dentro de campo e os torcedores se sentirão representados. Vamos primeiro pensar no estadual, fazer um campeonato sólido, pensar na Copa do Brasil para passar de fase e depois pensar na série B. Não penso muito a longo prazo, quero é logo dar uma cara para esse time e assim vamos trabalhar.”
Mudou a cabeça lá de trás para hoje, em relação às ideias de jogo? “Ao longo desses cinco anos eu venho passando por transformação. Isso depende muito das necessidades e circunstâncias do jogo. No CSA por exemplo, assumi com a equipe em 15º e acabamos em 5º, então tínhamos que ser mais propositivos e ofensivos, no meu último trabalho fizemos um trabalho mais sólido na construção, então acho que tive evolução e hoje procuro igualar essa equação. Meu jogo é mais de posição o time tem que ter solidariedade dentro do elenco, um complementando o outro”.
Qual o planejamento para o estadual visto que serão 11 jogos em um mês e meio? “Não definimos ainda qual será a estratégia, estamos conversando a respeito. Não acredito em excelência do trabalho com elenco muito grande, com mais de 30 jogadores. Isso prejudica até as oportunidades para os jogadores jovens”.
Como trabalhar a cabeça do atleta nessa questão de jogar em várias posições? “O treinador é responsável por isso nos treinamentos, ir por um caminho que exija que o jogador pense.”
Como pretende tornar o Couto novamente uma fortaleza, já que foi o melhor mandante na série B com o Mirassol? E como vai retomar a confiança do Jamerson? “Espero que o torcedor nos dê um voto de confiança, e vamos trabalhar para que ele se sinta representado. Os jogos em casa são muito importantes, isso levou o Mirassol ao acesso, o próprio Vitória ano passado, o Ceará nesse ano, o Sport. O fator casa é determinante e cabe a nós trazermos o torcedor para nosso lado e vamos trabalhar para isso. Quanto ao Jamerson, ele foi o maior assistente da série B daquele ano no Guarani, vamos criar o ambiente adequado para que possa se desenvolver, pois ele não está pronto ainda, não só ele como qualquer outro jogador, eles estão em constante evolução.”
Entrevista do Willian Thomaz:
O que será feito de diferente em 2025 para que não se repita o insucesso de 2024, e quando o elenco estará pronto para o Mozart iniciar os trabalhos? “O que está sendo feito aqui hoje já demonstra que estamos fazendo diferente, essa apresentação do Mozart, que já está presente e participará da formação do plantel de acordo com seu sistema de jogo, e isso favorece muito para o êxito da temporada. Quanto ao elenco, esse é um momento de muita especulação de poucas definições, enquanto não houver uma definição na série A, existe uma espera para as tomadas de decisões em relação aos jogadores, mas boa parte do plantel vai estar presente na apresentação em 27 de dezembro de 2024 e depois ao longo de janeiro de 2025 alguns atletas vão chegar também”.
Quais os erros praticados em 2024? O que a vinda do Mozart tem a ver com as correções para 2025? “Sem dúvida vamos dar mais espaço para os jogadores jovens porque vimos que dá certo. Um dos problemas que tivemos em 2024 foi a falta de continuidade, com interrupção no processo de ensino dos jogadores. Precisamos de ideias claras e de um processo bem-feito e isso com o Mozart será atingido, em resumo estamos num processo bem diferente do ano de 2024”.
Como está a questão do Frizzo para a temporada de 2025? “Não é uma avaliação estritamente técnica, mas também financeira. Temos prazos e conversas com o detentor dos direitos dele, mas ainda não temos uma definição final”.
Houve erros na contratação dos reforços para 2024 e o que fazer para a próxima temporada? “A taxa de êxito é bem maior quando você tem todas as partes que vão estar ao longo do ano participando do processo. Quando cheguei aqui em abril, o plantel era muito grande e não é fácil gerir um plantel grande, algumas saídas que aconteceram depois da minha chegada fazem parte do custo/benefício/eficiência do plantel. Fizemos dois movimentos na janela do estadual e depois quatro movimentos na janela do meio de ano com atletas que devem ficar conosco. Teremos um elenco menor, com atletas que possam ser utilizados em outras posições, como disse o Mozart, e isso contribuirá para a eficácia do plantel.”
Pode explicar didaticamente o processo de contratação de jogadores? “Temos uma gestão responsável orçamentariamente. Temos um departamento que passa o ano inteiro analisando em vídeo e in-loco, monitorando as condições do atleta e suas pretensões comerciais, a partir do momento em que há consenso interno entre as partes, o clube se aproxima do atleta e inicia negociações”.
Como foi feita a avaliação do Eric Castilho e a renovação do Bernardo. Como vai fazer com o retorno do David da Hora que possui um salário alto? “Quanto ao Eric Castilho tínhamos um diagnóstico claro de necessidade de jogador de lado de campo. O atleta foi prejudicado pela troca de dirigentes e de comando técnico que preferiu outros atletas que conhecia, então isso prejudicou o atleta, ele nunca teve continuidade e isso fez com que ele não tivesse desempenho satisfatório. Quanto ao Bernardo, por ser um ativo do clube e já ter sido titular na série A com o Coritiba, o clube entendeu que deveria renovar o contrato, mas ele não teve minutagem suficiente. Erros acontecem e fazem parte do processo”.
Qual o impacto financeiro com o não acesso, na busca por reforços? “A questão orçamentaria varia de acordo com o ranquiamento dos clubes, e é claro que as receitas para 2025 são receitas de time de série B. Mas isso não é justificativa, temos que ser criativos e encontrar soluções de custo/benefício ótimos. Já estamos conversando com o Mozart em relação às oportunidades de mercado de jogadores com perfil polivalente, e contar com jogadores jovens que possam ser inseridos no plantel”.
O Mozart foi o único conversado para assumir? A SAF tem alguma pressa em vender jogadores ativos do clube para retorno financeiro? “Estudamos o mercado, com mais nomes, mas fomos refinando até chegar em um nome só. Começamos as conversas tanto para conhecermos o treinador como para que ele conheça o clube e chegamos num ponto de equilíbrio. Quanto aos jogadores jovens, é natural que o mercado olhe para o jogador que se destaca. Não tem objeção, mas ao mesmo tempo não tem obrigação de negociação de um atleta jovem, posso dizer que não temos nenhuma proposta atual para os nossos jovens atletas”.
Qual o número ideal de jogadores para a próxima temporada? “É difícil cravar um número, porque o mercado também consulta nossos atletas. Teremos aproximadamente 50% de atletas remanescentes, mas dependemos muito das negociações de renovação. Vamos ao mercado buscar jogadores para complementar”.
O que o Mozart agrega e influi no planejamento? “Estamos encontrando um ponto de maturidade na estrutura organizacional muito boa, o Mozart nesses poucos dias já percebeu isso. Agora temos que focar na atividade fim, e toda essa estrutura organizacional tem que ser producente para o resultado acontecer”.
Em relação ao Kaio César, Jean Pedroso e Thiago Dombroski, o que o clube pensa sobre o futuro deles? “O Kaio e Jean estão emprestados e se não houver a opção de compra eles retornam, porém estão tendo certo destaque e isso é muito bom, mas eles têm o prazo de contrato com as equipes de lá. Em relação ao Thiago, ele realmente não está tendo oportunidades no Portimonense e nós estamos tentando costurar alguma coisa que seja melhor para ele e para nós, mas ele tem um contrato de empréstimo”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)