MEMÓRIA
Coritiba vinga o futebol brasileiro ao derrotar os húngaros por 1 a 0
Revista Cori 70
"Dentre as façanhas internacionais do Coritiba nos últimos dez anos, é provável que a maior tenha sido mesmo a vitória contra a Hungria. Ocorreu em 1967, o que deu à sua vitória de um a zero contra uma das mais poderosas seleções do mundo um timbre de reabilitador do próprio esporte nacional. E vejamos por que: em condições normais o Brasil nunca venceu a Hungria. Um ano antes ocorrera o vexame da Copa na Inglaterra quando levamos um “baile” por três a um.
Ninguém esquecia também aquele outro “baile” de 4 tentos a 2 na Copa de 1954 na Suíça. Tínhamos apenas uma vitória, essa obtida à noite, no Pacaembu, no dia 21 de novembro de 1965, por 5 a 3. Não era bem um escrete nacional, mas um time de paulistas convocáveis, entre os quais figurava esse mesmo Nair que jogou pelo Atlético e pelo Coritiba no Robertão. Os húngaros chegaram cansados da viagem e já enfrentaram aquele compromisso. No primeiro Tempo o placar estava de 4 a 0.
Quando, porém a Hungria veio enfrentar o Coritiba em nossa capital houve muitas críticas de vários pontos do país. O respeitável “O Estado de São Paulo” e outros órgãos de imprensa criticaram o fato, temerosos do baixo nível do nosso futebol.
Todavia a equipe de Evangelino da Costa Neves, que enfrentava um risco financeiro e esportivo tremendo, tinha uma confiança fora do comum num sucesso total que mostraria a pujança do nosso futebol, s força do nosso público e a majestade do imponente estádio em obras.
João Saldanha e outros comentaristas famosos foram convidados a assistir o espetáculo. Inclusive o Armando Nogueira, o mais “gamado” dos críticos pelo futebol húngaro. E tudo aconteceu como o desejavam os Coritibanos: público excepcional lotou as dependências do “Belfort Duarte” e o Coritiba venceu pela contagem mínima, gol de Oromar numa jogada tipicamente à Garrincha: recebeu a bola no vazio, em profundidade, cortou o lateral esquerdo duas vezes, uma para os lados e outra para dentro do campo, fintou o goleiro e arrematou com o pé esquerdo no canto esquerdo. Um tento muito adequado para um país com um regime de esquerda como o é a Hungria.
Outro detalhe impressionante da vitória coritibana: a união das torcidas, provocada pelo empréstimo de jogadores: Zé Carlos, do Água Verde, Paolo Vecchio e Humberto, então vinculados ao Ferroviário. Uma lição sutil aos que não entendem que nos grandes momentos – Robertão, jogos internacionais – é preciso unir de fato. Os “Coxas” fizeram questão que o Água Verde e o Ferroviário se sentissem partícipes daquela vitória que enchia de orgulho o Brasil, mas sobretudo a torcida paranaense.
O Coritiba atuou nessa memorável batalha com a seguinte constituição: Joel, Zé Carlos, Berto, Nico e Reis, Lucas e Hugo, Oromar, Paulo Vecchio, Walter e Humberto".
Fonte: Revista Cori 70
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)