MEMÓRIA
O Campeonato
Naquele ano, o Campeonato Brasileiro tinha uma fórmula inusitada. 54 clubes foram divididos em 6 grupos na primeira fase, que serviu apenas para definir o agrupamento da segunda fase, para a qual todas as 54 equipes se qualificavam. Na segunda fase, nova divisão em grupos, e 18 equipes se qualificavam para a terceira fase, divididas em dois grupos de 9 clubes. Os dois melhores de cada grupo se qualificavam para as semifinais. A outra peculiaridade do campeonato é que vitórias por 3 ou mais gols davam ao clube vencedor 3 pontos (o vencedor somava apenas 2 pontos em caso de vitória simples naquela época).
A participação do Coritiba
O Coxa fez uma boa campanha no Brasileiro de 1976. Na primeira fase, num grupo que contava, dentre outros, com A. Paranaense, São Paulo, Cruzeiro e Portuguesa, o Cori terminou a fase em segundo lugar em seu grupo, atrás apenas do Botafogo de Ribeirão Preto.
Na segunda fase, em um grupo em que 3 dos 6 times se qualificavam, novamente o Verdão ficou em segundo em seu grupo, atrás do Grêmio, superando Corinthians, Botafogo(RJ) e Sport Recife.
Nesta terceira fase, foram compostos dois grupos de 9 clubes cada, que jogavam entre si em turno único, sendo que os dois primeiros de cada grupo avançavam às semi-finais.
A estréia do Coxa nesta fase foi justamente contra o Internacional, então campeão brasileiro, e que viria a conquistar o bicampeonato naquele mesmo ano. Mais de 30 mil pessoas compareceram ao Couto Pereira naquele domingo, 31 de outubro. O Coritiba, embalado pela boa campanha na competição e empurrado por sua fiel torcida, fez uma grande partida, vencendo o forte time gaúcho por 1x0, com gol do centroavante Eli, de cabeça, logo aos 9 minutos do primeiro tempo.
O Coritiba venceu o Corinthians no jogo seguinte, mas acabou perdendo pontos importantes na seqüência da terceira fase, e não conseguiu alcançar as semi-finais, terminando em quarto lugar em seu grupo. Na classificação final da competição, acabou na nona colocação, bem à frente dos outros clubes paranaenses que participaram do campeonato, o A. Paranaense (29° colocado) e o Londrina (49° colocado).
Confira a ficha técnica do jogo Coritiba e Internacional
Coritiba 1x0 Internacional
Data: 31/10/1976
Local: Estádio Belfort Duarte
Árbitro: Aírton Vieira de Morais (RJ)
Gol: Eli (CFC), aos 9´ do 1o tempo.
Público pagante: 30.611 pessoas.
Coritiba: Jairo; Bira, Oberdã, Vicente e Humberto; Tião e Nélson Lopes; Wílton (Freitas), Eli, Luisinho (Clayton) e Aladim. Treinador: Dino Sani.
Internacional: Manga; Zé Maria, Figueroa, Marinho e Vacaria; Falcão e Caçapava; Valdomiro, Jair (Batista), Luís Fernando (Escurinho) e Lula. Treinador: Rubens Minelli.
Confira os relatos de alguns torcedores que estiveram nesse jogo:
Corria o ano de 1976, terceira fase do Brasileiro iniciando e o jogo do Coritiba era contra o Internacional, que viria a ser o campeão. No Coritiba, tínhamos Jairo, Bira, Oberdã, Vicente, Tião, Eli, Luisinho, Wilton, entre outros. Pelo lado do Internacional, Manga, Figueroa, Claudio, Caçapava, Falcão, Batista,Valdomiro, Escurinho, etc.
Foi uma partida emocionante. Estádio completamente lotado, e a torcida (MUC) desde o início fazia a maior festa. Primeiro tempo, e, após uma falta cobrada pelo lateral direito Bira na cabeça do Eli, que estufa as redes do Manga com uma cabeçada fulminante no gol dos fundos, o estádio quase veio abaixo, tamanha a festa.
O restante do jogo foi aquele sufoco. Lembro-me muito bem que levamos uma bola no travessão do gol de entrada em que, sem mentira nenhuma, a trave chegou a chacoalhar de tão forte que foi o chute do Valdomiro , mas conseguimos segurar o resultado até o fim.
Dali em diante, eu, com apenas com 8 anos de idade, já sabia que ali nascia um amor pelo Coritiba que até hoje, mais de trinta anos depois, parece que a cada ano que passa aumenta ainda mais.
Claro que são inevitáveis as comparações que vem à minha cabeça com os times atuais, que, embora sejam até esforçados,
não passam nem perto das equipes montadas na década de 70, pelo Evangelino.
Dou graças a Deus por ter vivido e presenciado ao vivo partidas históricas do Verdão naqueles anos de ouro, como na decisão do Estadual de 1976, 78 (fui nas três partidas decisivas) e 79, bem como na campanha memorável do Brasileiro daquele ano, em que fomos 3° colocados (fomos roubados no Maracanã contra o Vasco), Brasileiro de 1980, etc.
Sou grato ao Coritiba e ao Evangelino por terem me proporcionado aqueles momentos mágicos, e espero sinceramente poder oferecer ao meu filho de apenas 3 anos de idade momentos semelhantes, parecidos com os quais eu vivi na
minha infância com o Coritiba.
Elmo Z. Bastos
Minha primeira lembrança do Coritiba vem dos idos de 1976, aos seis anos. Antes disso, aos três, uma foto minha usando a camisa do Coritiba fixou-se na memória.
Esta volta ao passado aconteceu graças ao apoio do amigo e grande torcedor do Coritiba, o Historiador Coxa-Branca, Guilherme Straube (dos Helênicos), a quem sou grato por me ajudar a lembrar do nascimento de meu grande carinho pelo Coxa.
Nos idos de 76, o Coritiba enfrentou aqueles que se tornariam o Campeão e o Vice-Campeão Brasileiro daquele ano: o Internacional e o Corinthians, perante mais de 70 mil torcedores do Coritiba no então Estádio Belfort Duarte.
Na primeira destas partidas, o Cori fez 1x0 no Inter de Figueroa, um grande zagueiro, cujo futebol ficou na minha memória, mas que não conseguiu parar o artilheiro Elí, autor do gol da vitória do Verdão.
Lembro da torcida Coxa, participante, fiel, da faixa da MUC, dos aplausos ao desempenho do Cori, do tradicional uniforme verde e branco que me conquistou.
Naquele jogo eu estava com meu pai nas cadeiras superiores do Alto da Glória. Anos depois passei às arquibancadas. Atualmente, às cadeiras inferiores. Coisa de torcedor alucinado por um time de futebol.
Dias depois o Coritiba voltaria ao Alto da Glória, para receber o Corinthians e voltar a vencer, também por 1x0. Uma semana para entrar na história do Coritiba Foot Ball Club.
Guilherme me confidenciou que minha estréia como torcedor do Coritiba foi das melhores...
O Coritiba de hoje mudou bastante. Mas meu amor continua o mesmo.
Luiz Carlos Betenheuser Jr.
Confira como foi a campanha do Coritiba no Brasileiro de 1976
1ª fase - Grupo B
29/08 - Coritiba 0x2 São Paulo
08/09 - Coritiba 2x1 A. Paranaense (Aladim, Caio)
15/09 - Confiança 1x1 Coritiba (Eli)
19/09 - Cruzeiro 2x1 Coritiba (Eli)
23/09 - Coritiba 1x0 Uberaba (Wilton)
26/09 - Coritiba 1x0 Londrina (Eli)
29/09 - Portuguesa 0x2 Coritiba (Eli )
03/10 - Botafogo(SP) 1x1 Coritiba (Aladim)
2ª fase - Grupo H
10/10 - Coritiba 1x0 Sport (Wilton)
13/10 - Corinthians 1x0 Coritiba
17/10 - Coritiba 1x1 Grêmio (Oberdã)
21/10 - Botafogo(RJ) 1x2 Coritiba (Wilton, Oberdã)
24/10 - Operário(MT) 0x1 Coritiba (Clayton)
3ª fase - Grupo Q
31/10 - Coritiba 1x0 Internacional (Eli)
03/11 - Coritiba 1x0 Corinthians (Oberdã)
07/11 - Ponte Preta 1x0 Coritiba
10/11 - Santa Cruz 2x4 Coritiba (Luisinho , Aladim, Eli)
17/11 - Caxias 3x0 Coritiba
20/11 - Coritiba 0x1 Botafogo(SP)
24/11 - Coritiba 2x1 Portuguesa (Tião, Luisinho)
27/11 - Palmeiras 0x0 Coritiba
Resumo da campanha
Colocação final : 9º
Jogos: 21
Vitórias: 11
Empates: 4
Derrotas: 6
Gols marcados: 22
Gols sofridos: 17
Saiba mais sobre Eli, o artilheiro da partida
O atacante Eli (Eli Carlos Alberto Pereira) disputou os campeonatos de 1975 e 1976 pelo Coritiba. Eli marcou 8 gols em 1975 e mais 7 em 1976, totalizando 15 gols pelo Coritiba em Brasileiros. Foi também bicampeão do estado pelo alviverde, nos mesmos anos.
Em Abril de 1977 transferiu-se para o Cruzeiro, onde disputou os Brasileiros de 1977 a 1980. Eli voltou ao Coritiba em 1981, para as disputas do Campeonato Paranaense. No ano seguinte jogou o Brasileiro pelo São José (SP).
Marcou no total 28 gols em 95 partidas disputadas.
Como técnico, Eli dirigiu o Guarani no Brasileiro de 1988, levando a equipe à 15ª colocação, com 7 vitórias, 9 empates e 7 derrotas em 23 jogos.
Agradecimento especial aos Helênicos, que contribuíram fornecendo os dados do jogo.
Torcedor alviverde, se há algum jogo que marcou sua vida como torcedor do Coritiba, envie seu depoimento para o endereço falacoxanauta@coxanautas.com.br.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)