
Além das quatro linhas
Esta quarta-feira de cinzas de 2012 foi a data ideal para um dos dias mais tristes do já capenga futebol paranaense. Jogo em horário ruim, os dois maiores clubes do estado tropeçando no fraquíssimo Campeonato Paranaense, pouco mais de 5.000 testemunhas em um palco indigno como a Vila Capanema e o resultado mínimo contribuiram para o que pode ficar para a história como o dia em que o Ministério Público do Paraná assumiu sua fragilidade diante dos vândalos que frequentam nossos estádios.
Em uma manobra desesperada de tentar vencer o maior clássico do futebol paranaense e acabar com a invencibilidade do Coritiba no estadual, o dono do A. Paranaense usou toda a sua influência e um jogo que teria no máximo 10.000 pessoas de duas torcidas, teve apenas uma delas e com pouco mais da metade disso. Um espetáculo melancólico e trágico que não saiu do zero a zero graças à atuação dos arqueiros do jogo.
Antes que alguém me corrija e diga que o jogo em si foi bom, dada a quantidade de chances para as duas equipes, não estou falando dele, mas sim do extra campo. O clássico da quarta-feira de cinzas teve sons diferentes, quando o Coritiba atacava, a torcida vermelha e preta ficava em silêncio total e o acanhado estádio colorido ficava sem a resposta Verde e Branca. Pela primeira vez na história do futebol do nosso estado nenhum torcedor Coxa-Branca comum pôde dizer que foi em um AtleTiba como visitante e teve a emoção de apoiar o nosso clube mesmo estando em minoria.
O que o dono do A. Paranaense não percebeu com sua atitude egoísta é que uma das maiores diversões de ir a um estádio é poder tirar sarro do adversário, os atleticanos apáticos no estádio hoje que o digam. O que seria do calor sem o frio? Da alegria sem a tristeza? O que seria dos nossos dias seguintes de clássicos sem nossos adversários para darmos risadas?
Espero que no Alto da Glória a história seja bem diferente e que tenhamos os nossos fregueses lá para presenciar a festa, que no Paraná, só a torcida do Coritiba sabe fazer e que ela seja acompanhada de uma vitória Alviverde.
Festa justa é festa democrática. A violência está nas ruas e não é proibindo pessoas honestas de entrar no estádio que conseguirão coibir a violência nelas. Espero que esta mentira contada várias vezes de dizer que torcida única coíbe a violência não se torne uma falsa verdade. O Paraná não merece isso.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)