
Além das quatro linhas
Neste final de semana o Coritiba foi protagonista de um dos mais pitorescos capítulos das arquibancadas do futebol nacional, alguns torcedores do Verdão hostilizaram "torcedores infiltrados" que pediam a atenção do jogador Lucas do São Paulo e da Seleção Brasileira, um desses torcedores, uma menina de apenas 13 anos.
Assim como no dia da invasão de parte da torcida ao gramado do Couto Pereira, mesmo com tudo resolvido, a imprensa insistiu em falar do assunto à exaustão. Brasileiro gosta de novela, brasileiro gosta de historinhas emocionantes e como toda história tem um mocinho, ela também tem um vilão e não raro este vilão é o Coxa. Percebam que quando o vilão é o Coritiba, não há julgamento, apenas a condenação.
O que aconteceu domingo no Alto da Glória foi uma sucessão de fatalidades, escolhas erradas e muita ingenuidade. O pai da criança deveria ter escolhido um jogo em São Paulo ou ter ido na torcida são paulina, as torcidas no Brasil não são separadas à toa. O IDEAL seria que pudéssemos todos assistir aos jogos pacificamente, independente do time escolhido, mas isso não acontece hoje em dia. O que seria mais fácil? A humanidade evoluir MUITO em algumas horas ou um pai ter o bom senso de saber o que escolher para sua filha? Aposto uma milha que se a exata situação tivesse acontecido em um jogo do São Paulo contra o Corinthians, o resultado catastrófico seria muito maior que o bate boca mostrado no vídeo veiculado na imprensa no caso da fã do jogador tricolor. O jogador Lucas foi inconsequente ao dirigir-se à torcida adversária e atirar sua camisa para alguém, o Coritiba está muito mal no campeonato, isso pode ter sido visto por alguns como provocação e quem frequenta arquibancadas sabe que muitos simplesmente não conseguem agir com a razão e acabam fazendo o que não devem. A única vítima da história foi a criança, que como toda mocinha de novela, se deu bem no final e teve a chance de conhecer o seu ídolo.
Violência nunca é justificável, mas é preciso entender as circunstâncias antes de simplesmente julgar e punir moralmente um clube centenário como o Coritiba, com uma torcida maravilhosa, composta principalmente de torcedores pacíficos. Juntaram vários ingredientes perigosos na mesma panela de pressão e ela explodiu.
Esse episódio patético foi reflexo da nossa posição na tabela e é nela que precisamos nos concentrar para que nas próximas vezes que um jogador vier atirar sua camiseta para alguma criança, ela seja Coxa-Branca e esteja comemorando uma vitória do Verdão.
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