Arquibancada
Nem de longe me passava pela cabeça que aquela comedora de pipocas e devoradora de sorvetes, que ia ao estádio comigo, seria a torcedora moça que se tornou hoje. De jogos inesquecíveis, como Coritiba e Inter, no Couto com briga de torcida na rua, nos escondendo em portões, protegendo você com meu corpo, jurando que nunca mais aquilo se repetiria, e no jogo seguinte você pedindo pra voltar. Da sua estreia num domingo à tarde, num despretensioso Coritiba e Londrina pelo campeonato regional, foi sendo forjada a torcedora de hoje.
Conflitos de rua na saída de alguns jogos e do outro lado a paz nas arquibancadas em jogos pequenos. Pensava, essa menina não sabe o perigo que está se tornando o futebol, o risco que é ir ao jogo com uma criança de 5, 6 anos, concluía eu. Mas sabia que dava pra voltar ao estádio, tudo era uma questão de estratégia. Para isso, tive que abrir mão do meu futebol de fim de semana. Começou a ser mesmo um programa diferente, precisava ser adaptado para aquela adorável companhia. E foi assim por umas 10 ou 15 vezes, todas um grande programa de pai e filha.
Helena foi crescendo e perdendo o interesse pelo futebol, até que um dia se manifesta nela aquilo que até hoje ninguém explica, a paixão ou amor, sei lá, que nasce em todos nós com o futebol, através do time do coração, no nosso caso o Coritiba.
O que imaginei que seria com meu filho homem, hoje com 35 anos, o meu companheiro de futebol, acontece com minha filha de 13 anos, que só não vai com mais frequência ao estádio porque o Couto está longe de onde moro. Depois de insistir para que fosse ao estádio com parentes próximos, Helena me disse uma vez: “ não pai, sem você não tem graça”. Claro que com uma cantada destas o Coritiba tem sido nossas conversas e programas, mesmo que a mais de 100 kms de distância.
Helena é de uma geração de torcedores com quase nenhuma história vitoriosa pra contar, quase nada de bom e mesmo assim, insiste. Desde que virou sócia, ainda não viu seu time vencer em casa. Pelo contrário, não bastasse a falta de vitórias, carrega também uma sequência de vexames do time, jogando no Couto Pereira e fora. Helena resiste bravamente, chora, esperneia, não aceita e teima que ainda vai ver seu time honrando um passado que seu pai, irmão e parentes contam.
Quero crer também que ela ainda terá um time de verdade para torcer.Para mais tarde também contar um ou vários feitos do nosso Coxa.
Você merece um time melhor, meu amor!
O nosso dia, o seu dia ainda vai chegar.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)