Arquibancada
Achei que já tivesse encerrado minha carreira de torcedor de Pachequinho. Faço isso desde 1990, quando ele começou a jogar futebol de salão pela AABB, em Curitiba, para em seguida ser levado por seu pai, para testes nas categorias de base do Coritiba.
Sua estreia como profissional foi em janeiro de 1990. Ficou famoso pela velocidade e pelos dribles fáceis. Logo virou ídolo. Sua principal marca foi a artilharia no campeonato de 1994. Dois anos depois, estava indo para o Bahia.
Pois acabam de te arrumar uma grande encrenca, meu caro Pacheco. Lá por aqueles tempos, dos seus dribles que enlouqueciam as sociais do Couto ou a reta da Mauá, quem poderia supor que sua estreia como treinador de uma equipe profissional, vinte anos depois, seria nesta partida contra o Corinthians, e com o Coritiba nesta situação pra lá de delicada que se encontra?
Ouso dizer que talvez seja outro grande teste de fogo em sua carreira. Deus queira que você volte a sentir o mesmo frio na barriga que sentiu quando vestiu a gloriosa como profissional, pela primeira vez. E que a sua competência como jogador também se repita. Por enquanto estará de bom tamanho o compromisso com o trabalho, coisa que sempre te acompanhou.
Longe de mim, colocar nas suas costas a responsabilidade desta encrenca. Até acho que a sua hora não é esta, mas quis o destino que sim. Afinal, você aceitou o convite.
Não faço a menor ideia do que se passa pela sua cabeça. Tão pouco qual será a sua estratégia neste momento, um dos mais delicados que vive o Coritiba em toda a sua centenária história. Imagino que você esteja sendo tomado por uma mistura de sentimentos, que deve passar desde o seu começo de carreira, com tudo que acumulou de experiência nestes anos todos, como todos os que escolhem o futebol como profissão.
Se qualquer estreia é difícil, imagino estrear como treinador, do Coritiba, num momento como o de agora, e contra o Corinthians louco pra decidir de vez o campeonato. Não gostaria de estar na sua pele, meu caro Pacheco.
Infelizmente não posso te ajudar muito. Quase nada, apenas daqui, com boas energias torcer por mais um sucesso seu. E que o Coritiba seja o maior beneficiado disso tudo.
Segue abaixo alguns trechos da coluna publicada hoje, pelo melhor cronista brasileiro, o ex-craque Tostão, em texto disponível em vários Jornais e sites. Tostão analisa como funciona o Corinthians. Fala sobre o esquema quase que imbatível de Tite. Quem sabe isso te apavore ainda mais, mas é o que você vai encontrar pela frente.
Boa sorte meu caro!
Só enxerga quem sabe ver
O sistema tático com quatro defensores, dois volantes em linha, três meias e um centroavante (4-2-3-1), ainda chamado de “esquema da moda”, está ficando velho. Independentemente do desenho tático, o Corinthians e várias equipes da Europa jogam com apenas um volante, um centroavante e quatro jogadores entre eles, que marcam e atacam em bloco e que atuam de uma intermediária à outra. O Corinthians marca com cinco (Ralf e os quatro do meio) e avança com cinco (os mesmos quatro mais Vágner Love). Nessa formação, não há a chata e ineficiente troca de passes laterais entre os dois volantes.
O Corinthians e a maioria das equipes europeias não têm mais o clássico meia de ligação, único responsável pela armação das jogadas. Elias (ou Rodriguinho), Renato Augusto, Jádson e Malcom, pela esquerda, fazem essa função.
Outra qualidade do Corinthians é alterar, durante a partida, a marcação mais recuada para contra-atacar sob pressão, como fez contra o Atlético Mineiro. Isso evitou que o adversário pressionasse e tome conta do jogo.
O Corinthians, além e suas qualidades individuais e táticas, mostra, para quem sabe e quer enxergar, que jogar bem e bonito não é apenas usar de efeitos especiais. São bonitos também a aproximação dos jogadores, a troca de passes, a triangulação, a capacidade de defender e de atacar com vários jogadores e outros belos detalhes coletivos.
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