Arquibancada
Tive a infeliz ideia de acompanhar o depoimento de Del Nero, presidente afastado da CBF, na CPI do futebol, no Senado Federal. A gente sai de uma audição destas, com a impressão que estamos mais uma vez diante de uma nova CPI que não vai dar em nada, que mais uma vez nada vai trazer de bom ao futebol. Pior, a gente percebe que parece que chegamos num caminho sem volta.
De um lado estes homens que se adonaram do futebol brasileiro e do outro, os bravos guerreiros, que já tiveram seus dias de glória nos gramados, mas que nos gabinetes não transitam com a desenvoltura de antes, quando vestiam chuteiras, calção e camiseta.
Por melhor intencionado que o Senador Romário esteja, ainda não está pronto politicamente para bater de frente com estes caras.Se deixou levar pela emoção, pelo revanchismo, em mais agredir do que aproveitar os momentos que teve, para minar politicamente Del Nero.
As feridas são muitas e precisam ser expostas em cansativas sessões, até derrubar esta gente que até hoje só tirara proveito do futebol, dando a ele muito pouco do que já levou pra casa e para suas contas milionárias em paraísos fiscais.
As boas intenções, que acredito existam, da parte do Senador, perecem não ser suficientes para este momento. Carece de uma boa assessoria, que lhe dê o encaminhamento para uma condução mais segura para fazer valer esta CPI, do contrário, ela tem tudo para fracassar.
Fecharam uma confraria, legislam há anos em beneficio próprio, mandam e desmandam, e nós assistimos a tudo, muitas vezes batendo palmas, nos contentando com o pouco que nos dão, que é a sobra, mas ainda é a nossa diversão.
A falta de qualidade do que vimos hoje no futebol, também é responsabilidade destas administrações, os 7 x 1 da Alemanha também, os ingressos caros, as arbitragens desastrosas, a falta de calendário e tantos outros problemas que chega a me dar saudades da inocência, do romantismo dos anos dourados.
Além de Del Nero, o FBI nos dá de bandeja o que muitos já imaginavam: numa primeira investigação, aparece na Suiça uma conta milionária em nome de Ricardo Teixeira. Não sei vocês, mas a mim a notícia não surpreende. Seguramente Teixeira foi o maior vilão destes últimos anos do futebol brasileiro.
A CBF que a cada dia ganha emprega mais deputados como dirigentes, acaba sendo o retrato da política nacional praticada em Brasília.
Um doce para quem de vocês achar o estatuto que regulamenta a eleição na entidade. Pode procurar no site da CBF, ir até lá que garanto que você não vai encontrá-lo. Por que será, não é?
Enquanto isso, por aqui, nossos dirigentes enfiam mais uma vez a faca no torcedor, para tentar salvar o clube do buraco que se enfia cada vez mais. Agora, quem quiser assistir a qualquer jogo do Coritiba, sentado na Mauá - setor dos fundos - por exemplo, precisa desembolsar 114 reais mensais. O antigo ingresso popular, o mais barato, o chamado de 9,90, agora custa quase 20 reais. Um aumento de mais de 100%.
Que tal se depois destas investigações concluídas, não seria legal limparem estas contas onde medalhões esconderam estas fortunas, e devolver este dinheiro ao torcedor ? Subsidiar os ingressos ou repassar aos clubes, para aliviar suas dívidas? Utopia? Pode ser, mas quem sabe assim, o futebol renasce em nossos corações, reconquiste esta paixão que a cada dia fica um pouco menor.
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