Arquibancada
Para mim, ir ao Couto Pereira sempre foi um bom programa, independente da situação. Com o time bem ou mal, com chuva, com frio, na primeira ou na segunda divisão... ir ao Couto sempre foi um bom programa, aguardado com ansiedade. É gosto pelo ritual. Desde a saída de casa, ou direto do trabalho ao estádio, quando isso acontecia. O jantar era ali mesmo, me lambuzando num pão com bife, feito numa chapa pra lá de suspeita, mas era gostoso. Vivi isso de todas estas formas, inclusive trabalhando em muitos jogos, durante poucos 4 anos.
Não merecia, mas depois de 50 anos, meu último trabalho foi na famigerada partida contra o Fluminense em dezembro de 2009, quando caímos, daquele forma vergonhosa que aos poucos vamos esquecendo. Naquele dia, como um gato acuado, tive que me refugiar no vestiário do inimigo (foi o buraco mais próximo que encontrei para me esconder daquela selvageria).
De lá pra cá, minhas idas à nossa casa tem sido apenas como torcedor, acompanhando aqui pelo COXAnautas para depois levar até vocês minhas impressões sobre o que vejo. Todas elas pagando para assistir e dar a minha parcela de contribuição ao clube que acompanho há muitos anos.
Vivi mesmo muitas fases ali dentro. Boas histórias que sempre alimentaram esta paixão que nem de longe pensava em abandonar. Não se trata de querer, até bem pouco tempo a escolha estava fora de questão. Uma possibilidade inexistente. Hoje, já não sei mais...
Me tornei um crítico chato desta e das administrações anteriores. Procurei muitas vezes me colocar no lugar dos que estão lá dentro. Muitos sei que estao dispostos ao trabalho e com boas intenções. Levo em conta suas dificuldades, pondero, ponho na balança os prós e contras. Mas ainda acho que nosso maior erro é insistir numa administração ultrapassada, vencida pelo tempo, que não aceita mais certas coisas.
O Coritiba vive de improvisações, não ousa um planejamento de longo prazo. Hoje vivem a obsessão financeira do clube. Priorizam tanto que esqueceram que somos um clube de futebol. O Coritiba virou um grande escritório de contabilidade, daqueles antigos, com carimbo e tudo o mais.
Duvida? Então comece pela porta de entrada. Ligue pro Coritiba atrás de qualquer serviço ou informação (32181909) e você será atendido por uma voz esganiçada, gritada, com uma lista de coisas que você precisa fazer para chegar finalmente no serviço que deseja. Se não cair naquela musiquinha de espera, deprimente, se dê por feliz.
Se pelo menos colocassem uma gravação em tom sereno, amigável, agradável, seria um bom começo. Afinal, é a recepção, o primeiro contato com o público externo, com o colaborador, com o torcedor, como queiram chamar. A voz gritada que atende a ligação, parece em desespero, assim como o torcedor nos últimos anos. Que me perdoe a moça que se prestou ao serviço, mas ela é o retrato da bola que o time anda jogando nestes últimos anos.
Outra coisa: nada funciona antes das 9 e 30 hs, como se fosse um clube que pudesse se dar ao luxo de abrir mão de começar a vida às 8 ou 8:30 hs, como é vida média das pessoas aí fora.
Enfim, temos um serviço com a cara do time. Temos dirigentes pouco preocupados com o profissionalismo administrativo. Somos administrativamente a cara do futebol que andamos jogando. É a lei da atração. Somos o que fazemos. Estamos cada vez mais com a cara da nossa telefonista.
Acorda pra vida, Coritiba!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)