Arquibancada
Embora tenha marcado muito mais como narrador de rádio, acabei trabalhando com ele em TV, na OM Brasil, depois CNT. Foi na época da Copa do Brasil, Libertadores e na cobertura do Campeonato Paranaense, com transmissões exclusivas pela rede que um dia sonhou em ser grande, assim como foi Lombardi Jr.
Foi no rádio que marcou com seus vários bordões, especialmente para quem acompanhou o Coritiba, nos anos 80 e 90. Hoje, dia 16 de janeiro, completamos 21 anos sem ele. Perdeu o rádio, a Tv, o futebol do Paraná, o futebol do Brasil e o Coritiba. Não havia uma viagem que a gente não fizesse com ele, onde não éramos chamados para festejar sua chegada, fosse onde fosse, em qualquer canto deste Brasil.
Eu poderia gastar muitas linhas falando de Lombardi, mas seria óbvio repetindo o que muitos colegas já disseram no dia de hoje, nas redes sociais, lembrando com tristeza a morte dele.
De tudo que vivemos juntos profissionalmente, tenho forte na lembrança a sua humildade, alegria, competência e o enorme prazer que tinha no que fazia. Entre muitas histórias que vivemos juntos, uma em especial marcou bastante, embora a princípio não pareça assim tão interessante.
Foi na estreia do União de Bandeirantes na Copa do Brasil de 1993, contra o Grêmio de Porto Alegre, no Comendador Meneguel, com vitória do Grêmio por 4x 0, eliminando inclusive a partida de volta.
O jogo foi num meio de semana. Saímos de Curitiba no dia da partida, pela manhã, numa Caravan. Lombardi, Sirso, o motorista e eu. Sicupura ficou em Curitiba e faria os comentários via tubo. Chegamos em Bandeirantes quase no final da tarde, muito cansados. Sirso e o motorista foram para o estádio montar o equipamento. Lombardi e eu ficamos no hotel para tentar descansar um pouco.
A nossa reserva no hotel era até o dia seguinte. Planejamos sair logo pela manhã. Terminado o jogo, Lombardi disse que precisa voltar, que tinha compromisso em Curitiba no dia seguinte e precisava estar em casa logo cedo. Tentei argumentar, alegando cansaço de todos e que seria perigoso voltar naquelas condições, usando o maior prejudicado naquela história, que era o motorista, que teria que dirigir todo aquela longa viagem, à noite, numa estrada perigosa, já tendo viajado o dia inteiro, na ida e ainda trabalhado mais algumas horas para colocar a transmissão no ar... não adiantou.
Equipamento desmontado, lá estávamos os quatro de volta naquele carro, para mais algumas longas 7 ou 8 horas, refazendo o percurso, agora de volta para casa. Lombardi na frente, no banco ao lado do motorista, eu e Sirso atrás. Logo que entramos na estrada Lombardi avisou que ia dormir. Me chamou e deu a ordem: Durmo uma hora, você me acorda e assim vamos nos revezando até chegar. Assim vamos distraindo o motorista para não dormir no volante. Sirso que não tinha descansado, na chegada, no hotel, estava liberado para dormir. E assim a nossa viagem se cumpriu. Sirso dormiu quase o tempo todo. Lombardi e eu fomos nos revezando no entretenimento ao motorista. Claro que 7 horas ouvindo Lombardi contando suas histórias, não me deixaram dormir quando me liberou para isso, não dormi. Não perderia sua histórias por nada. Preferi ficar acordado ouvindo a sua resenha de anos, na lida com o futebol.
Nesta viagem, além da oportunidade de conhecer melhor um dos maiores narradores esportivos do rádio paranaense, pude entender seu espírito de liderança no comando das equipes nas rádios por onde passou. Fazia isso porque estava em seu sangue. O que a princípio parecia ser difícil – uma viagem de 14 ou 15 horas - com ele foi ensinamento e diversão. Demos muita risada e aprendemos um pouco sobre a vida e as manhas da profissão, com aquele professor, enrustido de chefe.
Estivemos juntos, não mais que dois anos, mas tive muitas horas ao seu lado, ouvindo sua histórias dentro de um carro, ou em almoços, lanches, cafezinho em saguão de hotel, ou nesta viagem até Bandeirantes, que para mim foi inesquecível.
Obrigado pelos ensinamentos, mestre Lombardi!
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