Arquibancada
Durante todos estes anos de história do futebol, o torcedor parece ser ainda um Ser perdido nesta confusão de sentimentos. Parece formar o único segmento deste esporte onde só ele ainda insiste em se relacionar privilegiando o amor e a paixão, como guias desta relação. Sentimentos que o transformam em um Ser imprevisível, capaz de reações até surpreendentes.
Neste começo de ano, quando os clubes procuram se armar para a temporada que promete ser longa, especialmente para os clubes envolvidos com a Sul Minas-Rio, encontro os pessimistas, os precipitados, os otimistas, derrotados, fracassados e também os completos insatisfeitos. Os de sempre do contra, os que ainda acreditam, os que quanto pior melhor, os que trabalham nele (futebol), os que diante de vitórias incontestáveis, arrumam uma brecha pra criticar. São os personagens do nosso futebol tupiniquim, nestes mais de 100 anos do esporte no Brasil, que já foi rei e rainha.
A montagem de um time de futebol , que há anos não é tarefa fácil aos dirigentes, passa pelo crivo de todos. Dos apaixonados, dos interesseiros, aos que só querem acertar. E tudo esbarra na qualidade do profissional de futebol que anda pela hora da morte. Há mais procura do que oferta e isso ajuda a empobrecer e encarecer o mercado da bola, nos dando sustos e muitas vezes impossibilitando negociações.
A saída para o problema parece estar cada vez mais clara. A solução está na base, um investimento a longo prazo, que se apresenta como um caminho bem razoável para o problema. Mas na verdade isso tem virado muito mais um problema do que uma solução. Atletas que surgem como promessas, são cobrados de imediato, sem que a eles seja dado o tempo necessário de maturação. Isso apressa um processo longo, e acaba inibindo a maturação.
Entre todas esta expectativa que se cria, do talento jogando futebol, também são depositadas nestes meninos, as esperanças da retomada de recuperação da magia do futebol brasileiro, também perdido há anos.
Apenas poucos clubes conseguem fazer um trabalho próximo do aceitável na revelação e investimento de novos talentos. Mesmo assim, o garimpo de atletas de qualidade no Brasil, ainda passa longe do necessário para reposição. A pressa, a improvisação a impaciência, a irresponsabilidade, e principalmente a falta de profissionalismo, comprometem o mínimo do que alguns poucos conseguem fazer.
Além do dinheiro fácil dos mercados mais abastados já tradicionais, agora surgem os chineses autores de verdadeiros desmanches dos nossos times. Todos montados com sacrifício durante temporadas, com meses de acertos e erros, caso do Corinthians por exemplo, do Cruzeiro em anos anteriores e Atlético Mineiro, que perdem para mercados ricos em dinheiro , carentes de talentos.
Atletas de qualidade mediana aqui, vivem hoje seus dias de independência financeira no futebol Chinês, por exemplo. Sem tradição na bola, mas com mais dinheiro no bolso para nossos padrões, os chineses desarmam nossos clubes que negociam seus pratas da casa, atrás da solução de seus rombos financeiros.
Aqui, quando as boas notícias sobre o tema são raras, os pessimistas reaparecem e tratam de azedar a pouca alegria que o futebol anda nos dando. Afinal, não é todo dia que vencemos de 10 x 0. Mas mesmo assim, ainda há os que diante de um placar incontestável como este, aparecem pra dizer que não conseguem se animar, porque o fato não lhe causa mais impacto. Arrumam logo uma justificativa qualquer para o placar, diminuindo o trabalho fulminante da garotada, em São Paulo, diante dos 10 X 0 no União Barbarense, na primeira rodada da Copinha, neste fim de semana.
Estes são os que classifico como pessimistas. Para eles, quanto pior melhor. Com sorte ou não, é a uma garotada que em nome do Coritiba, disputa um torneio que ainda carrega algum nome no cenário do nacional, mesmo administrado da forma como nossos cartolas andam administrando nosso futebol. É o que temos para o momento, meus caros.
Aos otimistas, consigo fazer suposições. Quem sabe esta fulminante vitória na estreia da Copinha, seja um indicativo que a sorte voltou a nos rondar, dando os primeiros sinais. Além das prováveis voltas de Zé Rafael, Dudu e Dener que já foram promessas um dia, quem sabe agora, mais maduros não voltem e este seja o ano deles no Coritiba?
Lamento que a diretoria não respire os mesmos ares. Pelo menos é o que demostra emprestando Rafael Lucas ao Goiás. Posso estar errado, mas acho que este seria o ano dele por aqui.
Por isso, ou mesmo assim, comemore, sim. 10 x 0, seja lá contra quem for, não é todo dia. Mas também não vá tão longe, como alguns, que acham que Índio, artilheiro desta partida contra o União Barbarense, com 5 gols, será o nosso centroavante matador este ano, no time principal.
Calma, o santo ainda é de barro!
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