Arquibancada
(foto: Maringas Maciel)
Como há muitos anos, o Couto voltou a receber um público digno de seu tamanho. Desta vez não para ver a bola rolar, em mais uma partida de futebol, mas para se solidarizar com uma cidade, uma família, dividir uma dor que deixou o estádio pela primeira vez pequeno, tamanha a emoção ali sentida. Não coube tudo isso dentro daquele espaço.
Mais de 30 mil pessoas, este foi o público estimado, mas o que importa foi o sentimento, a emoção que esteve ali, naquelas poucas horas, aquilo sim foi maior que tudo. Não lembro de ter visto nada parecido, proporcionado pelo futebol, onde três torcidas rivais estivessem juntas, dividindo o mesmo espaço, vestindo cada um a camisa de seu clube, civilizadamente, com um único sentimento.
Coritiba, Atlético e Paraná precisaram de uma tragédia para viverem juntos um momento que pode ser o começo de um novo tempo no futebol. Já era mesmo chegada a hora. A opção da troca de momentos como este, por quebradeiras em terminais e pancadaria é o que precisamos em tempos de cólera.
O exemplo dado por vocês, na noite de ontem, fica com o tamanho da dor deixada pela razão do encontro, e cada um deixou ali o seu melhor.
Não seria um exagero pedir o mesmo no próximo atletiba, por exemplo. Eu não iria tão longe, e pedir que se sentem na mesma arquibancada, cada um vestindo a camisa de seu clube, mas que possam sair do estádio e dividir as mesmas ruas, o mesmo ônibus de volta pra casa, tranquilos, na paz, sem quebradeira, como já foi um dia.
Em nome desta tragédia, onde cada um pagou o seu preço, para alguns um preço irreparável, talvez tenha servido como termômetro para nos mostrar que há tempos o futebol já estava no seu limite de agonia.
A lição fica não só para torcedores, mas para dirigentes e todos os profissionais que vivem dele, do futebol.
Chega! Vamos apagar tudo e começar de novo! Ainda há tempo, ainda cabe uma convivência pacífica, civilizada que nos dê prazer e diversão, com menos ostentação e mais amor, respeito e civilidade.
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