Arquibancada
A magia da camisa 10 ainda encanta, embora tenha saído de moda no futebol. Fui da geração que viu Pelé, passei por muitos outros até chegar a Zico, Sócrates e ainda vi um outro 10 encantar com seu futebol clássico, limpo e bonito, Alex e Tostão. De dar gosto de ir ao estádio, de fazer a gente ainda usar a expressão “valeu o ingresso”.
Cada um no seu tempo, cada um no seu estilo e não cabe aqui comparações. Por conta de Pelé, nasceu a magia da 10 e isso é indiscutível. A 10 foi feita para os craques. Sugiro que se eternize o número . Já que o goleiro não é mais o 1, o lateral direito não é mais o 4, os zagueiros não são mais a 2 e 3, o lateral esquerdo não é mais o 6, porque não santificam de vez a 10, restringindo o seu uso somente aos craques?
Para vestir a 10 precisaria atender uns requisitos básicos como saber bater na bola de três dedos, fazer ela deslizar pelo peito, assim que dominada, jogar de cabeça erguida, perceber lançamentos que ninguém imaginaria que pudesse ser feito e, acima de tudo, jogar com classe até quando erra pênalti, assim como fez Alex, o último craque com a 10 no Coxa. O 10 que como diziam os antigos, usava smoking pra jogar bola.
Não vejo um 10 com todas estas qualidades de um Alex, por exemplo. Posso citar uns 4 ou 5 que se aproximam, mas só se aproximam. Se você torce o nariz com isso, é porque ainda não viu um clássico 10 jogar.
É verdade que a medida que temos por aqui é o Campeonato Brasileiro, onde o 10 está cada vez mais raro. Os melhores foram embora e jogam longe daqui há muito tempo. Além de sempre ter sido o principal jogador do time, era por isso o mais visado. Sempre aos cuidados de marcação forte. Até hoje, os meias, principalmente os mais talentosos, são os que se machucam com mais gravidade.
Hoje temos Neymar na seleção vestindo a 10, outro craque, mas não é um Pelé. Longe dele.
Nosso 10 é 20, Alisson Farias. Pena que sua qualidade também não é dobro do número que carrega nas costas. Precisamos de um 10, de um 8, de um 3 e de um 9. Quem sabe a esculhambação que fizeram com os números não justifique a falta de qualidade?
Quem sabe esta geração tenha perdido o compromisso de vestir uma 10 eternizada por Pelé. Por Alex e Tostão no Coritiba. Por Hermes na lateral direita, vestindo a 4, depois a 2. De uma nove como fez Chicão. Ou de Nico e Bequinha com a 2 e a 3. O futebol mudou tanto que parece que esqueceram que ele é possível somente com a bola. Isso te parece óbvio? Para muitos parece que não.
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