Arquibancada
O sofá não é mesmo minha arquibancada. Não há conforto, não há lugar melhor que a arquibancada se o espetáculo é uma partida de futebol. Nada se compara ao cimento gelado, muitas vezes molhado. Nada como o pipoqueiro passando na sua frente, bem na hora do gol, do moleque irrequieto sentado à sua frente.
Futebol sem torcida, sem grito, dos cantos de guerra não é futebol. É como dançar com a irmã, levantar numa segunda-feira no primeiro dia de férias, sem dinheiro no bolso, sem nada pra fazer.
Só podia ser este STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva ) pra inventar uma punição destas. Coisa de quem não gosta de futebol. Coisa de quem nunca viu futebol, com outros olhos, que não seja o da política e dos interesses. Onde já se viu impedir uma torcida de apoiar, de ver o seu time? Se o mundo mudou nos últimos anos, muito mais que num século inteiro, o futebol continua o mesmo desde que foi inventado, e precisa começar sua mudança pelos seus comandantes.
Bendito Henrique Almeida! Não precisa mais nada, a não ser que você possa nos ajudar ainda mais neste restante de campeonato, mas pra mim já deu. Você é o cara!
Junto com a estátua que está para ser levantada para Kruguer, sugiro mais duas no Alto da Glória, mas estas dentro dos gabinetes da diretoria: uma para Henrique Almeida e outra para Pachequinho. Para que estes dois nomes sejam reverenciados por estes dirigentes, a cada início de trabalho, todos os dias. Os dois precisam ser lembrados eternamente por esta diretoria. Pacheco e Henrique, ao lado de Wilson, simbolizam os três únicos acertos de uma série de patetadas e equívocos cometidos o ano todo. Os poucos acertos devem prevalecer, claro, mas que sirvam de lição, que deixem um aprendizado que até agora não sei se nossos dirigentes entenderam.
Ainda nos restam duas rodadas e com o andar dos fatos creio que o sofrimento vai até o fim. Mas agora acredito. Juntei a toalha que andava jogada num canto, retomei os betes e acredito neste novo espírito que se confirma e que ganha um nome: Pachequinho.
O novo Coritiba de Pachequinho que mesmo nos erros de uma escalação como nesta partida contra o Santos, ainda parece ser um predestinado. É o cara que vai tirar o Coritiba desta encrenca. O nome salvador tinha mesmo que ser no diminutivo, do tamanho do problema, que nem era assim tão grave no começo do ano, mas com tantos erros, perderam o controle e transformaram um probleminha num problemão. Foram deixando pra lá, foram se acomodando e quando perceberam, não havia outra solução se não fazer o que todos diziam há meses.
Veio Pachequinho para coroar um ano inesquecível, o pior deles. O ano que nem o mais otimista Coxa-Branca acreditava mais em milagres. Certamente o pior ano desta década onde o clube conseguiu colecionar uma sequência de insucessos, mas que a esta altura, no final do campeonato, parece que ainda terá os bons motivos para achar que pode ser o fechamento de um ciclo negro.
Maior prova disso é a sorte que faltou durante o campeonato todo, além da incompetência, mas que agora sobra sorte e anda nos ajudando. O gol perdido pelo Santos por exemplo, no final do jogo, as bolas na trave de Wilson, dizem isso. Aliás, de Wilson vem a frase que define o novo espírito do time em campo.
O casamento que sempre houve entre o time e torcida parece ter voltado. Disse Wilson depois da partida: “conversamos sobre esta dificuldade (não ter a torcida ao nosso lado) no vestiário e superamos mais este problema. Temos mais duas decisões pela frente”.
Há uns dois meses, a situação de hoje, de jogar sem torcida, seria comemorada pelos jogadores, tamanha era a falta de entendimento entre ambos. O casamento entre torcida e time está reatado.
Agora, já temos tudo para acreditar que sairemos desta. Problemas, causas e responsáveis, devem ficar para uma conversa depois do encerramento do campeonato. O novo espírito de vitória, de mudança que chegou há três rodadas, precisa ser incorporado por todos.
Ainda temos estrada pela frente.
SAV
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