Arquibancada
Não é possível passar por estes 106 anos que o Coritiba completa no próximo dia 12, sem lembrar de uma questão levantada por um comentarista, aqui do site. Na verdade foi uma ideia que trocamos - eu e Sandro. Falávamos de jogar fechado, contra os grandes, como propus em texto anterior. Na minha opinião, assim o Coxa admite seu tamanho de time sem muitas pretensões neste brasileiro, apenas lutando para se manter na série "A" do ano que vem. Julgo mais seguro jogar fechado, porque assim é possível garantir - quem sabe- pontos contra os grandes, coisa que muito raramente conseguimos nos últimos jogos em casa.
Meu amigo Sandro retrucou, dizendo que isso seria admitir o Coritiba como pequeno, coisa que não é. Justamente neste ponto, acho que chegamos numa questão difícil de discussão. Acredito ser necessário separar duas questões: o clube e o time.
O Coritiba é um clube grande, sim. De história e tradição e sempre será, mas hoje, com um time pequeno, fraco e incompetente. Nossa meta é não cair (mais uma vez). Pensamento pequeno, de quem se contenta com pouco.
Sendo assim , quando enfrentamos times melhores, já que almejamos apenas não cair, devemos nos comportar para que tenhamos sucesso neste propósito. É suicídio, com este time, achar que teremos sucesso, indo pra cima de Atlético MG, Corinthians, Palmeiras, Santos, Grêmio e mais uns dois ou três times deste brasileiro.
Como disse em coluna anterior, podemos nos igualar em qualidade técnica aos últimos 8 ou 7 times que brigam pela parte de baixo da tabela. Condição difícil de aceitar, para quem sempre viveu se lambuzando de títulos, vitórias e glórias, mas nossa realidade hoje é esta.
Além de ser a figura que mais sofre nesta história toda,o torcedor é o único que fica para apagar a luz, quando a “vaca já foi pro brejo” e todos saem em retirada, para cuidar de suas vidas, procurando outro lugar para trabalhar. Treinador, atletas e até dirigentes, não sofrem tanto quanto o torcedor. Provavelmente por isso, a dificuldade de se relacionar com situações como esta: de torcer por um clube grande, mas que há anos vive a vida de pequeno, em muitos casos tendo que engolir à seco surras dentro de casa, coisa que também, em outros tempos era difícil de acontecer.
Foi-se junto com as glórias, a mística do Couto Pereira. Do time imbatível em jogos dentro de casa. Sobra muito pouco para a torcida comemorar.
Na proporção que as alegrias surgem, comemoramos. Vitórias seguidas em atletibas, ter o rival como freguês, tem sido o nosso ponto alto, nas comemorações dos últimos anos. Mas convenhamos, é pouco para quem já teve bem mais que isso.
Virou rotina perder em casa uma partida qualquer, e no dia seguinte bater a poeira e dar a volta por cima. É o que estamos fazendo ultimamente.
Foi-se o tempo que a perda de um título estadual, como o deste ano, por exemplo, abalava as estruturas do departamento de futebol. Nos melhores anos da história do Coritiba, a casa caia em casos como este não sobrava uma cabeça para contar ou apontar os responsáveis. Caia pelo menos meio time e ninguém era poupado. O nível de exigência era grande. Hoje, no dia seguinte a uma derrota com goleada para o Operário de Ponta Grossa, na decisão do Paranaense, o barco segue seu curso, como se isso já estivesse incorporado à rotina do clube.
Vencer um atletiba sempre foi gostoso e todos os últimos são igualmente deliciosos, mas sabemos que isso não é missão impossível, porque o rival também anda mal das pernas e nivelamos com eles na qualidade do futebol jogado. Não é por acaso, além da necessidade de gestão, que Petraglia e Bacellar andam de mãos dadas nos últimos tempos.
Na porta de comemorar 106 anos de vida, contamos uma história invejável, mas no futebol de hoje, camisa não ganha mais nada.
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