Arquibancada
Morei em frente a um dos “esconderijos” onde o ex-craque Zé Roberto viveu suas noites de glamour. Isso lá pelos bons e saudosos anos 60 e início dos anos 70. Algumas vezes carregado por dirigentes, com o domingo amanhecendo, quando logo mais, algumas horas adiante, seria domingo de atletiba decisivo, e em campo Zé dava não só conta do recado, mas ia além, decidindo o jogo muitas vezes dando show.
Aquelas noitadas pareciam ser a gasolina do craque. Com ele, uma legião de amigos que também secretamente abandonavam as concentrações em nome de uma bagunça que era o combustível para o jogo de logo mais.
Igual ao Zé, nenhum deles. O Gazela era mesmo diferenciado. Não chegou à Seleção Brasileira por uma única razão. Porque como ele havia mais uma meia dúzia e que gozavam das vantagens de vestir a camisa de um clube com mais projeção que o Coritiba.
Como o Zé, outros craques marcaram histórias semelhantes ao passar pelo Coxa, mas acho que nenhum como ele. Pensando bem, talvez tenha sido mesmo o maior craque que vi vestindo a nossa gloriosa camisa.
O futebol mudou, o Coritiba também. Se trouxe coisas boas, também ficou chato. Esta profissionalização trouxe junto uma exigência que se não é a principal, sem dúvida conflita com esta cultura enraizada no futebol, que é esta cruzada contra o “craque da noitada”, que em nenhum lugar do mundo é aceito.
Não há opção: ou são exemplos como Cristiano Ronaldo, que além de craque é bom moço, ou estão fadados à crucificação, caso sejam flagrados em baladas de onde a maioria não consegue sair, e quando flagrados são execrados e expostos como criminosos. Basta uma vez e pronto, em alguns casos a carreira está terminada.
Tá certo que não temos mais nenhum Zé Roberto, que mesmo depois de uma noitada, no dia seguinte dava conta do seu compromisso profissional. Porque Zé era fora de série e que hoje não existe mais no futebol. Nem espaço para isso e nem atletas tão ousados assim. Alguns com a mesma necessidade, mas são obrigados a dar suas escapadas na “moita”.
Mas se ainda tem atleta capaz de fazer a diferença, ou que seja um pouco acima da média, e que gosta de dar umas escapadas, porque o futebol de hoje não permite mais este tipo de comportamento? Provavelmente porque tinha que ser um acima da média, assim Zé Roberto, que fazia chover, além de jogar muita bola, depois de uma noitada daquelas.
Sugiro que relaxem, incorporem o espirito de Evangelino. Isso dá trabalho mesmo. Se for o caso levante, saia de casa e vá pela madrugada atrás dele, e como criança ponha na cama e faça descansar para o compromisso de logo mais.
Só não esqueça de uma coisa, exija resultado. Não como o Zé, porque isso não será possível, mas cobre trabalho. Exija empenho e resultados. Do contrário, mande embora.
Só não deixe de trazer alguém que neste momento pode fazer a diferença e ajudar o Coritiba. Não se deixe levar pelo seu histórico de noitadas. Futebol vai além dos gabinetes, CTs e vestiário. Dá mesmo muito trabalho, Samir.
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