Arquibancada
Conversar sobre o Coritiba com Alex, foi uma aula. Um aprendizado que deveria ser pré requisito a todos que querem entender e discutir as coisas do clube. Alex conhece os caminhos do Coritiba e do futebol como poucos.
A experiência de Alex foi vivida por muitos, mas entendida por um grupo muito pequeno. E parece ser esta a diferença dele para os outros que também viveram o futebol como ele, mas que não enxergam da mesma forma. Alex dá a impressão de não ter perdido nenhum detalhe. Ficou ligado em tudo, do presidente ao gandula, desde os seus primeiros dias como atleta, ainda na base.
A forma como ele fala das coisas do Coritiba, não tem como discordar e entender de outra forma. Dá a impressão de ser um divisor. Ou a gente entende o futebol com os olhos profissionais ou com os olhos de torcedor.
Um é a paixão desenfreada que pede resultados. O outro lado, o racional, calculista, que precisa planejar, ver a situação por outro ângulo, além das quatro linhas. Que vai da importância da psicologia esportiva, da nutrição esportiva, da fisiologia, e principalmente de ver onde está o talento. De identificar o verdadeiro craque. De entender a cabeça do jogador e da engrenagem que faz a máquina trabalhar. De entender que acima de tudo estão seres humanos que erram e não são super- heróis.
Saí da conversa com Alex com a certeza que são dois mundos distintos: o do futebol vivido por dirigentes e atletas e o outro mundo que é o do torcedor, que somos nós, metidos a entender igual, mas que usamos muito mais o coração do que a razão. E o problema do Coritiba é este: a razão ausente do clube durante anos, que acabou trazendo muitos problemas.
Como disse Alex, não somos um clube comprador, por isso precisamos preparar e produzir mão de obra e isso não será feito da noite para o dia. Alguém precisa começar este trabalho que ainda terá um caminho longo pela frente. A grande questão parece estar em saber se este trabalho está sendo feito no momento certo, quando agora o clube também precisa subir de divisão.
Agradar a torcedores, montando um time competitivo, mudando a filosofia de trabalho é possível? A resposta nos espera lá no final do ano. Mas de uma coisa parece que vamos precisar. Além de muita competência, vamos precisar também de muita sorte. Será preciso fazer como piloto de Formula-1, liderando a prova, na última volta, na última curva e ainda com pista molhada. È o que teremos para este ano, acredito eu.
Se sou só torcedor, fico pra reclamar. Se entendo como profissional que está lá dentro, preciso compreender que os caminhos terão tropeços inesperados e doídos. Coisa que coração de torcedor não aceita.
Esta conversa com Alex na TV COXAnautas que acaba de sair do forno, me fez entender que teremos um ano mais difícil ainda do que eu podia supor. Ainda mais delicado entre as relações entre torcida e dirigentes.
Que além de convicção, vai precisar de muita ousadia de Samir Namur e seus comandados.
Não sei se não seria um exagero dizer que talvez estejamos vivendo o momento mais importante do Coritiba nestes últimos 30 anos.
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