Arquibancada
Sei que não sou único. Imagino que muitos de vocês vivem a mesma coisa. Ir ao Couto não é um programa simples, daqueles de todo domingo, como passear, visitar algum parente, passar um tempo fazendo alguma coisa.
Ir ao Couto é muito mais que isso. É um programa esperado há dias, para muitos aguardado desde o começo da semana. É diferente. Não se trata de ir a um simples jogo de futebol. É ir ao Couto, entende? Quem sabe esteja exagerando um pouco, mas algo perto de uma religião, ir a um culto, uma celebração, é como cuidar da alma. Francamente, não sei como ainda tem gente que vive sem isso. Já tentei de várias formas. Acompanhar aos jogos pela tv, rádio, internet. Não é a mesma coisa.
São duas coisas na verdade. Ver e torcer para o Coritiba e ir ao Couto. Uma discussão que cabe muito bem neste momento em que se discute a saída do Coritiba de sua casa, a nossa casa, o Couto Pereira.
É como ficar sem beber água, ficar sem se alimentar. Coritiba e Couto e sua torcida não podem mais viver separados. Eu pelo menos não posso. Sei que desperto a ira dos mais desprendidos, dos que pregam a modernidade, que o Couto está ultrapassado, que o Coritiba precisa de uma casa nova e moderna, mas acho que deve persistir a ideia de se manter no Couto.
Calma! Não tô maluco, não. Apenas festejo e divido com vocês a minha ansiedade, horas antes de voltar a frequentar o Couto depois de meses longe do que considero a minha casa.
Sou daqui, vivi em duas outras cidades nestes quase 60 anos. Em Curitiba, tive muitas casas. Nenhuma foi tão minha quanto o Couto Pereira.
Neste caso, como hoje por exemplo, não importa muito se perder ou se jogar mal. Antes disso está a volta ao Couto. A minha volta, depois de meses sem aquela arquibancada, que uso horas antes do jogo começar. Coisa que faz bem à minha alma. Coincidentemente num horário de jogo que é o meu preferido, final da tarde, começo de noite.
Assim, o domingo se estende, o fim de semana ganha mais algumas horas de prazer. Levantei neste domingo como criança em véspera de Natal. É pouco eu sei, mas acredite, me faz feliz. Talvez precise fazer mais destas de sumir, para sentir falta. Ficar uns bons meses sem ir. É verdade que foi contragosto, não tive escolha.
Bem que você podia me dar duas alegrias, não é Coritiba? Vencer o Galo com autoridade, seria uma felicidade completa.
Sim, porque já tenho garantida a minha ida aos outros dois jogos seus no Couto, nesta reta final de Brasileiro. Voltar ao Couto sem a tensão e pressão da vitória a qualquer preço, é bem melhor. Deixa o programa mais prazeroso.
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