Arquibancada
“Torço para o JEC - Joinville Esporte Clube- da terra natal, e para o Coritiba, cidade que adotei como minha. Neste ano, depois de 28 anos, o JEC está subindo para a série A. E o Coritiba caindo para a série B. Não dá para ter tudo nessa vida”.
A frase acima é de um amigo, postada hoje no Facebook. Não é o meu sentimento, embora ainda acredite no que parece mesmo impossível. Coisa de torcedor, embora possa não parecer isso aos olhos de muitos críticos que arrumei por aqui.
Na verdade gostaria de ver o clássico do sul, na série “A”, depois destes 28 anos de ausência do JEC.
Temos todos (nós Coxas) boas lembranças desta cidade e daquele estádio, a Arena Joinville. Eu desde a infância. Frequento Joinville, São Francisco, especialmente a praia de Ubatuba, desde pequeno. Muitos amigos desta época encontro até hoje, embora não seja mais frequentador assíduo da Ilha de São Francisco. Alguns moram aqui, em Curitiba.
Naquelas areias, fizemos muitos clássicos entre Paraná x Santa Catarina. Naquela época, mesmo com a dificuldade de se chegar até lá, São Francisco era um lugar muito frequentado por paranaenses que escolhiam as praias da Enseada e Ubatuba para veraneio, como também os catarinenses de Joinville.
As disputas começavam no vôlei, mas esquentavam no futebol. Nós, paranaenses vencemos quase todos os clássicos. Muitos terminaram com os ânimos exaltados (como todo bom clássico), mas nada que uma temporada de verão não serenasse.
Dias antes do clássico a gente vivia aquilo com muita intensidade. Era início dos anos 70. Todos nós com mais de 11,12, 13 anos, ou bem próximos disso.
As seleções eram rigorosamente montadas por atletas necessariamente nascidos no estado. Não podia ter enxerto e isso era respeitado pelas duas “seleções”. Sem arquibancadas, mas com muita torcida. Aquilo esquentava ainda mais a rivalidade.
Como as partidas eram disputadas na areia, a gente dependia da maré. A escolha era pela maior faixa de areia possível. A linha lateral – de um lado a restinga e do outro o mar. Os gols obedeciam sete passos de comprimento e para a altura usávamos o bom senso. Nunca ninguém roubou de ninguém, nunca houve necessidade de arbitragem de fora (paulistas e gaúchos, nossos vizinhos, eram raros naquela praia).
Fico hoje pensando e a comparação é inevitável. Indiscutivelmente na época tínhamos um futebol (profissional) muito melhor que o de Santa Catarina. Éramos comparados aos grandes centros. O Coritiba estava mais próximo dos times de São Paulo e Rio, do que dos de Santa Catarina, que na verdade eram Avaí e Figueirense... o JEC era figurante, no cenário nacional.
Além do JEC que já se garantiu na primeira do ano que vem, o estado de Santa Catarina pode ter mais 4 representantes na série “A”, em 2015. É verdade que pelo menos um deve cair e no máximo dois devem subir. Com isso, o estado tem tudo para entrar na “primeirona” com pelo menos 3 representantes. Coisa que tivemos nos bons tempos com o Paraná Clube. Hoje estamos nos encaminhando para apenas um.
Vamos provavelmente perder para Santa Catarina, mesmo que o Coxa se recupere e permaneça.
Isso deixa mais uma lição: há anos o futebol paranaense anda mal das pernas. Nossas administrações são desastrosas. Da federação aos clubes.
Deus queira que possamos ver em 2015 o clássico entre Coritiba e Joinville.
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