Arquibancada
Tem me chamado atenção as muitas manifestações, principalmente nas redes sociais, de pais preocupados com seus filhos que choram e se frustram a cada derrota Coxa, neste brasileiro.
Crianças ou adolescentes que formariam a grande família Coxa, nos anos futuros, já nascem frustradas e por isso, a grande maioria desiste.
Algumas ficam pelo meio do caminho, mas muitos nem começam porque não querem um time perdedor. Porque se miram nos exemplos que recebem em casa, vendo seus pais também frustrados. Não querem ser "zoados" pelos amigos. E pra não confrontar com a escolha da casa, preferem não escolher um outro time para torcer e desistem até do futebol.
Estamos vendo a criação de uma nova geração que mais na frente vai fazer falta. Só não vê quem não quer.
Já contei aqui o caso da minha filha: Helena com 8 anos foge de mim quando sabe que naquele dia tem jogo do Coxa. Me acompanhou ao Couto algumas vezes, foi minha pareceria em muitos jogos. Não quer mais. Hoje fica triste porque me vê triste, mas não vive mais as derrotas como uma torcedora que tentou ser.
Nem minhas histórias de reminiscências a comovem mais. Como muitas crianças, Helena é uma entre tantas que "largaram mão", ou estão largando.
Enquanto isso, apenas nós - os teimosos - seguimos firmes, teimosamente ainda acreditando em dias melhores. Mesmo que a cada dia, a cada semana, nossos dirigentes e atletas, nos provem o contrário, com decisões e partidas pra lá de melancólicas.
As crianças precisam ser pensadas como o torcedor do futuro. Que deveriam nos substituir nas arquibancadas... mas não é isso que acontece com este trabalho que toma caminho aposto, espantando os futuros torcedores.
O desinteresse das crianças deveria ser preocupação prioritária destas últimas administrações. Não pensar nisso, é o mesmo que não aguar uma planta. É gradativo, mas uma hora morre.
Porque não há mais espetáculo, não há mais ídolo. Um time sem vitórias, um clube com muitos problemas e sem que se vislumbre uma solução, um projeto para um “Coritiba Gigante”, como idealizou Arion Cornelsen, nos anos 70.
Seguimos com uma última geração, dos nascidos nos anos 80 ou começo de 90, ainda interessados. De lá pra cá, apenas alguns gatos pingados resistem bravamente.
As nossas crianças estão nascendo sem futebol, sem time para torcer.
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